quinta-feira, 22 de maio de 2014

O CELULAR



Maria Lúcia ganhou de seu amoroso pai um belíssimo celular. Ademar, seu irmão caçula e Júlia, sua irmã mais velha ficaram com muita inveja e protestaram: “Se Maria Lúcia tem, queremos ter também”. O pai generoso feito um bolo de pêssego compra para seus filhos mais dois celulares.
Maria Lúcia idolatra tanto seu celular que baba nele falando com seu namorado Nêne. Quem já viu duas bestas conversando sobre imbecilidades?
Ademar com apenas dez anos de vida, tem paixão preferida por mídia. Gravam em seu cartãozinho de memória de oito gibas, as escolhidas pela mídia, ou seja: só músicas insolentes, pedantes, que para curtir tem que ser imbecil e ignorante.
Júlia e sua amiga sapata Tonico dividem o fone de ouvido, mas, não se tocam que incomodam. Dentro de um ônibus circular ficam cantando juntas só músicas imundas. Acham que estão cantando baixinho como os bobinhos.
Por outro lado, a febre do celular contagia o mundo todo. Até o Aroldo tem. Quem? O neném? Tem também. O vírus pega de tal forma que até eu, velha Glória também tem em minha história, porém, sou educada. Se estou dentro de um ônibus circular, eu me toco não deixando tocar, porque fica desligado. Não preciso falar pra Fernando que estou quase chegando, nem pra Matheus servir a Deus, ou pra Aurora deixar o frango de fora do freezer porque Ulisses e Luís Henrique vêm almoçar em casa juntos da tia Adala. Isso é ridículo, geração pobre, fétida e nojenta.
Tudo o que é de mais enjoa e, não deve, nem pode ser uma coisa boa, senão vira balbúrdia, Santa Lúcia. Não sejamos como noias dessa paranoia que nada tem de joia, que só mesmo as nódoas apoiam. Vamos dar glórias, glórias, glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas histórias.


Histórias da velha Glória (12)


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quarta-feira, 21 de maio de 2014

CURE O MUNDO




12 de março 
 

Muitas pessoas vão olhar e simplesmente ignorar, mas os que tem bom coração vão compartilhar para alertar os outros. Enquanto se desperdiça comida, existem 11 mil crianças que morrem por causa da fome todos os dias! Por isso abra os olhos e comece a dar valor ao que tem, existem pessoas que não tem nada a que possam dar valor!
 — com Arnaldo Espindola Lobato eNNono Parma.



Segue... (Não percam História da Velha Glória)




sábado, 17 de maio de 2014

COISAS QUE ACONTECEM OU PODEM ACONTECER (2)

João estava sentado, tomando um uísque num belíssimo e tradicional restaurante de São Paulo. Sua namorada chegaria aos próximos minutos, porém, se atrasou. Ele, com muita fome, não resiste: pede ao garçom para lhe servir uma porção de camarão. A namorada não chega no horário combinado e ele decide comer um frango empanado, depois, bauru. Não deu tempo. Lamentavelmente, bem na hora que João acidentalmente solta um peido silencioso, sua namorada, linda e toda perfumada chega a surpreendendo na mesa.
- Desculpe o atraso, amor. Cheguei.

O peido silencioso, embora não seja ouvido, costuma ser um peido muito fedido. A linda e cheirosa namorada de João dá um perdido no peidão para sempre.

Pedro estava aguardando a chegada de seu ônibus circular num ponto. De repente, os catarros de seus pulmões entram em conflito e é claro, ele precisa expeli-los, ou seja: escarrá-los. Antes de fazer isso, quem aparece? Sua grande amiga Aparecida que há muitos anos estava sumida.
- Pedro, meu lindo, tudo bem? Quanto tempo, querido!
Pedro muito educado, por sinal, engole o seu próprio escarro. Cumprimenta a amiga Aparecida e o ônibus chega. Sobem para o ônibus e, novamente, os catarros dos pulmões de Pedro entram em conflito. Ele muito educado engole-os, só que desta vez, vomita e peida. Aparecida desaparece de dentro daquele ônibus. Desaparece? Sim, são coisas que acontecem.

O camarada louco pra lamber o reto cheiroso de sua noiva Ana Lú decepciona-se. Bem no auge “Almeida” ela peida feita louca em sua boca e, ele, engasga porque ela também caga. São coisas que acontecem.


