quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

HORAS DE AFLIÇÃO (20) O LADRÃO

O sentimento agonizante que nos faz chorar, que abala nosso espírito, ao perder algo material, por exemplo, conquistado por nossos méritos, sem dúvida, é abalável, terrível, inefável.

O ladrão não tem consciência do grande mal que está causando a seu semelhante ao lhe roubar. Rouba algo que não é seu, não trabalhou para possuir aquilo que roubou. É mau caráter na sociedade e deveria ser lançado fora dela.
Luíza era uma moça linda em todos os sentidos. Tinha um carisma muito grande dentro de si e procurava fazer bem a todos, caso estivesse ao seu alcance.

 Conheceu um rapaz na faculdade onde cursava medicina e, com o tempo, casou-se com ele.
Como era lindo aquele amor! Luiz era um bom rapaz. Não tinha vícios, era responsável e, o mais importante: amava verdadeiramente Luíza. Desta linda união vieram os gêmeos
Lucas e Leandro.
Luíza era uma mãe tão coruja e tão apaixonada pelo marido e filhos que armazenou no cartão de memória de seu celular pelo menos duas mil fotos deles.
Sucedeu que um dia, Luíza, que cursava medicina na faculdade e estava no último ano para se formar, adoeceu. Foi ao médico e descobriu que estava com leucemia e, nada disse ela ao marido e aos filhos. Ela não sabia por quanto tempo iria conseguir esconder isso.
Lucas e Leandro, seus filhos, estavam de férias do colégio e Luiz, o pai, resolveu levá-los ao parque de diversão. Luíza não os acompanhou porque estava indisposta.
Quando voltavam do passeio para a casa, lamentavelmente ocorre um terrível acidente. O Fiat Uno em que estavam Luiz e seus filhos chocam com uma carreta e, morrem todos na hora. Seus corpos ficam num estado irreconhecível.
Luíza, sem nada saber, voltava do hospital para sua casa e é abordada por um marginal que lhe rouba o celular, seus documentos e algum valor em dinheiro. Ela não queria creditar que aquilo estava acontecendo com ela. Ficou sabendo o que aconteceu com o seu marido e filhos e, aí sim, seu mundo desabou. Luíza caiu em depressão porque não tinha sequer uma foto de seu marido e filhos.
Todas estavam no celular. Dois meses depois ela entra em óbito.
Uma criatura que rouba não pode e não deve ser chamada de gente. É como um inseto humano que não tem sentimento. Dependendo do ladrão, ele, além de roubar, é capaz de matar e, sinceramente, Direitos Humanos para mim, são somente para humanos. 


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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

