Maneco, apesar de não ser um homem bonito fisicamente, tinha
uma beleza interior por ser um homem simples, distinto e muito trabalhador. Era
servente pedreiro este grande guerreiro e trabalhava duro para sustentar sua
rica família em números, ou seja:
Sua mulher Lírios e
seus doze filhos.
Frequentava o boteco de Uga, o portuga. Um português tão
miserável que nem sequer sorria para não desperdiçar energia. O velho Uga, de
certa forma era um homem abençoado, pois, seu boteco vivia lotado. Até o Diabo queria
entender isso, pois, Uga era mais sério do que todo caso sério. Não conversava
com ninguém, não tinha amigos e muito menos família em sua vida.
Só tinha uma única coisa que este português miserável
gostava. O que? Mulher? Para ele isso era uma droga e, isto inclui as sogras. Crianças?
Isso era um drama. O que o portuga gostava mesmo era de grana. Queria ver seu
dinheiro crescer no grande baú que tinha no porão de seu boteco, onde morava.
Tudo o que ganhava depositava em seu baú.
Sucedeu que um dia, Maneco chega ao boteco do portuga com um
colega de trabalho. O Bráulio. Ele e o colega tomam muitas cervejas e pingas,
comem muitos bolinhos de bacalhau e, depois, de satisfeitos, Maneco acena para
o velho Uga, o portuga que este venha até a mesa.
- Querem mais bolinhos? Mais cervejas?
Maneco responde humildemente.
- Estamos satisfeitos. Obrigado.
- Querem pagar a conta?
- Não, velho Uga. O senhor sabe que frequento o seu boteco há
doze anos e...
O portuga fica preocupado.
- Vá direto ao assunto.
- Preciso que me empreste vinte reais.
O que?! Pensem na fúria de um louco. O velho Uga estoura um
copo com a palma de sua mão de tão furioso que fica.
- Seu vagabundo! Vai me pagares o que consumistes com teu
amigo agora.
Maneco calmo feito um bicho-preguiça coçando o pé, tira de
sua mochila um pacote amarelo e surpreende o portuga e todos daquele boteco.
- Deixou de ganhar vinte mil reais, seu português idiota. Fiz
uma aposta aqui com Bráulio, meu ex-colega de trabalho que, caso o senhor
emprestasse-me vinte reais, receberia no ato do empréstimo vinte mil reais.
Caso ao contrário, Bráulio receberia de mim, que ganhei na loteria sozinho,
vinte reais, porém, pagaria a conta da mesa que deu um total de cento e vinte
reais. Toma lá os seus vinte, Bráulio. Bote mais cem e pague a conta e vamos
embora.
O velho Uga coça até sua bunda e fica manso feito um côrno
manco.
- Maneco, lhe conheço há tantos anos e é evidente que fiz uma
pegadinha contigo. Até o copo participou da brincadeira. Olha só minha mão
direita. Está sangrando. É claro que lhe empresto não somente vinte reais como
cento e vinte e digo-te mais: podes me pagar quando puderes e tudo que
consumistes aqui com teu amigo, não é necessário pagar. É brinde da casa.
Maneco olha para Bráulio, dá um sorriso e diz:
- Este portuga é muito inteligente.
E o velho Uga fica tão emocionado que tira de seu bolso cento
e vinte reais e entrega nas mãos de Maneco.
- Lembra-te de mim quando entrares no teu reino.
Maneco estava achando aquilo tudo fácil demais e, pergunta ao
portuga:
- O que vai querer agora?
E o velho Uga surpreende a todos daquele boteco ao responder
para Maneco:
- Apenas um abraço.
- Só um abraço?!
E Maneco da um braço bem apertado no velho Uga e diz:
- Lembrarei de ti, meu velho, quando eu entrar no meu reino.
Adeus.
Até hoje, o portuga está esperando esse safado do Maneco em
seu boteco. Foi para a Bahia com toda a sua família usufruir da grande fortuna que ganhou da loteria. Deu um perdido até em Bráulio, seu ex-colega de trabalho. E foi para a Bahia com sua família usufruir da grande fortuna que ganhou da loteria. Deu um perdido até em Bráulio, seu ex-colega de trabalho.
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O dinheiro, para muitos é como se fosse Deus. Não precisa
tê-lo nas mãos ou sob seus pés. Basta apenas ser visto com os olhos da fé e dar
glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas histórias.
(HISTÓRIAS DA VELHA GLÓRIA)
doutorboacultural.blogspot.com/
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