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sexta-feira, 16 de maio de 2014

DESEJOS DE UMA MULHER



Meu nome é Patrícia, mas, podem me chamar de Paty, pois, é assim que os gatos me chamam. Existe uma chama dentro de mim acesa vinte e quatro horas por dia. Um fogo ardente que incendeia. Nestas horas de solidão, como agora, fico aqui deitadinha em minha cama, brincando com Pito, meu ursinho de pelúcia. Ele não é uma gracinha?


Como é gostoso ser mulher! Ter cheirinho de leite que todo homem adora, em especial, os bebês. Fico assim acariciando-me e, tem horas que penso em cometer uma loucura. Levanto-me da cama de madrugada e vou para a sala brincar com minhas almofadas. Elas são tão fofinhas, não são?
Fico imaginando meu Bráulio tocando em meus pés, pernas e coxas com aquelas suas mãos másculas. É bom demais sentir a presença masculina, corpo a corpo. Quem inventou o homem, sem dúvida, tem muito bom gosto. Adoro cheiro de homem. Sem essa de perfume. Isso é coisa de fresco. Amo mesmo é o cheiro do suor, das axilas, dos pés recém tirados dos botinões de borracha. Cheiro de peão trabalhador. Cheiro de macho.
Ás vezes, meus desejos são tão fortes que não resisto: pego meu celular e ligo pro Bráulio. Deixo-o louquinho com minha voz doce, suave feita uma goiaba em caldas.
- Olá delícia, tudo bem? Acabei de sair do banho e, por mais que eu me enxugue, continuo molhadinha. Que fenômeno! Estou aqui usando aquela calcinha vermelhinha, debaixo do cobertor e está tão frio. Faltava você aqui para me aquecer. Queria cheirar seu cangote e molhar seus sovacos com a minha língua.
Bráulio fica louco, como todo homem ficaria, é claro. Adoro provocar desejos.
Como é bom e prazeroso ser mulher! Pena que a vida não dura para sempre, não é?

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quarta-feira, 14 de maio de 2014

FÉ E SORTE


Fé é um ser muito sentimental. Está no coração de muitos esperançosos e, caso pudesse, se tivesse todo o poder, com certeza ajudaria a todos.
Sorte é um ser muito poderoso. Caso quisesse deixaria um mendigo milionário da noite pro dia, independentemente se este cresse ou não nele.
Sucedeu que numa noite de sábado, numa vila bem pobre da grande São Paulo, Sorte entra numa igrejinha evangélica bem humilde e fica admirada ao ver tanta gente orando fervorosamente a Deus. Olha para Fé, invisível como ele e, pergunta.
- Por que esta gente ora assim tão fervorosamente para Deus?
Fé responde sorrindo.
- Porque esta gente tem fé e, sem fé é impossível agradar a Deus.
Sorte muito inteligente diz.
- Creio que esse Deus é sábio demais e conhece todos os pensamentos. Também creio que este Deus não é surdo e nem sádico. Esta gente chama muito mais que sapos na lagoa pedindo chuva. Acho desnecessário este clamor que mais parece uma loucura.
Fé diz pacificamente.
- Mas Deus escolheu as coisas loucas desse mundo para confundir as sábias.
Com o passar dos dias, Sorte entra na casa de cada membro daquela igreja e fica indignada ao ver tanta miséria. Muitos não tinham sequer nem o que comerem. Literalmente, passavam até fome. Sobreviviam de fé e, por isso é que Sorte não ajudou nenhum deles. Deixou que Fé fizesse isso.
Caminhando pelas ruas de São Paulo, Sorte fica observando um velhinho que acabara de ganhar umas moedas de esmola. Segue aquele velhinho que entra numa casa lotérica e aposta aquelas moedas num jogo da loteria. Sorte pensa: “Vou ajudar este velhinho”.
No dia seguinte, quando aquele velhinho vai conferir na casa lotérica o jogo que apostou, o baque foi tão forte, por saber que foi o único ganhador da Mega Sena acumulada que não resistiu: caiu morto no chão. Nisso, um azarado que ali estava, que nunca ganhou nada na vida, rouba aquele bilhetinho premiado das mãos do falecido velhinho e sai numa correria de avestruz daquela casa lotérica. Encontra-se com Azar, seu admirador. É atropelado por um fuscão preto e morre na hora.
Total engarrafamento naquela avenida devido aquele trágico acidente. Havia repórteres por todos os lados, muita gente gritando, buzinando seus carros, porque tinham pressa de chegar às suas casas, enfim, um caos total.
Dias depois, na Caixa Econômica Federal, aparece Durval que ninguém sabe de onde veio para receber o prêmio.
Fé muito indignada procura por Sorte.
- Por que fez isso com aquele velhinho? Você esteve na igrejinha e também na casa dele.
Sorte responde.
- Só quis ajudá-lo. Quem poderia salvá-lo é você que não fez isso.
- Só não entendo por que você lançou sua sorte para Durval. Aquele homem é um animal que nem em Deus crê.
- Minha querida, não faço acepção de pessoas como você. Para a Sorte todos são iguais. Quanto aquele velhinho, até que levou sorte, pois, morreu na fé e está com Deus. Se Durval é um animal e não crê em Deus, isso é problema dele. Pode levar azar após sua morte.
Fé significa confiança, crença, credibilidade. É um sentimento de total crença em algo ou alguém, ainda que não haja nenhum tipo de evidência que comprove a veracidade da proposição sem causa.
Muitas pessoas movidas pela fé, morrem sem nunca conquistarem o que tanto almejaram em vida. Por outro lado, a vida é tão mística que surpreende a todos com bons ou maus acontecimentos.
Fé é um sentimento que enche os corações de esperança. Crer num mundo melhor, sem violência, sem dúvida, é bom para se viver bem em todos os sentidos, porém, não basta só crer. Tem que fazer acontecer começando por aquele que crer.
Sorte é algo inesperado. Nunca se sabe quando ela pode vir a nosso encontro. É essencial que estejamos preparados para recebê-la, pois, caso contrário, pode ser morte fatal. Sorte significa destino, fado, acontecimento casual, que pode ser bom ou mau.
Não é necessário ter fé para se ter sorte, porém, é necessário ter sorte para alcançar a graça daquilo que pediu com fé. Pense nisso.