A MANSÃO DOS MEUS SONHOS

Dizem que a oportunidade bate apenas uma única vez a nossa porta, porém, nestas horas, é inteligente pegar, não a deixar ela escapar.
Ângela Florida era uma mulher bonita feita um pêssego e, também muito bem de vida. Inteligente feita um raciocínio gordo, tinha um excelente bom gosto, porém, por ser muito ambiciosa queria sempre ter mais e mais.
Freqüentava-a um finíssimo e luxuoso salão de cabeleireiros em Perdizes, bairro de São Paulo e, certo dia, enquanto ela fazia as unhas dos pés naquele salão ficou surpresa com certo anúncio que leu. Um homem estava vendendo uma mansão impecável e em perfeito estado por uma migalha. Uma mansão que valeria, no mínimo uns cinco milhões de reais, o homem estava vendendo por apenas hum milhão. Ela liga de seu celular para tal de José e, mal consegue respirar de tanta ansiedade.
- Senhor José? Sou eu, Ângela Florida. Vi seu anúncio num papelzinho e queria saber mais detalhes sobre a mansão que está vendendo.
O homem do outro lado da linha, com uma voz bem calma, suave diz:
- Pois é Dona Ângela Florida, creio que não venderei mais.
- Mas, por quê?!
- Porque está barata demais, baby.
Após muita insistência de Ângela Florida interessada em comprar aquela mansão, marcam um encontro na tarde de sábado num finíssimo restaurante em São Paulo e, lá, Ângela Florida faz questão de pagar as despesas que saíram caras. O tal José mostra um vídeo da mansão por dentro e por fora em seu notebook e, por pouco, ela não desmaia.
- É a mansão dos meus sonhos, senhor José.
De repente, o celular de José toca e ele atende. Minutos depois diz para Ângela Florida:
- Desista.
- Mas, por quê?!
- Tem outra mulher interessada em comprar a mansão e ela quer me dar por ela dois milhões de reais.
Ângela Florida não quer perder:
- Também lhe dou este valor, mas, por favor, venda para mim.
Conversa vai, conversa vem, José conclui:
- Bem, já é tarde e sugiro que durma comigo esta noite e não te arrependerás. Amanhã de manhã é domingo e te levarei, caso queiras para conhecer ao vivo e às cores minha luxuosa mansão. É pegar ou largar. Largou?
- Não! Claro que não larguei nada não. Durmo sim esta noite contigo e,amanhã me leve para conhecer a mansão.
Passaram a noite coladinhos um ao outro num luxuoso hotel e, Ângela Florida fez questão de pagar as despesas.Na manhã de domingo, após tomarem em senhor café reforçado, José leva Ângela Florida para conhecer a mansão situada no Jardins, bairro nobre de São Paulo. Lá, ela encanta-se de vez e, até chora:
- E a mansão dos meus sonhos.
José, calmamente diz a Ângela Florida:
- Desista.
- Mas, por quê?!
- Tem realmente os dois milhões para me pagar?
- É claro. Após tudo certinho em cartório, é claro.
- Desista, baby.
- Mas, por quê?
-Porque tudo isso daí pode demorar muito e não quero corretor nenhum no meio dessa jogada de louco que estou fazendo. Preciso viajar amanhã com urgência para Paris, na França. Minha avó paraplégica está gravemente com diarréia e precisa de remédios e...
Ângela Florida sugere:
- Façamos o seguinte: adianto para ti amanhã que é segunda-feira hum milhão de reais e o senhor vai para Paris ver tua avó e, quando voltar vamos até o cartório e resolvemos o resto.
E assim, Ângela Florida e José passam mais uma noite juntos num luxuoso hotel tudo pago por Ângela Florida. Na manhã de segunda-feira vão ao banco e, Ângela Florida passa nas mãos de José hum milhão de reais.
- Como confiastes em mim baby e, nem sequer recibo pediste-me, confiarei em ti também. Entrego-te as chaves da mansão e mude para lá, tu e a tua família hoje mesmo, caso queiras.
Que furada Ângela Florida cometeu, meu Deus! A verdadeira identidade daquele homem não era José e sim Honésio, um golpista. Ele se apresentou na imobiliária munido de documentos falsos, conseguiu as chaves fazendo cópias delas, gravou um lindo vídeo da mansão por dentro e por fora e, depois, para se livrar do pepino que poderia lhe sobrar devolveu as chaves na imobiliária, ficando com as cópias das chaves. Aproveitou agir rápido no final de semana, onde geralmente, as imobiliárias não trabalham.
Ângela Florida,coitada, levou para a mansão sua grande família e se meteu legitimamente numa fria. Foi atuada em fragrante por invasão à domicílio pela polícia. E pensar que aquela era a mansão dos seus sonhos.

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HORAS DE AFLIÇÃO (19) A MORTE

Não existe nada, absolutamente nada que seja mais temível do que a morte. Muitos morrem confiantes de que, em algum lugar deste gigantesco, esplendido e infinito universo a vida continua, porém, ninguém, absolutamente ninguém tem a real certeza de nada. É claro que preferimos acreditar que nossa história não termina aqui: que deve existir um suposto lugar, quem sabe um paraíso onde viveremos para todo o sempre e, talvez, é exatamente esta crendice, esta esperança que nos leva a suportar a vida. Se a morte for de fato o final de tudo nunca saberemos qual é o sentido da vida e o por que de estarmos aqui.
João era um homem religioso, apaixonado pelo cristianismo. Pregava as maravilhas de Jesus e, graças a sua boa oratória ganhava muitas almas para Deus. Tirou muita gente das drogas e do mundo do crime. Era ele um bom exemplo de vida. Não tinha nenhum tipo de vício e procurava sempre o caminho da perfeição, da salvação.

