quinta-feira, 24 de abril de 2014

A LEOA E O VEADO



Oa era uma leoa triste com a vida que levava na selva. Andava assim meio descontente, porque seu macho Ão, um grande leão só prestava para dormir e comer a caça que ela, sua fêmea caçava.
Ão era brincalhão e adorava seus filhotinhos leãozinhos, porém, a vida não é só adorar. Quem caçava para o almoço e jantar era Oa, pois, se dependesse de Ão, ninguém comia.
Assim que Inho e Inha, filhotes de Oa e Ão cresceram, Oa decidiu mudar radicalmente a sua vida, dando um perdido total em sua família.
Ão, o grande leão ficou preocupado, ainda mais com as fofocas de Pardo, seu amigo leopardo.
- Oa, sua fêmea leoa foi vista com Ado, um grande veado. Bichos e bichas estão dizendo por toda a selva que Ado, o veado e Oa, a sua leoa estão vivendo numa boa.
Ão fica furioso e muito enciumado.
- Se eu pego esse veado, não vai sobrar nada dele.
E Pardo, o leopardo diz:
- Pega mais demora. Pelo que estou sabendo, Ado, o veado não tem medo de felinos. Desista.
- Desistir?! Desde quando um veado não vai temer um felino?
- Dizem que ele até caça leão com seu pistolão.
- Pistolão?! Como é que um veado vai segurar um pistolão nas patas? Isso é conversa fiada.
Era, uma pantera, vizinha de Ão, o leão, passa por ali.
- Olá pra vocês! Por pouco não morri agora, bichos.
Ão, curioso pergunta:
- O que houve?
E Era, a pantera diz:
- Vi um bando de veados descansando e tranqüilos demais pro meu gosto e pensei em atacar ao menos um, mas, o grande veado Ado botou-me pra correr. Ele e sua fêmea Oa, a leoa.
Ão espumava de tanto ódio.
- Oa é a minha fêmea e não desse Ado veado. Leve-me até lá agora, pantera Era.
- Sinto muito rei. Você perdeu sua majestade e, depois outra: o veado Ado está armado. Desista.
- Desistir?! Jamais. Vou mostrar a esse veado quem realmente é macho e rei desta selva. Como chego até lá?
E Era, a pantera, ensina para Ão, o leão, como chegar lá.
Quando Ão chega, depara-se com uma cena que nunca havia visto antes nem em sonhos: veados e veadinhos brincando e, pior, que até ignoraram sua presença. Pois é, não temeram Ão, não.
Ão estava nervoso.
- Cadê o pai de vocês, bando de veados? Quem é este tal Ado? Digam a ele se for macho que venha me encarar.
Quem aparece com um grande pistolão nas mãos? O próprio Ado. Ado?! Mas, veados não têm mãos. Ado era uma bicha assumida, gente. Era o protetor de todos os veados. Simpatizou-se com Oa, a leoa e deixou-a morando lá com o bando de veados. Ado não temeu Ão, não.
- Vai querer dar uma de macho aqui, seu leão velho?
E Ado da uns tiros pro alto, mas, Ão não se assusta. Vira as costas e simplesmente caminha chorando de volta a sua toca. Ele amava demais Oa, sua fêmea leoa. 
Depois de caminhar muito, quem o alcançou na corrida foi o grande amor de sua vida. Quem?! Oa, sua fêmea leoa.
- Ão, meu grande leão, espero que tenha aprendido a lição. Ainda me amas? Sim ou não?
Pensem na alegria de um rei. Ão nunca mais comeu veados a pedido de Oa, sua fêmea leoa e ambos viveram felizes para sempre numa boa.

doutorboacultural.blogspot.com/

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