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sexta-feira, 9 de maio de 2014

MARGHERITA






MARGHERITA UMA HISTÓRIA QUE FICARÁ NA HISTÓRIA DE TODOS AQUELES QUE AMAM. AGUARDEM.



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quinta-feira, 8 de maio de 2014

A VERDADE


Um homem milionário, apesar de não crer em Deus, respeitava a fé religiosa dos fiéis. Este homem surpreendeu o mundo com o presente que deu aos clérigos religiosos de diversas denominações. Comprou uma imensa fazenda, contratou muitos homens para estes construíssem igrejas, cada qual com sua estrutura, naquele gigantesco território.
Era bonito de ver o número dos fiéis que entrava naquela fazenda, sempre aos finais de semana pela manhã. Carros, ônibus e até carroças traziam membros e visitantes para ouvir a palavra de Deus, cada qual com sua doutrina.
Sucedeu que, um dia, este milionário ficou curioso em querer conhecer a verdade sobre esse Deus e sua existência. Com o passar do tempo, visitou todas aquelas igrejas agregadas em sua imensa fazenda, porém, ficou muito confuso. Pensou: “Qual destas igrejas tem realmente a verdadeira doutrina?”
Aquele milionário passou a temer a Deus, mas, também temia em seguir uma doutrina que fosse errada. Pediu a Deus para que este o revelasse em sonhos qual era realmente a verdade. Contudo, nunca teve esta revelação em sonhos. Ficou perturbado. Não queria fazer como muitos que seguem preceitos dos homens, sem realmente conhecer a verdade. Pensava constantemente: “Não pode haver mais de uma verdade”.
O interessante era que, em cada igreja em que o milionário entrava, havia sábios da palavra (a Bíblia), porém, ficava confuso. Queria somente saber da verdade. Pensou: “É Deus uma trindade ou não? Devo guardar o sábado ou o domingo? Jesus morreu numa cruz ou numa estaca de tortura? O paraíso prometido onde viverão os mansos de coração, escolhidos por Deus, será no céu ou aqui na terra? Se milagres existem e se é realmente Deus quem opera tais maravilhas, por que há doutrinas diferentes?”
Muitas e muitas questões perturbavam a sua mente, pois, afinal, ele queria servir a Deus de verdade, sem ter que ficar pulando de galho em galho como fazem os macacos.
Este milionário decidiu dar um tempo. Com o dinheiro que tinha, poderia dar uma volta ao mundo e, foi exatamente isso que fez. Muito tempo depois ele voltou. Era um sábado de manhã e havia cerca de dois milhões de pessoas naquela fazenda. Chamou por alguns organizadores daquela grande assembléia e convocou uma reunião. Fez um grande discurso.
- Boa manhã para todos os presentes. Quero que saibam que, outrora, eu era um ateu, porém, cheguei à conclusão de que realmente existe um Deus. Jamais posso aceitar que este Deus verdadeiro pactua-se com mais de uma verdade. Isso seria um absurdo. Dei uma volta ao mundo e, conheci lá fora, em diversos países por onde passei, um único povo que realmente fala a verdade sobre Deus e, parte deste povo está aqui entre vocês. Alguns versículos bíblicos me chamaram a atenção. Ouçam:
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. (João 8: 32).
“Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. (João 14: 6)
“Bem aventurados os mansos porque herdarão a terra”. (Mateus 5: 5).