Certa noite, quando João voltava da igreja para a sua casa com sua esposa e duas filhas quatro marginais abordam o seu carro dando voz de assalto. Vários tiros são disparados. João não queria acreditar que aquilo estava acontecendo com ele e com sua família.
Acordou num lugar lindo, todo florido e entendeu que aquele lugar era o Paraíso e, que também estava morto pra vida terrena. Não viu ali sua esposa e filha, porém, um homem vestido de túnica branca (que ele supos ser Jesus) lhe disse:
- Não se preocupe. Sua esposa e filhas passam bem.
Que lugar lindo era aquele Paraíso! Ruas cobertas de toda espécie de pedras preciosas como o jaspe, safira, esmeralda, topázio, ametista e outras. Um lugar repleto de ouro puro, semelhante a vidro límpido. Alí João viveria para todo o sempre.
Realmente foi um sonho muito lindo que durou trinta dias em que esteve em coma no hospital. Quando acordou deste sonho descobriu que nunca mais poderia andar, nem falar; que sua esposa e filhas morreram vítimas das balas disparadas por aqueles bandidos.
Uma pergunta: “Será que a esposa e as duas filhas de João estão naquele Paraíso ou será que morreram para sempre?”


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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

DINHEIRO SAGRADO

Honestidade e pessoas honestas sempre existiram. Você duvida disso?
Um milionário, porém, mesquinho feito um miolo de pão mucho perdeu uma maleta dourada com dez milhões de reais. Por causa disso, desta perda absurda, o homem caiu em depressão. Não queria mais relações sexuais com sua linda e sexy esposa; mandou com palavras todos os seus amigos para o inferno, enfim, o homem loqueou.
Tinha este milionário por costume molhar sua bunda na piscina de sua imensa e extraordinária mansão. Sim, apenas a bunda. Dizia ele que fazia isso todas as manhãs para refrescar o seu dia
Numa manhã de sábado, enquanto o milionário molhava sua bunda na piscina, um de seus empregados veio lhe falar.
- Com licença, Senhor Tem um homem num dos portões da mansão querendo lhe falar.
O milionário mau-humorado feito um cachorro louco diz:
- Não quero falar com ninguém. Quem ele é? Da funerária? Vendedor? Mendigo? Testemunha de Jeová?
- Diz ele que lhe traz boas novas.
O milionário enxuga sua bunda e diz:
- Mande-o entrar.
Que surpresa inesperada teve este milionário! Aquele homem de boa aparência estava com uma maleta nas mãos, mas, não era qualquer maleta. Era a maleta dourada com dez milhões de reais que o milionário havia perdido.

Pense num choro comovido. O milionário fez questão de lamber e chupar dedo a dedo dos pés daquele homem e, isto ainda não foi tudo. Deu a ele sua linda e exuberante mulher para passar duas noites de prazer numa das melhores suítes da mansão e, isto ainda não foi tudo. 


Quis recompensá-lo. Após duas horas contanto e recontando tanto dinheiro, o milionário conclui:
- Realmente, os dez milhões estão aqui e, eu, que nunca dei uma banana para ninguém, quero lhe dar metade desse dinheiro.
O estranho aparentemente humilde diz:
- Deste dinheiro não aceito, Senhor
O milionário surpreende-se:
- Vai recusar ganhar cinco milhões de reais? Mas, por quê?
- Porque este dinheiro é sagrado e pode lhe dar muita sorte se aplicá-lo. Ele é teu. Somente teu, entendeu?
- Sim, entendi. Então lhe darei um apartamento em Copacabana, no Rio de Janeiro, no valor de cinco milhões.
- Se queres realmente me recompensar Sr, humildemente aceito os cinco milhões em dinheiro vivo, porém, sem tocar neste aqui porque é sagrado.
O milionário leva o estranho para um banco e faz uma grande retirada. 

