quinta-feira, 7 de junho de 2012

Síndrome do pânico



Consultei um cidão outro dia que confesso nunca ter ouvido antes tanta barbaridade. Se bem que eu também descasquei a cebola. Um rapaz até que boa pinta, mas totalmente carregado de pensamentos tétricos.

- qual é o teu nome?

- armando.

- qual é o teu problema, armando?

- imaginações férteis, doutor. De repente, seja lá onde eu esteja ou com quem eu esteja vem assim do nada uns pensamentos estranhos e meu coração dispara e fico achando que vou morrer.

- armando, preste bem atenção: o mau maior do ser humano é ocupar sua mente com coisas sem nexo; é claro que o que tiver que acontecer vai acontecer mas, por que pensar naquilo que talvez pode nunca acontecer? O pernilongo por exemplo, não tem medo de sofrer um ataque cardíaco ou um derrame cerebral. São inteligentes demais para pensarem nisso.

- mas, pernilongos não pensam.

- por isso é que eles vivem bem.

- doutor, jamais um pernilongo teria ataque cardíaco ou um derrame cerebral. Elçes não têm coração e muito menos cérebro.

- mas voam e são felizes. E você? Quando vierem tais pensamentos faça igual eles: nãop pense e boa.

- interessante.

- imagine um psicopata passando um bombril nas artérias do seu coração; ou então uma barata gorda caminhando por uma das veias do seu cérebro. O que você iria sentir?

- nem faço idéia. Já pensei em estar dirigindo o meu carro e bater na traseira de um caminhão e ficar sem meu cérebro e, de alguma forma ficar vivendo.

- tem casos assim mesmo.

- já pensei também no que iria acontecer com meu coração se derepente um chupin chegasse até ele. Chuparia meu coração até eu morrer.

- meu caro, giré é o criador e ele nos fez perfeitos. Algumas falhas dos seres humanos tipo: bebê sem nariz ou sem estômago com dois retos ou mais, etc; vem com defeito da fábrica. Giré não se preocupa com isso porque sabe que tudo isso é carne e um dia vai apodrecer, feder e morrer.

- interessante. Doutor, esses comprimidinhos pra síndrome do pânico ajudam?

- meu caro... Nada contra a ciência mas, absorvo remédios de toda a espécie. Imagine se um desses comprimidinhos passando pela tua veia encontra com uma gordura. Ele sem saída é engolido pela gordura e ela pra se vingar chega no teu coração não deixando nem o sangue passar porque lá vai ficar tudo liso e engorduroso. Aí, meu velho: daná-se tudo. Vai te bater uma falta de ar porque seu coração precisa de sangue e...

- por favor, pare doutor!

- não fique impressionado, rapaz. Aceita um cafézinho?

- obrigado, doutor. Café acelera o coração e...
- o meu café não. Não acelera, não dispara e jamais para. Inclusive ele tira tudo o que não presta do sangue, principalmente aquela gordurinha deixando o coração do cabra da peste alegre e o mesmo coração agradece.

- e eu também agradeço. Aceito um café.

Armando toma uma xícara do meu café porreta que deve ter sabor de subaco do capeta, não sei porque nunca provei. Ele fez cara de azedo mas, acredito que meu café seja amargo.

- que café horrível, doutor!

- horrível são aqueles pelinhos da vovó. Tudo o que é horrível quando não mata, cura amigo.

Desta vez, antes do previsto uma rajada de peidos multiplicativos chegam pra alegrar tal cidadão que, até então estava triste. Soltou uma gargalhada e completei:

- cada peido desse tem um efeito e, na linguagem peidoral vejo que fostes curado de todos os males cerebrais. Creia que meu café te curou.

- sério?! Posso tomar mais uma xícara pra garantir a cura?

- com certeza.

E, prazerosamente e muito feliz ele toma mais uma xícara do meu café. Só que dessa vez se caga todo.

- por essa eu não esperava, doutor. E, agora?! Tô todo cagado! Como vou embora pra minha casa?

- indo. Vaze daqui peidão e cagão que teu cheiro está insuportável. Noto que essa tua cagada foi tão forte que veio até  merda do teu cérebro. Vá na paz de giré e não pense mais em coisas chulé.

E armando saiu do meu consultório todo cagado mas, eu achei isso até bom, pois pelo menos naquela hora sua maior preocupação era a de tomar um banho e vestir uma roupa limpa. Uma dica a todos os que sofrem da síndrome do pânico: caguem o máximo que puderem porque isso pode ajudá-los a eliminar de suas mentes pensamentos sólidos como a merda, por exemplo.

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