“Carne e sangue não podem herdar o reino de Deus”. (I Cor. 15: 50).
Se Deus é amor, como pode lançar no inferno, num lago de fogo e enxofre ardente, de sofrimento eterno, parte da sua criação? Entendi que este lago de fogo é simbólico e que significa morte.
Creio na ressurreição da carne, e é óbvio que carne sem sangue é morta. Por que então, Deus ressuscitaria os mortos? Para viverem uma eternidade aonde? No céu?
O contrato que fiz com muitos de vocês clérigos religiosos vence no próximo sábado. Somente um povo permanecerá aqui e, quanto aos outros, rogo-vos: vão examinar as escrituras sagradas para que conheçam a verdade, como eu conheci. É só.


É evidente que existe apenas um só caminho e uma só verdade. A árvore boa é aquela que produz bons frutos, porém, a que não presta é cortada e lançada fora. Deus não deixará de fora do paraíso joia, seus filhos, mas, destruirá os noias e toda a paranoia, para que nós, seus escolhidos, com grande alarido, sem demora, possamos dar glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas histórias.



(HISTÓRIAS DA VELHA GLÓRIA 9)

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terça-feira, 6 de maio de 2014

BONECO DE PANO


Aurélio era um homem inteligente, simpático e com aparência de boa pinta. Gentil, educado, enfim, tudo o que uma mulher procura num homem.
Fisicamente, era o cara. Braços e pernas grossos, peitudão, Aurélio irradiava beleza por onde quer que passasse. As mocinhas ficavam piradas só de ver o tipo.

Numa noite bem fria de inverno, Aurélio caminhava pelas ruas e estava muito bem alinhado, por sinal. De sobretudo preto que combinava com seus coturnos. Usava um lindo cachecol vermelho sangue daqueles de chamar a atenção mesmo, sabe?
Mônica, uma linda moça evangélica chegou a babar quando viu Aurélio e, teve que soltar suas emoções.
- Glórias a Deus! Glórias a Deus! É este o homem que pedi para Deus. Apareceu em meus sonhos. É ele.
Aurélio simpatizou-se com Mônica e, minutos depois, ambos já estavam num finíssimo restaurante, tomando uns vinhos quentes e saboreando deliciosas refeições e, caríssimas também, é claro. Na hora de pagar a conta, o pinto piou e Mônica desconfiou. Aurélio ficou tão envergonhado que não sabia onde enfiar sua cara de pau.
- Querida, nem sei como lhe explicar e, sei lá, acho que eu também não conseguiria e...
Mônica, simpática feita uma cadela que acabara de ganhar uma fatia de mortadela, sorri e diz:
- Não se preocupe, minha glória. Sentir-me-ei como uma deusa pagando esta conta.
E Mônica adora ficar ouvindo seu novo namorado tagarela falar.
- Pois é, querida, tenho uma casa bem longe daqui, fica lá em Paris. Também tenho uma fábrica de balas na Guatemala; uma indústria de piscinas na Argentina e, aqui no Brasil, minha amada, não tenho nada.
Conversaram muito e Mônica lhe revelou:
- Estou apaixonada por você, minha glória.
- Eu também.
- Disse-me que seu pai é pastor de igreja. Gostaria de conhecê-lo e pedir a ele a permissão para nos casarmos.
- Glórias! É tudo o que eu mais quero é me casar com você.
E Mônica leva seu namorado Aurélio para conhecer Gelir, seu pai pastor, muito rico por sinal. Afinal, ele pastoreava uma imensa igreja e tinha pelo menos uns três mil membros, sem contar com as crianças.