A operação foi um sucesso. O milionário passa nas de Honésio, cinco milhões de reais e ainda o agradece:
- Muito obrigado por ser tão honesto, Sr. Honésio e ter me devolvido a maleta dourada com o meu dinheiro.
Honésio sorri e lhe diz:
- Consegui localizá-lo por sua identificação, Senhor Obrigado também por ter me dado sua linda mulher por duas noites de prazer. Como é mesmo o seu nome?
- Cornélio.
- Bonito nome.

O milionário Cornélio se meteu foi numa fria. Três dias depois cercam sua mansão, três carros da polícia federal dando-lhes voz de prisão. Ele aplicou dez milhões de reais e toda a grana era falsa. O malandro Honésio levou nesse golpe quinze milhões de reais mais duas noites de prazer com Elizabetezer, a mulher do otário, ou melhor: do milionário.


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terça-feira, 7 de abril de 2015

GRANDES AMORES DA MINHA VIDA


AMOR, CONTEÇA O QUE TIVÉ QUE CONTEÇER, NUM CE ESQUESSA DE MIM E DE NOÇO FIO. TE AMO. TEKERO.


obregado por vosse esistir, meu mininu lindo. CONTINOE ME OUVINDO, VISSE?







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quinta-feira, 26 de março de 2015

HORAS DE AFLIÇÃO (18) A TRAIÇÃO


Como perdoar uma traição? Creio que não exista nada, absolutamente nada, que seja mais doloroso do que uma traição.
Meu nome é Ana Clara. Desde minha infância sempre fui uma pessoa sensível. Chorava por qualquer coisa e, principalmente, se alguém chamasse a minha atenção. Eu era muito mimada por meus pais, ainda mais sendo filha única.
Uma garota ingênua que vivia sonhando com seu príncipe encantado.
Atos foi meu primeiro e único amor. Eu o amava de verdade. Na época eu tinha apenas 16 anos e ele 26. Que rapaz doce, bonito e tão encantador! Dizia-me só coisa linda e, eu muito emotiva, deixava cair lágrimas dos meus olhos. Ele era o meu anjo, meu guia, meu herói, meu homem. Casei-me com ele quando ainda menina.
Fomos morar numa fazenda em Pouso Alegre, interior de Minas Gerais. Adorei. Atos era um grande fazendeiro e tinha muitos empregados. Eu ficava na grande casa da fazenda desfrutando do bom e do melhor. Na realidade, ele não me deixava fazer nada. Eu era a rainha do lar. À noite, quando meu homem chegava dos seus afazeres eu estava pronta para ele. Fazíamos amor até altas horas da noite. Que saudades!
Atos, de uma hora para outra, mudou seu comportamento assim radicalmente. Começou a viajar a negócios e, bastava eu lhe perguntar alguma coisa sobre a viagem, por exemplo, ele ficava zangado. Senti uma frieza da parte dele para comigo terrível. Não. Eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Minha empregada podia jurar-me que ele estava traindo-me com outra mulher. Chorei muito, mas, muito mesmo. Como pode um homem mudar tanto?
Em uma de suas viagens ele demorou um mês para voltar à nossa casa. Falava com seus empregados ao telefone, mas, nunca comigo. Numa manhã de sábado quando ele chegou, (ninguém o esperava, nem eu, porque ele era imprevisível) surpreendeu-se com a cena que viu: Eu e Alaor, um de seus empregados, estávamos fazendo amor e, pior: em nossa cama. Sua reação foi violenta, é claro, como a de todo homem traído. Ele matou Alaor com quatro tiros e, eu gritei apavorada. Sabe o que é ver um homem ser brutalmente assassinado ao seu lado? Eu tremia assustada e chorava muito. Atos encostou o cano do seu revólver de calibre 38 em meu queixo e, disse-me:
- Você é uma cadela ordinária. Quando sentiu o meu desprezo por você há meses, é porque já estava me traindo. Eu já sabia disso. Nunca lhe troquei por vadia nenhuma. Eu tinha nojo de me deitar com você por saber que você abria as pernas para esse daí, que agora é um defunto.
Não. Eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Chorando, gritei:
- Eu sempre te amei, Atos.
- Quem ama não trai, sua vadia. Quem sempre te amou de verdade fui eu e, é difícil acreditar, mas, ainda te amo e, em nome desse amor, vou lhe dar um presente, Ana Clara.
Eu implorei para que ele me matasse.
- Mate-me amor. Pode fazer isso.
Ele disparou um único só tiro em seu ouvido e caiu ensanguentado e morto no chão de nosso quarto. Gritei muito, até que muitos empregados invadiram o quarto para ver o que estava acontecendo.
As horas de aflição e desespero estavam apenas começando para mim. Doze peões da fazenda se divertiram comigo. Abusaram de mim aquele final de semana inteiro. Roubaram valores da minha casa e, antes de fugirem, ligaram para a polícia. A arma assassina que matou meu marido e seu empregado tinha as minhas digitais porque quando fui estuprada, quis por fim a minha vida, mas, não havia mais munição. Fiquei detida por longos e longos anos.
A minha liberdade chegou tarde demais. Hoje estou velha e, pior do que isso: sozinha. Não herdei nada de Atos, meu marido. Vivo pelas ruas das grandes cidades vagando.

