segunda-feira, 14 de abril de 2014

O PATO E O GATO















Sato era um pato deprimido. Não tinha espelho, mas, sabia que era feio. Sentia-se inútil e, tudo o que mais desejava era ser amado por uma pata.


Os alemães Fritz e Frida (seus donos) levaram boa parte de sua família para a panela e, ele foi criado por sua avó, a pata Data.

Data já estava caduca e não falava coisa com coisa. Vendo seu netinho Sato sozinho, querendo tanto o amor de uma pata, ao invés de lhe dar bons conselhos, ainda o deixava mais deprimido.
- Veja bem, meu neto, você é tão pato que perde para aquele gato.
- Que gato, vovó?
E sua avó Data, aponta com o seu bico para Chato, o gato da fazenda dos alemães Fritz e Frida, que vivia tirando um cochilo no telhado da casa.
- Aquele lá, ta vendo? Seu nome é Chato. Ele tem quatro patas e você nem uma.
Sato fica indignado.
- O que?! Eu conheço o Chato, vovó, mas, não sabia que ele tinha quatro patas.
- Tinha não, tem. Não sabia por que você é um pato bocó. Vive aí correndo atrás das patas feito um pato que é, porém, elas não estão nem aí com você.
Sato chora nas asas da avó.
- Vou dar uma surra de bico naquele gato chato, vovó.
- Vai nada, seu inútil. Se bobear, ele ainda vai te comer.
- Me comer?! Aquele safado tem quatro patas e ainda assim, vai querer me comer?
- Bobeia pra ver, bocó. Aquele gato é chegado em nossos ovos. Falo dos ovos das patas, porque vocês patos nem ovos têm. Tem mais: o suco predileto do miserável daquele gato é gemada de ovos de pata. Isso me dá uma raiva! Bebeu muita geração nossa na gemada.
E Sato fica revoltado.
- Vou dar um naquele bigodudo. A senhora vai ver.
- Cuidado, bocó. Todos os gatos são muito mais espertos do que nós e, lembre-se: Chato tem quatro patas e você nem uma e, para concluir: você é um pato.
Sato chora e desabafa para a sua avó.
- Vovó, me responda sinceramente, como se eu não fosse um pato e, sim, um pinto que é nosso parente. Por que as patas fogem de mim feito o diabo da cruz?
E a velha Data responde:
- Talvez porque você não é como um pinto, que costuma ser mais durão em certas horas. Ou será pelo chulé? Não, isso não. Patos não têm chulé porque não usam tênis, nem meias e, muito menos aquelas botas de borrachas. Pisam na lama, na merda e, ainda sim, não têm chulé. Isso é uma bênção. Quem sabe o mau hálito, meu neto. Pois é, nós patos comemos muitas porcarias. Patos não escovam os dentes e, por sinal, patos nem dentes tem. Até nisso, os gatos ganham da gente, em especial, aquele gato lá. Olhe lá. Sem vergonha! Ainda há pouco estava lambendo suas quatro patas. Elas devem gostar porque estão sempre molhadinhas.
E Sato estava muito, mas muito, revoltado.
- Por que é que esse miserável não vai lamber suas gatas? Digo mais: as quatro patas que ele tem são sem vergonhas e adúlteras.
E o pato Sato chorava de raiva, até que incorporou no pinto, seu ídolo e foi falar com aquele gato folgado.
Sato, muito bravo, encara Chato e diz:
- Quac! Quac! Quac! Quac?!

Chato, o gato, o ignorou, é claro. Não entendeu nada. Virou as costas para ele e continuou a caminhar. O pato Sato fica mais furioso e vai atrás dele, protestando:
- Quac! Quac! Quac! Quac?!
Chato fica tão irritado que o intimida:
- Miauuuuu! Miauuuuu!
Vixi! Parecia um choro de bebê daquele mais terrível. Sato ficou com medo e caiu fora. De certa forma, sentiu-se um herói.
As patinhas que antes, desprezavam Sato, ficaram apaixonadas.
- Quac! Quac!
- Quac! Quac!
Vixi! Brigavam feio para ficar com ele. Foi aí que ele, com aquela panca de pinto herói, chega para a sua avó e diz:
- Fui muito mais esperto do que aquele gato chato, vovó.
- E é?
- Falei umas verdades pra ele e disse que daqui pra frente tudo vai ser diferente. Você vai aprender a ser gente. Seu orgulho não vale nada.
- E é?
- Aquele gato chato pode ter quatro patas, porém, eu tenho oito. Quac! Quac! Quac! Quac!
Quando um pato entra no, porém, realmente prova que é um pato.


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