PODÓLATRA
Podolatria é um tipo particular de
parafilia que tem desejo de pés. Em Portugal e no Brasil, um fetichista de pés
é normalmente reconhecido pela expressão podólatra. ...
A natureza, sem dúvida, é fantástica. Ela nos surpreende de
tal forma que é impossível não admirá-la.
Rufino era um galo diferente dos outros galos. Tinha muito
bom gosto. Seu fetiche chegou num ponto que ele ficou vesgo. Eu explico.
Adorava demais um pé de galinha. Sim, o galo Rufino era podólatra. Era passar
uma galinha por perto dele e, pronto: ela teria que correr porque, se não,
Rufino a atacava.
Coitado do galo Rufino! Acordava cedo como todos os galos,
mas, numa depressão de nenê que dava
pena. Já não cantava mais como antes, aliás, nem cantava. Ele chorava porque
sabia que o amor de sua vida seria impossível. Sofria calado e desejava ter dor
de dente como outros bichos para ter com o que se preocupar.
Quando o galo Rufino dava uma volta no terreiro, as galinhas,
em especial as donzelas, corriam dele. Ele estava de olho esquerdo nuns pés e
de olho direito em outros pés. Ele achava inútil ter aquela crista sobre a
cabeça. Pra que aquela coisa se as galinhas não os respeitavam mais? Pra
aquelas asas pesadas se jamais poderia voar? E pra que aquele bico se não podia
beliscar maravilhas gêmeas que, para ele, eram os pés de galinhas?
Quando Rufino via pela fresta da porta, sua dona comendo
prazerosamente pés de galinha pensava: “Ela
tem bom gosto”.
Certo dia, logo pela manhã, o galo Rufino ficou furioso
quando viu de longe, uma de suas galinhas fazendo gracinhas para um pinto, um
de seus filhos. O que?! Isso é pedofilia. Pensou. A galinha velha beliscava os
pés do pintinho, seu filhinho que já estava entrando na adolescência, na fase
de frango. O galo Rufino deu uma surra na galinha velha e no pinto frango. Ele
não quis entender que a galinha velha apenas tirava os bichinhos de pé com seu
bico do seu filhinho.
Coitadinho do pintinho, gente! O que é que um galo ciumento não é capaz de fazer por amor a uma galinha, hein?
Rufino
estava apaixonado demais por uma galinha e, antes de ir pra panela (porque galo
que não canta, vai pra panela mesmo) resolveu realizar sua fantasia sexual.
Daria umas beliscadas nas maravilhas gêmeas, nos pés de Geni,
sua dona, que era o grande amor da sua vida.
Pois é, daria, mas, não deu. Geni o pegou pelo pescoço e deu
fim no coitado. Que triste sina deste galo, gente! Que final cruel!
doutorboacultural.blogspot.com/
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