Maurício era um homem muito rico. Morava numa belíssima
mansão num dos bairros mais chiques de São Paulo: Jardins.
Malvina era sua esposa. Uma mulher orgulhosa, mesquinha que
não gostava de ninguém, com exceção a seu esposo e seus dois filhos Mauro e
Maura.
Crianças perversas, mal educadas e muito peraltas. Como se
não bastasse, eram porcas. Faziam
cocô no sofá da sala e colocava a culpa em Miau, no gato. Que coisa feia!
- Seu gato maldito! Vai engolir o que fez.
E as crianças malvadas davam risadas.
Apesar de Miau, o gato ser mau trado por todos daquela
mansão, ele os protegia contra os invasores: matou muitas aranhas e escorpiões
venenosos alojados dentro daquela mansão. Nunca o elogiaram por isso.
Maurício e Malvina eram tão mesquinhos que não tinham
empregados. Esse negócio de governanta, empregada doméstica, mordomo, etc.,
gasta muito dinheiro. Quem fazia no maior relaxo do mundo, a faxina na mansão
era Malvina. O que mais predominava dentro daquela mansão era o fedor. Para se
ter uma idéia, os pentelinhos de Mauro e Maura enchiam de bolinhas de catarros as
paredes que tiravam do nariz e pior do que isso: seus pais achavam isso uma
criatividade. Que bando de porcos!
Sucedeu que um dia, Maurício resolveu levar a família para o
litoral, já que fazia muito calor. Passariam fora de São Paulo uns três dias.
Malvina fica preocupada.
- Marido, será que realmente podemos viajar em paz?
- Que pergunta boba é esta agora?
- Você sabe, temos muitos valores aqui dentro da mansão e,
nem sequer, pagamos o guarda da rua e...
- Largue de ser besta, mulher! O que uma família pode querer
ter mais na vida do que um guardião como Raul, nosso cão pitbul? Quem vai ser o
louco de desafiá-lo?
- É. Você está certo.
E foram viajar para o litoral despreocupados.
Na boca da noite, estaciona bem de frente aquela mansão, uma
caminhonete e, dentro dela três marginais que já sabiam que não havia na mansão
ninguém. Conversavam entre eles.
- Como entraremos nessa mansão com essa maldita fera que não
para de latir?
- É simples, seu otário: vamos optar pelos ossinhos de frango
com cio de cadela que trouxemos aqui para acalmar esta fera. Se não tiver outro
jeito: metemos um balaço na cabeça dele e pronto.
Não foi preciso matar o cão Raul. Ele adorou comer os
ossinhos de frango com cio de cadela e, o gato Miau, de longe, observava tudo
de longe.
O gato Miau da um salto da estante bem no ombro de um dos
bandidos e rasga o pescoço dele com suas unhas afiadas.
- Socorro! Tire este maldito gato do meu pescoço. Ele está me
matando.
Um dos bandidos pega o revólver e quando atira, não acerta o
gato que dá um pulo fatal para trás. Infelizmente, o tiro acerta em sua cabeça
que cai morto no chão.
Os outros dois bandidos ficam apavorados.
- Vamos dar o fora daqui antes que sobre pra gente.
E vão embora daquela mansão sem levarem nada.
Três dias depois, Maurício e família voltam para a mansão e,
logo dentro do carro, Malvina entra em crise:
- Olha lá amor! Entraram em nossa mansão.
Choraram muito ao verem Raul, o cão pitbul estirado e morto
no chão. Maurício, ao ver o bandido morto e estirado no chão da sala diz:
- Raul morreu, porém, morreu como herói. Matou o bandido.
Vamos abafar este caso. Faremos um enterro de primeira para Raul e, quanto a
este maldito bandido, eu mesmo o enterrarei em nosso jardim.
E assim Maurício fez.
Maura a menininha do casal, pergunta a seu pai:
- E o que faremos com Miau, o gato, meu pai? Vamos nos livrar
dele. Raul não gostava dele.
- Você está certa, minha filha. Eu também nunca gostei de
gatos. Eles não servem para nada.
O gato Miau parecia entender tudo. Antes que se livrassem
dele, ele foi embora de lá e, nunca mais foi visto por ninguém.
Maurício comprou outro cão da raça pitbul e o batizou com o
nome de Bul. Vixi! Mas, era um cão feroz demais e não gostava de crianças. Sem
problemas. Maurício deixava aquele cão feroz amarrado durante o dia e o soltava
a noite.
Sucedeu que numa tarde, Bul estava com muita sede e, latia
furioso, mas, parece que seus donos estavam muito ocupados para se preocuparem
com a sede daquele animal. Maura brincava na sala com sua boneca e seus gritinhos estavam enlouquecendo Bul, o
cão pitbul. Vixi! Como ele era um cão grande, forte não foi difícil arrebentar
aquela corrente. Livre daquela prisão correu diretamente para a grande sala
onde estava à menina e a devorou. Maurício e Malvina tentaram salvá-la, mas,
foi inútil: foram devorados também como o garotinho Mauro. O único que
sobreviveu, graças à chegada da polícia que teve que matar o cão que, por
sinal, estava louco.
Heróis de verdade não são criados em laboratórios. Heróis de
verdade não precisam mostrar seus dentes para intimidá-los. Heróis de verdade
são aqueles que lhe dão carinho que é a maior expressão do amor. Eles sim são
heróis de verdade.
doutorboacultural.blogspot.com/
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