domingo, 2 de setembro de 2012

O FANTÁSTICO MUNDO DOS PERNILONGOS



Um bebê pernilongo curioso pergunta para sua mãe:
- Mamãe, o que eu vou ser quando crescer?
Sua mãe sorridente acaricia suas asinhas e lhe diz:
- Será um pernilongo, meu filho.
E o bebê pernilongo fica triste.
- Mas isso não tem graça minha mãe. Já sou um pernilongo.
- Não, meu filho. Você é apenas um bebê pernilongo. Tem manhas e artimanhas que você ainda não conhece. Seu pai por exemplo, é um pernilongo formado. Siga o exemplo dele e continue voando.
- Mamãe, isso não tem sentido. Que graça tem em ficar voando? Eu queria ser como os bebês humanos que mamam nas tetas, crescem, vão as escolas, jogam bola com seus amiguinhos, namoram, se casam...
Sua mãe sorri:
- Que bebê bobinho é você, meu filho! Nosso mundo é muito mais fantástico e divertido do que o mundo dos humanos. Eles pagam um alto preço na vida para sobreviverem, sabia?
- Mas, isso é o que é vida, mamãe. E, quanto a nós? Ficar só voando e chupando sangue não ta com nada. Eles tem variedades de chuparem muitas coisas como picolés, balas, geladinho, etc...
- Mas eles não voam, meu filho.
- Voar, voar, subir, subir. Que coisa mais sem graça! Eles andam, correm...
- Mas se aborrecem, meu filho.
- Nós também, mamãe. Pernilongos detestam inseticidas e, antes de protestarem já morrem chapados pelo veneno. Que vida sem graça!
- Não pense nas coisas tristes, meu filho. Tá vendo aquela bunda gorda daquele moleque?
- Sim. O que é que tem ela?
- Tem substância, meu filho. Uma gota de sangue daquela bunda alimenta eu, teu pai, você e outras famílias de pernilongos. Ninguém precisa brigar, pois temos comida pra vida toda.
- Que vida sem graça, mamãe! A vida não é só comer não. Eu queria estudar, trabalhar assim como os humanos.
- Que bobinho! Teríamos que tirar um eletroencefalograma para descobrirmos afinal o que é que passa nessa tua cabecinha.
- Eletro o quê?
- Um raio X do crânio, meu filho. Só que no nosso mundo não temos médicos pernilongos e muito menos aparelhagem indicada. Olhe só aquela orelha. Vem com a mamãe, vem.
- Que loucura! Eu não estou com fome.
- Mas tem que chupar, meu filho. Pelo menos o dedão daquele pé. Venha...
- Não, mamãe!
- Que bebê teimosinho é você! Depois vai querer mamar, não é?
- Não, mamãe. Eu não vou querer mamar.
E aquele bebezinho pernilongo cresceu e se tornou um adulto inconformado. Se alimentava de sangue somente para sobreviver mesmo. Seus pais morreram numa bombada de inseticida e ele chorou muito. Dizia pra si mesmo: “Até o final  da vida de meus pais foi sem graça. E agora? Vão pro céu ou pro inferno? Serão ressucitados? Serão julgados por Deus porque Moisés escreveu na Bíblia para se absterem de sangue?
E aquele pernilongo voava triste e cabisbaixo inconformado com a vida sem graça que levava.
Aquele pernilongo admirava demais os humanos. Adora tocar em seus ouvidos sua sinfonia pernilongal. Até que um dia, triste foi esse dia levou uma bofetada em seu frágil e raquítico corpo e morreu. Que morte cruel! Creio que para algum lugar ele foi. O molequinho que o esbofeteou odiava demais os pernilongos. Fazer o quê? Ele deve ter ido para o céu. Tadinho.

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