Sabemos
que oco é aquilo que não tem miolo ou medula;
que não tem a substância interna que tinha; vazio, vão, vazado, escavado e, mole é um volume muito considerável. Mas,
a estória que segue abaixo não tem nada haver com tudo isso.
Mioco
era um japonês calmo, tranqüilo. Era casado com Dona Bidú, uma paraibana
porreta de brava que o dominava-o em todos os sentidos. O casal vivia no sertão
da Paraíba e não tinha filhos.
Dona
Bidú tinha dificuldades de pronunciar o nome de seu marido “Mioco” e, por isso,
o chamava de “Oco”. Mandona que só a peste, não parava de dar ordens ao marido
e, ela gritava:
-
Ocúúú! Mole, rapaz! Vem cá ligeiro salvar o galo que ta se afogando com o
leite.
E
até que Mioco saísse da sala e chegasse no quintal o galo já tinha se afogado.
-
Ocúúú! Mole, rapaz! Tu és um cabra mole demais, visse? Enterra esse galo agora.
E
Mioco, na maior tranqüilidade oriental enterra o galo que morrera afogado.
Dona
Bidú era uma mulher elétrica e Mioco tinha medo que desse nela um curtociquito
e, pegasse fogo na casa e ele morresse queimado ou eletrocutado, coitado.
-
Ocúúú! Mole, rapaz! Tu és muito devagar. Onde é que tu tava agora?
E
Mioco responde com um sorrisinho sem graça:
-
Mioco tava garantido no banheiro, né?
-
Ocú, mole rapaz! Leve estes bolinhos de almôndegas pros gatinhos lá fora pra
ver se eles param de miar.
-
Eles gostam mais garantido de bolinhos de bacalhau, né?
-
Diz a eles que eu também gosto, mas, acabou. Ocú, mole rapaz! Vá ligeiro.
-
Ligeiro garantido, né?
-
Quero ver o garantido hoje a noite debaixo dos lençóis.
Mioco
mal acaba de servir os gatos e Dona Bidú já o chama de novo:
-
Ocúúú! Mole rapaz! Leva estas bistequinhas de porco pros cachorros que eles já
estão chorando lascado de tanta fome.
-
Eles gostam mais garantido de costela a milanesa, né?
-
Diz a eles que eu também gosto, mas, acabou. Ocú, mole rapaz! Vá ligeiro.
-
Ligeiro, garantido, né?
-
Eu já lhe disse e vou repetir: quero ver o garantido hoje a noite debaixo dos
lençóis.
E,
quando chegou a noite, Dona Bidú tomou uma ducha bem gelada para refrescar o
calor da peste que fazia, perfumou-se toda, botou pra rolar na sonata um som de
Amado Batista e, isso, deixou Mioco muito preocupado, afinal, Dona Bidú tinha
1.80m de altura e pesava 150kg e, ele tinha 1.55m e, não pesava mais do que
50kg.
Eta
peste! Baba bobo! Peida, Almeida! Dona Bidú se jogou na cama e ficou aguardando
o molenga de Mioco que tomava uma ducha.
-
Ocúúú! Mole, rapaz! Que demora é essa?
E
ele fingiu não escutar.
-
Ocúúú! Mole, rapaz!
Até
que enfim, ele saiu do banheiro e foi para os braços gordos de sua mulher.
-
Muita dor de cabeça garantida, né?
-
Dor de cabeça garantida? Que porra é essa? Dê-me uns beijos que logo esta dor
vai simbora.
E
Mioco beija os lábios gordos de Dona Bidú e quase se afoga; depois acaricia os
pezões gordos dela cheios de calos, rachaduras, frieiras, chulé e joanete.
Vixi, Nice! Ninguém, merece! E, Dona Bidú queria mais.
-
Ocúúú, mole rapaz! Dê uns lambe-lambe nesses pés, meu Nacional Kid.
E
Mioco banhou os pés de Dona Bidú até o couro cabeludo dela. Pedala na dela, seu
magrela! Quando ela foi conferir para ver se Mioco estava gostando,
decepcionou-se de vez.
-
Ocú, mole, rapaz! Por essa nem Lázara esperava. Tu tá é doente, cabra! Olha só
como é que tu tá suado! Tem que tomar um caldinho quente pra ver se o bicho
sobe, “home”.
-
Caldinho quente é garantido, né?
E
Dona Bidú vai pra cozinha aperreada. Topa com uma galinha folgada em cima da
mesa mandando ver na pipoca e a estrangula de tanta raiva.
-
Ocúúú! Mole, rapaz! Tu vai comer essa galinha caipira que eu acabei de matar.
-
Mas tem que fazer caldinho quente garantido, né?
-
Garantido, o diabo, cabra mole! Tu vai comer ela é sangrando mesmo.
E
Dona Bidú fez seu marido Mioco comer aquela galinha semi morta. Parece que o
coração dela ainda batia. Haja estômago, hein! Naquela noite não deu mais nada,
nas noites seguintes também nada e, finalmente, Dona Bidú cansou-se do “Japa” e
pediu para que ele fosse embora da sua vida. Seu negócio agora era arrumar um
marido “Lampião”, um cabra que tivesse muito gás. Coitado do Japa, gente!
O
tempo passou e parece que seu apelido de “Oco Mole”, pegou em todas as
redondezas daquele sertão, gente. Pula santa! Não é que o Japa mudou de time?
Se ajuntou com Saci Lelê Pererê Nenê, um negrinho que não tinha uma perna, mas,
em compensação era um “pé de mesa” e gostava demais de Oco Mole. E os dois
foram felizes para sempre. Mas, esse tal “Black Love” é muito lindo, não
é?
doutorboacultural.blogspot.com/
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