Eu confesso que traí o grande e único amor da minha vida. Eu o matei.



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terça-feira, 17 de março de 2015

A VIRGEM MARIA (HORAS DE TENSÃO 1)



Meu nome é Maria e, confesso que há setenta anos eu era uma gata, uma moça bonita e, o mais importante: virgem.
Nasci em berço evangélico. Meu pai era pastor de ovelhas e minha mãe a tesoureira. Nossa comunidade de irmandade era muito amorosa, calorosa, enfim, muito gostosa. Havia lá uma união regada a respeito, educação e bons modos. Dentro da igreja, irmãos sentados de um lado e as irmãs sentadas do outro lado. Para simplificar: homens à esquerda e mulheres à direita. Na entrada dos visitantes dos meio a meio ficavam no meio para receber a bênção do meu pai que expulsava o maligno tanto deles quanto delas. E todos nós numa única voz: “Glórias e glórias! Aleluias e aleluias”. Isso faz muito tempo.
Eu tinha na época 16 anos e, meus cabelos passavam da minha bunda. Para simplificar: as pontas batiam nos pés, às vezes enrolavam no bico do sapato e eu levava um tombo. Para lavar os cabelos era um pouco complicado, mas, nada como um mergulho no rio que não resolvesse.
Quando eu saía às ruas com minhas irmãs da igreja ficava horrorizada e elas também. Só víamos o pecado incorporado naquelas mocinhas impuras empinando as bundinhas com aquelas minissaias ou shortinhos mostrando até as pontas dos pelinhos. Cruzes! Que pecado! Nós, não, irmãos. Vestíamos vestidos longos para nos proteger dos olhos dos tarados dos rapazes e, principalmente dos olhos de Deus. Se bem que Ele nos via por dentro, porém, isso não vem ao caso.
Eu achava aquela juventude sem graça. Molhava-me toda de suor de tanto ver pecado. Aqueles rapazes skatistas exibindo o que são capazes de fazer com seus pés embutidos naqueles tênis batidões, alguns tamanhos família, que a mídia até os dias de hoje acha que é sexy. Minha doutrina era tão rígida que irmãos e irmãs não podiam usar tênis nos pés, não. Porque o chulé não é benigno e provém do maligno.
Um dia, eu e minhas irmãs da igreja fomos fazer uma evangelização num parque lá de Vitória, capital do Espírito Santo e, o que vimos balançar entre as árvores foi o cúmulo do pecado. Um negrão que dava quatro de Mike Tyson malhava uma mocinha impura e, o pior que ela estava gostando. Não, não e não. Foram horas de tensão horríveis. Suei tanto, mas, tanto, que desmaiei. As irmãs oraram por mim e, logo um boy me deu um picolé na boca e, só assim consegui me acalmar daquelas horas tensas que passei. Isso faz muito tempo.
Quando eu tinha 18 anos me movia demais na cama. Dava vontade de pular e arrebentar tudo que estava a minha volta. A irmandade vinha orar por mim, mas, aquele calor, aquele fogo que eu sentia em meu corpo não passava. Era muito mais forte do que a sauna do milho que vira pipoca de tanto calor na panela. Acho que era o Capeta que estava dentro de mim. Não conseguia dormir e, só queria pular. Fui revelada finalmente, que um homem de Deus estava a caminho e eu seria sua esposa. Glórias!
Marcos tinha o dom de línguas. Ele mesmo foi quem me revelou. Nosso namoro era à base de glórias e glórias sem gracinhas, até quando nos casamos. Aí, tudo mudou. Nossa lua de mel melou mais do que melão com mel e mamão. Antes de nos deitarmos, sugeri ao meu amor que orássemos. Ele me olhou sério e disse-me:
- Pula santa! Vou orar dentro de você agora.
- Cruzes!
Marcos deu-me um tapaço na bunda e ele estava encapetado.
- Tire sua roupa irmã que eu te mostrar o que é glória.
As horas de tensão estavam apenas começando em minha vida. Marcos estava incorporado no Saci Agulha. Eu duvidava antes que ele tivesse o dom de línguas, porém, me enganei. Cruzes! Marcos era um poliglota. Quanto mais eu clamava: “Ai, Jesus! Ai, Jesus”, mas, ele me enchia de luz. Deis a luz vinte e quatro vezes para honra e glória do Senhor. O último nasceu meio alegrinho, mas, é uma bênção de filho que adora a espada. Para simplificar: a Bíblia.

