quarta-feira, 19 de setembro de 2012

E O VENTO LEVOU...




Magrildo foi o homem da minha vida. Nunca me importei com a aparência física de um homem, se bem que, Magrildo era muito magro, raquítico, porém, tinha um coração de baleia.
Conheci Magrildo no momento certo: há tempos vinha pedindo a Deus para enviar-me um companheiro. Apareceram vários homens, mas, eu, descartei todos, porque não sentia firmeza em nenhum deles.
Num domingo, fui ao Shopping Center e, quem estava lá de segurança? Ele mesmo: Magrildo. Estranhei e, por fim entendi por que é que tiravam sarro dele. Meu Deus, o que é que aquele homenzinho poderia segurar? Seus braços e pernas pareciam agulhas; dedinhos “finiiinhos” feito barba de gato; calçavam nos pés umas botas de plástico ou seriam de algodão? Fiquei confusa. Suas orelhinhas pareciam aquelas de coelhos e, seu narizinho “finiiinho” feito ponta de lápis. Jesus tenha misericórdia desse homem, porque a coisa tá feia. Fiquei indignada. Senti uma necessidade imensa de ajudá-lo. Parei em frente dele.
- Segurança, onde fica o banheiro desse shopping, por favor?
Ele ficou vermelho feito tomate de fim de feira; fez careta e força pra falar e “fiússs”, sabe aquele que escapa? Pois é: escapou um ventinho falante e, biologicamente ou fisiologicamente percebi que até aquele ventinho era magrinho.
- Fi-fica no-no segun-gundo cocorredo-dor aa direi-reita.
Jesus, ainda bem que as aranhas não têm olfato.  Aquilo fedeu. O vento de baixo se encontrou com o de cima (o de sua boquinha) e aí, quem julga é o nariz. O homem era gago e tinha um mau hálito dos alhos meu pai! Decidi ajudá-lo após ter me concentrado no banheiro. Passei por ele e lhe entreguei meu cartãozinho com o número do meu celular e disse-lhe:
- Pode me ligar a cobrar, se necessário.
Olha o tamanho do cocô do neném que eu fui arrumar pro meu jardim. Magrildo me ligava a cobrar todos os dias, isto é: manhã, tarde, noite e na madrugada também. Quem ganhou muito com isso foi à operadora telefônica que, sem dúvida, adora gago porque gastam mais. Tudo bem, tudo bem! Se eu paguei é porque eu gostei.
Finalmente, marquei um encontro com Magrildo num dia que, xiii! Deu um temporal de ventos e, não entendi porque é que ele chegou tão rápido. Fiquei pensando: “Esse homem deve ser um super herói”. Levei Magrildo para a casa do meu primo Pedro, onde tinha muita fartura, abundância de comida. Meu primo Pedro deixou a mesa repleta de comes e bebes. Pensa numa coisa que tinha sobre aquela mesa? Pensou em lingüiça? Bacalhau com batatinhas? Feijão, arroz, macarrão e polenta? O que?! Maionese?! O que você pensar tinha sobre aquela mesa. A maior satisfação do meu primo Pedro era ver as visitas comerem em sua casa. Jesus tenha misericórdia das lombrigas pobres e miseráveis que choram de fome! Magrildo comeu tanto, mas, tanto que não conseguia se levantar. Meu primo Pedro ainda lhe serviu um suco de mamão.
- Isso aqui ajuda na digestão.
E bravas revoltadas rajadas de peidos multiplicativos saíram de dentro do seu ventre, minutos depois dele ter tomado aquele suco. Ele ficou mais vermelho do que barata tímida. Meu primo Pedro, sorridente foi legal com ele.
- Peide, querido. O banheiro fica ali ó, tá vendo ele? Olha ele lá.
E Magrildo vai ao banheiro e fica por lá por quarenta e um minutos e dezoito segundos, porque eu contei.
Eu já estava tremendamente apaixonada por ele. Queria só ele, pois, sem ele, eu não seria dele e de mais ninguém. Levei Magrildo para minha casa e o coitado ainda passava mal, porém, não peidava e, isso me deixou preocupada, porque o gás podre teria que sair se não apodreceria tudo. O deixei a vontade em minha cama: só de cuequinha e de barriguinha pra cima; fiz uma massagem na barriguinha  dele usando a banha do peixe boy e, pude ver seu efeito: Cada peido que dava gosto de ouvir. Sai carniça! E, Magrildo, depois de ter soltado setenta e dois peidos e meio, porque eu contei, se apagou. Fiquei apavorada. Será que meu “fininho” morreu? Que nada! Minutos depois, roncava, babava e ainda peidava, mas, nadinha de acordar. Dei-lhe um beijo de língua e, senti um linguado na minha boca. Pense numa veia cerebral, pois, a bicha era “finiiinha” que acabou se soltando dentro da minha boca. Jesus será que foi isso que aconteceu com a língua de Moisés bíblico? Acidentalmente, acabei engolindo a língua do meu “fininho”. Ele não chegou a ficar mudo, porém, tudo o que ele falava dificilmente se entendia. Era tipo chinês nordestino do sertão da Ásia, ou pior, sei lá. Eu o amava mesmo assim e, ele a mim.
Num domingo, levei Magrildo para dar um passeio na casa do meu primo Pedro e, antes de chegarmos lá, xiii!! Deu um siricutico no céu e só se via corrida de pega pega de nuvens. Tempestades de ventos das porretas. Pois é, ontem eu chorava, hoje choro e, amanhã chorarei como até hoje choro. Perdi meu amor pra sempre, dr. Boa. E o... e o...
Dr. Boa:
- E o que houve?
Gordililda:
- E o vento levou. Perdi meu amor pro vento, doutor.










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