O pastor Gelir olha para Aurélio com desdém, fica observando-o e depois diz.
- Não é tão fácil assim, Mané. Para se casar com minha única filha, terá que aceitar a Jesus aqui na minha igreja e, descer as águas do batismo. Depois tudo será glórias e glórias.
Aurélio anima-se.
- Eu topo.
O pastor volta a observá-lo, depois diz.
- Semana que vem vai descer as águas do batismo e, agora se ajoelhe, Mané. Não é tão fácil assim. Vai ter que confessar.
Depois de feita toda aquela cerimônia, Aurélio da um beijinho no rosto de sua amada Mônica e vai embora. Volta na próxima semana e o frio estava intenso demais para suportar. Mas, Aurélio estava muito bem vestido.
A Igreja da Raiz, fundada pelo pastor Gelir estava lotadíssima, pois, afinal, era a noite do batismo. E, quem vinha lá descendo a rampa que terminava na piscina do batismo? Aurélio de sobretudo e tudo. De repente, o pastor Gelir grita:
- Pode parar! Não é tão fácil assim, Mané. Tire suas roupas para entrar nas águas sagradas e, já lhe aviso: ela está gelada. Esta é a prova da glória. Fique seminu, só de cueca.
E Aurélio com as mãos trêmulas, (talvez devido ao frio ou a emoção) começa a tirar suas roupas. Primeiro um sobretudo, depois outro sobretudo, um blusão de couro, depois outro blusão de lã e, vixi Maria das Dores! Que magreza dos horrores! Os fiéis apesar de darem glórias e glórias riram muito, assistindo aquela cena, porém, tudo bem, ninguém é perfeito. E Aurélio tira seus coturnos, suas cinco meias, suas cinco calças e, o que surpreendeu a todos, menos a Deus que tudo sabe, foram os gritos de emoção de Mônica.
- Glórias, glórias e glórias! Eu já amava este homem, pois, agora o amo muito mais.
E Aurélio entra na piscina. Ele chorava muito. Por que será? Seria o gelo da água? Não. Ele estava envergonhado por ser tão magro. Descer as águas do batismo até que ele desceu, porém, nunca mais subiu. Morreu congelado.

Complexo de inferioridade, sem dúvida, é uma doença psíquica e deve ser tratada o mais rápido possível. Nem tudo na vida é bonito e colorido. Existe o anseio dos feios; o sorriso dos bonitos e o alarido dos aflitos.
Temos que aceitar como nós somos, sem essa paranóia ilusória que incomoda nossa trajetória. A vida é jóia e vale à pena darmos glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas histórias


(HISTÓRIAS DA VELHA GLÓRIA 8) 