Assim que meus pais morreram, que, por sinal, foram os fundadores da igreja, resolvi fazer umas mudanças na doutrina que era muito rígida e chata. Liberei o corte de cabelo e maquiagem para as mulheres, porque elas não merecem parecer velha antes do tempo. Pra juventude, pras vovós e pros vovôs, muita praia, sexo e rock and rol, morô?


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segunda-feira, 16 de março de 2015

HORAS DE AFLIÇÃO (17) ALMA AFLITA

É impossível eu voltar atrás agora. Mesmo que eu viva milhões de vidas aqui na terra, meu destino final será no inferno. Antes fosse lá um lugar de sofrimento eterno como muitos acreditam. Sei que isso é simbólico. Não existe nada, absolutamente nada que possa ser mais triste do que a morte, porque viver é o maior prazer que alguém pode ter em sua vida. No meu caso, ela será interrompida para sempre.
Meu nome é Agatha. Sempre fui uma pessoa amarga, nem um pouco simpática e descontente com a vida. Achava essa vida sem graça demais.
Eu cursava psicologia e odiei porque fui reprovada por faltas na Faculdade. Por outro lado, uma colega minha se formou e seus pais promoveram a ela a maior festa que já pude estar.
Sempre tive inveja de Adala. Ela era a mais bonita, mais desejada, mais inteligente, mais tudo. Queria destruí-la por isso. Antes da festa de sua formatura procurei um excelente feiticeiro e fui direta ao assunto:
- Quero vender minha alma ao Diabo. O que devo fazer?
O feiticeiro me deu algumas orientações que nunca vou revelar a ninguém e fiz isso. Falei com o Diabo e vendi para ele a minha alma.
O interessante foi que, após eu vender minha alma para o Diabo, minha vida mudou radicalmente. Cito assim uma mudança espiritual. Eu chorava por qualquer coisa e, as pessoas que antes eu odiava, passei a amá-las.

