quinta-feira, 14 de junho de 2012

O DESTINO DE SEVERINA


Severina Aparecida Leida de Almeida nasceu por alegria do destino na Alemanha. Dona Leida e Seu Almeida eram seus pais nascidos no sertão da Paraíba e trabalhavam numa das fazendas do velho Fritz, um ricaço alemão.
O velho Fritz não tinha mulher, nem filhos e adorava a moleca Severina demais. Agradava ela com docinhos e balinhas e lhe dava também presentes bons e caros. Para se ter uma idéia, quando a moleca completou seus 15 anos já dominava pelo menos umas quatro línguas já inclusa a língua alemã.
A moleca Severina era virada numa Patricinha de primeira. Só usava tênis e roupas de marcas e não comia qualquer coisa não. Não se sabe onde foi que ela ouviu um dia que comer em demasia é antiético e a moleca só beliscava a casca da batata dizendo que aquilo era social.
Dona Leida e Seu Almeida lascavam-se na lavoura debaixo de sol ou chuva enquanto Severina e o velho Fritz de boas vidas tomavam suco de uva. Eta, febre nas virilhas! Que maravilha! Como a vida é linda!
Dona Leida e Seu Almeida não tinham direito ao conforto e ao luxo, não, rapá! Quem via o barraco que eles moravam na fazenda levava um susto. Era feio demais, gente. A moleca Severina morava no castelo amarelo do velho e tinha um quarto tão grande que se perdia dentro dele. Eta peste meu! Melhor que isso, só Deus!
Sucedeu que, numa noite, o velho Fritz assou um marreco gordo, fez um saladão de repolho com chucrutes e convidou Dona Leida e Seu Almeida para ceiar mais ele, juntamente da moleca Severina. “Não baba louco! Vê se come pouco”. Os pais de Severina estavam tão esfomeados que comeram até a cabeça com bico e tudo do marreco e dá-lhe vinho pros velhinhos. Horas depois foi aquela peidorreira das guerreiras. “Mas, que reiva dessa diarréiva”! Os intestinos dos pais de Severina foram pro pau de vez e nem o SUS do Brasil resolveria essa bexiga de problema. Os médicos diziam que o melhor que eles poderiam fazer era peidarem para o excesso de o gás sair. Cada peido vinha água por todos os lados. Só que eram águas escuras.
Por alegria do destino do velho Fritz, Dona Leida e Seu Almeida morreram juntos e abraçados e, os coitados estavam todos cagados. A moleca Severina chorava feito uma doida. Foi muito triste a falência de seus pais para ela. No dia seguinte, ela mais o velho Fritz estavam na Disney, lá dos states. O velho Fritz queria consolar a moleca e não era dando-lhe uma boneca que tudo ficaria resolvido. Por isso foi que ele a levou para os Estados Unidos.
O velho Fritz gostava dessa moleca demais, mas demais mesmo. Voltaram para a Alemanha, para o castelo amarelo e chega de tristeza. O velho queria agora só alegria. Tomou um porre de vinho paraguaiano e começou a fazer umas gracinhas que deixou Severina aperreada. Eta gota que sai, velho Satanás! Ele queria ver a moleca dançar aquela do “tchan” e o velho insistia e persistia e nada da moleca ceder. Prometeu a ela levá-la no show de Luan Santana no Brasil e ela dançou até a “Pipa do tio”. E o velho babava. Seria o vinho? Não. Ele estava tendo um ataque de epilepsia. Como estava perdendo o fôlego Severina lhe fez uma respiração boca a boca e boa. O velho voltou às origens rapidinhas. Foi aí que ele acertou. Não vacilou. Deu-lhe um beijo de língua e gol. Severina gostou tanto daquele beijo que até pediu o velho em casamento. Por pouco ela não matou aquele velho com aquele convite. Na semana seguinte lá estavam os dois no cartório assinando papéis e aquela coisa toda, Casaram em regime imparcial de bens. O único bem que Severina tinha era ela mesma, e mesmo assim, nem dela era, era do velho. “Sacode seu saco, macaco porque se eu entro neste mato eu te mato”. E o velho deu uma festa das tripas, até o espírito de Elis Regina tava lá pra cantar com João Mineiro “Alô, alô marciano”. “Eta Leida que morreu nas peidas”.
O velho Fritz não queria mais morrer, não. Jurou que se morresse antes de Severina (o que seria mais provável) viria buscá-la.
Sucedeu que alguns anos passaram e nada de Severina engravidar e, o sonho do velho Fritz era deixar sua semente. Não tinha jeito e ele queria um filho mesmo que viesse com defeito.
Severina estava muito saidinha para o gosto do velho. A cabra pegava um de seus carros e dava um rolê pela a Europa e o velho queria morrer de tanto ciúmes. Na realidade, ela queria mesmo era se livrar da imundície daquele velho, rapá. Assim, ela ainda jovem, desfrutaria da boa grana dele pro resto da vida. Estava mesmo querendo que ele morresse, entendeu?
Sucedeu que numa noite ela preparou um jantar pro velho Fritz a moda brasileira: buchada de bode. E o velho comeu tanto que queria era mais. E, naquela noite foi um pesadelo para Severina. O velho soltou tantos gases que se explodiu na cama. Severina ficou apavorada. Ela se arrependeu de ter matado o velho com aquela buchada de bode. Chorou feito um bezerrinho.
Depois do velho enterrado, ela volta pro castelo amarelo e festeja sozinha. A danada toma até rabo de galo. Finalmente, agora ela era uma viúva rica. Será? Acorda assustada pela madrugada. Danou-se tudo: Hitler e toda a Alemanha invadiram o castelo amarelo e ela se caga toda. A pedido de Hitler, ela teria que sair não só do castelo amarelo como da Alemanha em 24 horas senão Hitler iria judiá-la. Mesmo ela não sendo uma judia, temia muito. Foi se embora do Brasil, pro sertão paraibano sem um mísero centavo no bolso. Casou-se com Jubelézio e em pouco tempo encheu a casa de filhos. Que pobreza! Quantos dias de seca e fome! Se ela soubesse que Hitler e toda a Alemanha apareceram para ela só em sonhos, não estaria nessa miséria. O velho Fritz deixou pra ela toda a sua herança. Pelo menos metade da Alemanha era de Severina.

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