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VITÓRIA




Vitória desde pequena sempre foi talentosa. Seu grande sonho era o de ser escritora. Escrevia histórias fabulosas para todos os públicos. Com toda esta sua grande arte, nunca conseguiu publicar um livro. Casou-se cedo demais e teve muitos filhos. Não sobrava mais tempo para escrita e precisava cuidar dos afazeres domésticos.
Aparecido, seu marido era um bom homem. Era. Com o tempo, desistiu de trabalhar e, lamentavelmente. Virou um alcoólatra. Vivia mais nos bares do que em sua casa. Quem sustentava seus vícios como bebidos e cigarros, era sua mulher Vitória que, além de trabalhar fora, trabalhava em sua casa, mantendo-a sempre limpa e em ordem.
Sucedeu que um dia, Vitória estava lavando roupas e, estaciona um carro luxuoso em seu portão. Ela vai atender e, para a sua surpresa era Sônia, sua professora do primário.
- Como foi difícil localizá-la. Lembra-se de mim?
- É claro, professora Sônia.
Vitória convida a professora Sônia para entrar, prepara um café e ambas conversam muito.
- Bem, Vitória, lembro-me de suas lindas composições, de suas redações e, resolvi ajudá-la. Seu sonho era o de publicar um livro, não era?
Vitória chora, aguardando a surpresa.
- Sim, professora.
A professora Sônia, após tomar mais um café diz:
- Tenho cerca de trezentas histórias suas, Vitória. Você perdeu um caderno universitário no colégio, quando ainda era menina, lembra?
- Meu Deus! A senhora achou este caderno.
A professora Sônia sorri e diz:
- Aquele caderno não existe mais, querida. Transformei suas histórias em páginas da vida.
Vitória fica sem entender. A professora Sônia tira de sua bolsa um belíssimo livro com o título: “Páginas da Vida”.
-Publiquei seu livro e, está fazendo um grande sucesso em todo o mundo. Este exemplar é seu, querida. Mate a saudade lendo as maravilhas que escreveu e, eu publiquei.
Vitória fica furiosa.
- Não tinha o direito de fazer isso comigo, professora. As histórias são minhas e não suas.
A professora Sônia sorri e diz:
- Bobinha. Casou-se cedo demais e abandonou uma carreira brilhante, por quê?
Vitória movida de intenso ódio pega uma faca e desfere vários golpes sobre a professora Sônia que cai ensangüentada e morta sobre o chão da cozinha.
Vitória, totalmente descontrolada pelo o que fez, pega aquele livro e surpreende de vez. O livro “Páginas da Vida” editado e publicado era de autoria de Vitória. A professora Sônia quis fazer uma surpresa para sua querida aluna.
Vitória até hoje está tentando escrever um livro, porém, num sanatório onde vive.

O destino é realmente surpreendedor. Muitas vezes, nossos sonhos morrem no fracasso por não podermos realizá-los no percurso de nossas vidas. Muitos desses sonhos reencarnam, incorporam. Agora é sempre à hora certa para mostrarmos ao mundo o que há de melhor em nossa memória. Vitórias são glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas histórias.


 (HISTÓRIAS DA VELHA GLÓRIA 7)
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segunda-feira, 5 de maio de 2014

A JOIA DE UM NOIA


Marcel era filho de um grande empresário. Preferiu deixar a boa vida que levava, para viver nas ruas como um andarilho, maltrapilho, sujo e drogado. Isso entristeceu muito a Marcos, seu pai, que o amava de verdade e, ainda mais, porque era o seu único filho.
Marcel era revoltado, porém, nunca expôs a ninguém o motivo de sua revolta. Odiava ouvir conselhos de qualquer pessoa de bem. Dormia nos bancos das praças e, a única coisa que a confortava era a droga.
Inúmeras vezes, seu pai o abordava nas ruas.
- Volte pra casa, meu filho. Lá você tem tudo. Por que prefere viver neste estado miserável em que está? Isso é doentio, masoquismo demais.
Era inútil tentar convencê-lo a mudar de vida. Um rapaz novo, bonito e saudável, viver assim não dava para entender.
Numa madrugada de intenso inverno, a polícia o encontrou morto sobre um dos bancos da praça. Sobre seu peito, uma carta escrita por seu próprio punho.
“Até os meus quatorze anos eu achava que era feliz. Tinha meu pai por um herói, até descobrir que ele se deitava e transava com meus colegas da escola. Ele pagava por isso, achando que eu nunca iria descobrir. Cansei de ouvir piadinhas tipo filho de boióla é boiólinha. Peguei nojo não só dos meus colegas, como dos estudos, principalmente do meu pai e da minha própria vida. Preferi sair de casa e viver nas ruas como muitos noias. Creio que a jóia de todo noia é a droga. É a única coisa que encontrei para fazer uma viagem sem volta”. Adeus.

É lamentável que muitos usem como subterfúgio em suas vidas esta covardia suicida que é a droga. Todo mundo sabe que droga é uma viagem sem volta.
Apesar de vivermos uma vida mística, confusa demais para ser definida, vale à pena viver de exortatória e não nessa paranoia ilusória, aleatória, rotatória que vive os noias. Sejamos confiantes para não ficarmos na eliminatória. Que nossas jóias sejam vitórias e nossos clamores de glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas histórias.


(HISTÓRIAS DA VELHA GLÓRIA 6)

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sexta-feira, 2 de maio de 2014

JUSTIÇA



São Paulo, uma grande metrópole e também uma das maiores cidades do mundo.