O Diabo pediu-me para matar Adala e, eu teria que fazer aquilo na festa de sua formatura. Não. Não tinha como voltar atrás. Era ela ou eu. Estávamos sós nós duas de frente a grande piscina e, não sei aonde me veio tanta força, empurrei ela na piscina e a puxando seus cabelos, deixei ela se asfixiar na água. Voltei para a festa, no salão daquela grande casa onde estavam todos os convidados se divertindo. Só eu sabia que ela estava morta naquela piscina. Pois é, me enganei. Não. Eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Eu é que estava morta naquele dia. Não me lembro o que disse para Adala que, ela saiu correndo e, nunca mais foi vista por ninguém. Não. Ninguém é capaz de imaginar as horas de aflição que sente uma alma aflita como a minha.


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HORAS DE AFLIÇÃO (16) O MANICÔMIO

Quanto vale uma vida? Por que, afinal, o último capítulo dessa história da humanidade nunca chega ao fim? Quantas perguntas ainda iremos fazer sem nunca, absolutamente nunca, termos uma resposta única e verdadeira?
Meu nome é Adala. Lembro-me dos meus inesquecíveis 20 anos. Como eu era uma moça bonita! Sempre rodeada de amigos. Que saudades! Pena que a vida é uma viagem curta e, o tempo quando não nos envelhece, interrompe nossas vidas para sempre.
Formei-me em psicologia. Meu grande sonho era ajudar as pessoas problemáticas a encontrar a felicidade dentro delas mesma. Meus pais me deram uma linda festa. Creio que havia mais de duzentas pessoas em nossa grande casa no Morumbi, bairro nobre de São Paulo. Tinha gente no jardim iluminado, em volta da piscina, dentro de casa, no grande salão, enfim, comemorando a minha formatura.
De repente, assim do nada, bateu em mim uma vontade de chorar e chorei muito. Sentei-me na beirada da grande piscina, só deixando meus pés dentro dela. Ninguém veio falar comigo. Fui ao banheiro retocar minha maquiagem que borrou por causa das lágrimas e, cruzei no corredor com Agatha, uma amiga da Faculdade. Não sei por que, mas, ela me ignorou. Fez de conta que não me viu. Depois de retocar minha maquiagem voltei para a festa, no salão de minha casa. Dancei muita discoteca. Nenhum rapaz veio dançar comigo e, eu odiei aquilo. A festa era minha. Todos, incluindo até mesmo meus pais fizeram de conta que eu não existia. Eu só queria entender o por quê. Indignada fui para o meu quarto ouvindo a música Heart Of Glass, da cantora Blondie. Chorei muito. Ninguém veio me consolar e, eu também queria entender o por quê de eu estar assim tão triste e ser rejeitada por todos. Quando dei por mim, (sou sonâmbula) devo ter dormido e, acordei com meus pés na piscina.
Era de manhã e todos os convidados da festa já havia ido embora, com exceção a Agatha que veio me falar.
- Até quando pretende vagar nesta casa, amiga Adala? Você está morta para esse plano. Tudo acabou há muito tempo.
Fiquei confusa e com muito medo.
- Eu estou morta?
E Agatha me diz.
- Há muitos anos seus pais deram uma festa aqui para você, lembra? Era a sua formatura.
Fiquei indignada.
- Esta festa foi ontem.
Agatha sorri e me diz:
- Isso tem mais de trinta anos, Adala. Enquanto todos estavam no salão, eu e você estávamos aqui ao lado da piscina. Cumpri minha missão que era a de te levar. Empurrei você na piscina e, você morreu asfixiada. Um dia você vai entender porque fiz isso.
- Eu não quero entender nada.
Corri apavorada de Agatha, que eu tinha como amiga. Gritei muito. Queria entender o que realmente me aconteceu. Quando dei por mim, eu já estava aqui neste manicômio onde vivo as horas.
De aflição mais horríveis que alguém possa imaginar. Aqui dentro, todos me ignoram. É como se eu estivesse morta mesmo. Mas, eu sei que estou viva e não estou louca. Ou será que estou?



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