A vida tem seus altos e baixos, porém, tem pessoas que,
lamentavelmente, não vingam na vida. Tudo o que fazem da errado.
Assim acontecia com Leonardo, um sujeito azarado demais. Teve
oito filhos lindos e saudáveis, os quais morreram todos de uma só vez, vítimas
de um ciclone.
Sempre nessas horas de intensa dor e sofrimento que Leonardo
passava, vinha um velhinho em seu caminho (só Deus sabe de onde) para lhe
consolar.
- Em tudo daí graças, amado Leonardo.
Leonardo com os olhos lacrimosos dizia:
- Como posso dar graças? Perdi meus oito filhos amados de uma
só vez. Morreram todos.
- Mas, ainda tem sua mulher, amado Leonardo. Vocês são
jovens, saudáveis e, a vida continua. Podem ter muitos outros filhos.
Alegre-se. Deus recolheu seus oito filhos porque, sem dúvida, tinha um plano
para com eles. Deus sabe o que faz. Em tudo daí graças.
Ester, a linda mulher de Leonardo a trai com outra mulher.
Com a própria cunhada, ou seja: com Leonarda, irmã gêmea de Leonardo.
Leonardo chora muito, porque amava demais sua mulher Ester.
- Em tudo daí graças, amado Leonardo.
- Como posso dar graças? Minha mulher traiu-me com minha própria
irmã.
- Talvez, ela não era pra ser sua. Deus sabe o que faz. Em
tudo daí graças.
Leonardo pagava aluguel da casa onde morava e, para
sobreviver, tinha que trabalhar muito. Tudo bem que agora não tinha mais mulher
e filhos para sustentar, mas, mesmo assim, tinha que dar um duro danado. Nem pão de mel cai do céu e, aluguel, é
aluguel.
Leonardo
trabalhava como pintor e, sucedeu que um dia, quando estava pintando a parede
de um prédio por fora, de repente, um abutre defeca bem em cima de sua cabeça e
ele se assusta. Pior do que isso: cai do décimo terceiro andar e,
milagrosamente sobrevive. Fica em coma hospitalar entre a vida e a morte, porém,
sobrevive. Dias depois, recebe a visita daquele velhinho.
- Em tudo
daí graças, amado Leonardo.
Leonardo
estava indignado demais.
- Como
posso dar graças? Perdi minhas duas pernas e um braço. Estou internado aqui há
três meses sem saber o que está acontecendo lá fora.
- Lá fora
está tudo igual, amado. Não entendemos os desígnios de Deus, porém, creia: Ele
quer sempre o melhor para nós. Você perdeu duas pernas e um braço, porém, Deus
poupou a sua vida porque tem um plano com você. Alegre-se! Você ainda tem um
braço, uma cabeça, um pescoço, uma bunda, etc., e está vivo, amado.
O
velhinho vai embora e, Leonardo fica ali no leito hospitalar questionando com
Deus, o porquê de estar sofrendo tanto assim.
Recebe a
visita de um pastor político que lhe presenteia com uma cadeira de rodas.
Leonardo só precisava assinar alguns papéis e, como ainda tinha um braço, fez
isso e pronto. Ganhou a cadeira e, três dias depois, alta hospitalar e foi para
casa. Casa? Que casa? Chegando lá, decepciona de vez: havia outros moradores.
Uma alagoana
vem lhe atender no portão.
- Pois é,
seu cadeirante, esta casa foi abandonada e, o proprietário gostou tanto de mim
e de meus doze filhos que, por sinal, são todos trabalhadores que,
encarecidamente, alugou para mim, que paguei um ano adiantado.
Leonardo
fica preocupado.
- Peraí!
E os meus móveis? As minhas coisas?
- Fiquei
sabendo que, o proprietário doou tudo para um pastor político.
Leonardo
só desejava morrer naquela hora. Desta vez, chora com ódio. Conduzindo sua
cadeira de rodas, encontra pelo caminho, aquele velhinho.
- Em tudo
daí graças, amado Leonardo.
Leonardo
estava muito revoltado.
- Como
posso dar graças, enviado de Deus ou do Diabo? Olhe só o estágio do estado que
cheguei. Como se não bastasse, além de perder tudo, não tenho mais moradia.
- Alegre-se,
amado. Ainda tem uma cadeira e, de rodas. Procure uma assistência social. Será
bem recebido. Tomará um bom banho, um cafezinho quente e, amanhã descobrirá que
o mundo é colorido como nos sonhos do nenê. Isso não é lindo?
Leonardo
procura uma assistência social e, chega lá, todo defecado. Precisava urgentemente
que alguém lhe desse uma assistência.
-
Mocinha, acabei de defecar. Olhe só o meu estado. Você pode me ajudar?
Que azar!
A mocinha chuta tão forte aquela cadeira de rodas que Leonardo cai dela.
- Sai pra
lá, seu verme!
E nesse
hora chove muito forte. Leonardo caído no chão, defecado e todo molhado,
desejava morrer. Pior do que isso: um ladrão ainda rouba a sua cadeira de
rodas.
E aquele
velhinho aparece em seu caminho.
- Em tudo
daí graças, amado Leonardo.
- Como
posso dar graças? Olhe só o meu estado. Não tenho mais nada.
O
velhinho lhe dá um guarda chuva.
- Agora
tem um guarda chuva e pode segurá-lo porque tem um braço. Não seja tão
pessimista, amado.
Leonardo
com muito ódio da vida, segura aquele guarda chuva.
- O que
mais me falta acontecer?
De repente,
vem um caminhão em alta velocidade e, acontece um terrível acidente. O velhinho
escapa porque da um pulinho de gato para trás, porém, Leonardo morre na hora e,
da pior forma: Morre com o bico do guarda chuva espetado em seu reto para se
ter uma ideia de quão terrível foi o acidente. Que morte horrível!
O velhinho misterioso chora e diz, olhando para o corpo esfacelado de Leonardo.
Nem tudo na vida é engraçado, portanto, é desnecessário
dar graças a tudo. Dar graça para a desgraça é como aceitar a derrota. É
deteriorar a memória, dizendo tolices como ora
que melhora e ficar dando glórias e glórias e, esta é mais uma das minhas
histórias.
(HISTÓRIAS DA VELHA GLÓRIA 1)
doutorboacultural.blogspot.com/
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