O BÊBADO

Bêbados, geralmente, é gente boa. Uns bebem pra ficar descontraídos, encarar a sogra, pois, quando estão sãos, é na regra geral, uns bunda moles. Ficam de boca fechada e, não riem nem mesmo quando ouvem um peido de galo, que é muito engraçado. Outros bebem pra atormentarem e estes são os piores e outros bebem porque são chifrudos e, por aí vai.

Êbado era um bêbado pacífico e, por sinal, muito rico. Humilde feito um cão sarnento e abandonado, freqüentava um boteco tão simples feito pano de cú. Bastava ele tomar uma pinga, transformava-se no cara mais legal do mundo. Prometia ajudar todos. Gostava de abraçar como todos os bêbados gostam. Chorava feita uma bezerra menina pensativa que sabe que logo vai virar vina.

Sentimental feito um veado vovô, quando ouvia em seu radinho de pilha músicas do cantor Amado batista tomava mais meia dúzia de pingas e chorava mais do que uma gatinha parindo, ouvindo a vovó afiando a faca na pia da cozinha e, naquela hora, ela não pode fazer nada. Perdeu o peixe.

 Jurubeba, mulher de Êbado, o bêbado, o suportava, porque sabia que com a morte desta besta quadrada ela herdaria grande fortuna de herança. Então, não tinha outro jeito: ela engolia muitos peidos de Êbado, cheirava seu sovaco catinguento do diabo, porque tinha fé no deus Buscapé que um dia ficaria livre dele para todo o sempre. Amém.

O destino de um menino paralítico, pobre e nordestino pode ser triste, porém, o de Jurubeba foi muito mais triste. Uma simples gripinha daquela bem sem vergonha levou a guerreira Jurubeba para o inferno. Engoliu peidos em vão. Morreu como morrem as goiabas podres e bichadas.

Êbado queria um pretexto para chorar mais, enfim, mudar de texto, pois, tudo era tão repetitivo, agora tinha um bom. Chegava ao boteco do Teco e pagava pinga pra todos, até pro Leleco, um cego, porém, com uma única condição. Teriam que ouvi-lo. E ele lamentava.

- Quem vai me dar um cheirinho agora, meu Deus? QUEM?! Eu não ouvi. QUEM?! Quem vai tirar aquelas marquinhas marrons das minhas cuecas? QUEM? Eu não ouvi. QUEM?! QUEM?! QUEM?!

Essas lamentações do bêbado Êbado conseguiram irritar até Deus que cochilava com os anjos.

- Que cara chato! Arrumarei uma companheira para esse otário.

Quem herdou todo o império do velho, grande fortuna em colunas de Êbado, o bêbado santo, foi seu filho Salandro, que graças a Deus só tomava leite. Gostou do final, nenê?

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