Passavam das 2 h da manhã. Um homem sem camisa trajava uma calça jeans, na cabeça um boné e, calçava tênis batidões. Sua camisa já estava nas mãos de um dos assaltantes. Este homem corria desesperado pelas ruas do centro de São Paulo gritando por socorro. Temia em perder sua vida. Entrou num grande bar, achando ele que lá estaria seguro. O segurança daquele bar o põe pra fora, com estupidez.

- Drogas. Só podem ser drogas. Resolva lá fora com seus comparsas, bandido.

O segurança rechã a porta daquele bar e a rua volta a ficar sombria. Os quatro assaltantes não tiram a vida daquele homem, porém, fazem uma limpa nele roubando sua carteira e, pior que isso: deixando-o nu e cheio de hematomas por todo o corpo. Minutos depois, chega à polícia e também destrata aquele homem.

- Foi roubado vagabundo? Também, pediu para acontecer isso, não é? São quase 3 h da manhã. Não deveria estar em casa, malandro?

E a polícia recolhe aquele homem nu das ruas e o leva para a delegacia. Chegando lá, o delegado João que assistia televisão, por pouco não se enfarta ao ver aquele homem nu.

- Meu Deus! Meritíssimo juiz Luís! O que foi que fizeram contigo, amigo?

O delegado João e os quatro policiais ficam sem palavras e boquiabertos. Luís era um grande juiz de direitos. Muito inteligente, por sinal, se mantém calmo, porém, é direto para com aquele delegado.

- Tire a sua roupa, inclusive a cueca e permanece calado. Isto é uma ordem.

E o delegado João simplesmente obedece ao juiz sem questionar nada. Ordena aos policiais que coloquem suas armas de fogo em cima da mesa do delegado. E o juiz Luís aproxima-se daquele policial que o humilhou minutos atrás, cospe em sua face e lhe diz:

- Primeiramente, seu verme, não sou vagabundo, como tenho certeza de que você não é um policial e muito menos um homem. Não pedi para ser roubado, como ninguém pede, seu verme. Se forem 3 h ou 4 h da manhã não importa porque todo mundo tem o direito de ir e vir para onde quiser e a qualquer hora. Para terminar, não sou malandro. Será julgado e condenado pelo que disse.

O juiz pergunta ao delegado João:
- Tem homens de verdade nas ruas ou são semelhantes a estes vermes que me prenderam?
- Sim, meritíssimo, tenho mais homens nas ruas e... acabaram de chegar.
O juiz fica surpreso com o que vê: os bons policiais chegam à delegacia com os quatro assaltantes que lhe roubaram.
O juiz ordena o delegado a contar as novas para os policiais que acabaram de chegar e, depois, de tudo esclarecido, prendem o delegado, os quatro assaltantes e também os quatro policiais que humilharam o juiz.
- Vocês honram a farda que vestem. São homens de verdade. Parabéns!
Para terminar a história, o juiz Luis, junto dos bons policiais vão até aquele grande bar, onde o segurança negou socorro a ele, humilhando-o.
O segurança de 2 m de altura parecia um anão diante do juiz e dos bons policiais.
- Primeiramente, seu verme, eu não sou usuário de drogas e também não sou bandido como me julgou. Em minha jurisdição farei o possível para condená-lo por muitos e muitos anos. Quem sabe até vai apodrecer na cadeia, seu maldito.
E os bons policiais prendem aquele segurança também. O juiz faz um discurso após, mandar soltar o delegado e os quatro policiais.
- Aprenderam a lição, seus bananas? Não julguem para que também não sejam julgados. De vocês cinco que aqui estão, apenas um, além de eu querer ver fora da polícia, será julgado e condenado. Quanto a você, delegado, preste mais atenção nos seus homens. Eduque-os. Justiça é coisa séria. Quero ver estes quatro assaltantes, este segurança e esses quatro falsos policiais no tribunal de justiça. 

Muitas pessoas morrem injustiçadas, justamente porque a justiça dos homens, muitas vezes, costuma ser falha. Para ser um bom juiz é necessário estudar muito e nunca cessar sua aprendizagem. Todo juiz é um bom observador. Aqueles que nem sequer, apreciam a leitura, talvez porque nem sabem ler, não são dignos de palmatórias; não são e nunca serão pessoas notórias e jamais chegarão à vitória, mesmo que deem glórias e glórias e, esta é mais uma das minha histórias.


(HISTÓRIAS DA VELHA GLÓRIA 5)

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