domingo, 13 de abril de 2014

O SUMIÇO DE UM ORANGOTANGO



Ango era um orangotango manso, tranquilo, da paz. Carinhoso demais com sua fêmea que lhe deu em plena selva, doze orangotangosinhos. Eles eram peraltas demais e muito mal-criados.



Tanga, fêmea de Ango, estava ficando velha de tanto se aborrecer com seus filhos. Ango dizia de boca cheia de bananas para ela:

- Deixe os bichinhos brincarem. São nenenzinhos.
Tanga ficava furiosa:
- Nenenzinhos? Esses pilantras já estão enchendo a selva de orangotangosinhos e, você ainda os chama de nenenzinhos?
- Fique calma Tanga. Chupe uma manga.
Tanga não estava mais suportando a vida que estava levando. Sentia-se uma escrava de seu macho e de seus filhos. Faziam muita sujeira na toca onde moravam e, ela ainda tinha que limpar.
Tanga envelheceu antes do tempo. Coitada! Já não tinha mais aquele cheirinho de macaca mocinha, como era gentilmente chamada por seu macho Ango. Como se não bastasse, seus braços e suas pernas estavam enfraquecidos demais devido à artrose que contraiu. Nunca mais, ela poderia dar o pulo da macaca, que era o que mais ela gostava de fazer.
Ango, de boca cheia lhe dizia:
- Coma banana. Faz bem pros ossos.
Tanga, revoltada respondia:
- Eu odeio bananas.
E Ango parecia ter o prazer de irritá-la:
- Tanga, então chupe uma manga ou como uma pitanga.
Sucedeu que um dia, Ango desapareceu da toca onde morava com sua família. Tanga, seus filhos, seus genros, suas noras, seus netos e suas netas ficaram preocupados. Apesar de serem irracionais, se conscientizaram na racionalidade humana e oraram fervorosamente aos deuses macacos para trazerem Ango de volta.



Igre, um grande e feroz tigre estava ferido e, um felino ferido é um perigo. 

Tanga chorava muito, mas, muito mesmo que, até adoeceu. Ela amava demais o seu macho Ango. Dizia em lágrimas para toda a sua grande família:
- Eu sei que esse orangotango pode valer menos do que um frango manco, porém, para mim esse orangotango é mais doce do que um morango. Eu amo ele e, cadê ele?
Foram muitos e muitos dias de procura. Todos os orangotangos da selva se uniram mais do que a união do açúcar e fizeram uma busca total e nada.
Que tristeza na selva! Tanga não resistiu a tanta dor e morreu sem ter resposta a suas orações.
E a busca não parou não, após a morte de Tanga. Os doze filhos diziam:
- Mami morreu, mas, ainda temos o papi. Cadê o papi?
Sinfonia, uma das filhas de Ango e da falecida Tanga, ouve de longe uma música linda e, fica surpresa:
- Música na selva? Nunca ouvi isso.
Chamou seus irmãos para ouvirem também e, não deu outra: queriam ver de perto de onde vinha aquela música. Depois de muito caminharem, chegaram e, todos ficaram boquiabertos com o que viram: uma mansão em plena selva com uma bandeira da Argentina. O que?! E é?!

Os orangotangos curiosos pulam o grande muro daquela mansão e aí é que abriram a boca de vez mesmo com o que viram.


Ango, o pai orangotango dançando tango com Albertina, uma moça argentina.
 Pensem numa fúria de arranjos que ficaram esses doze orangotangos.
- Orangotango adúltero.
- Traiu nossa mamãe.
- Com uma argentina ainda.
- Safado! Pilantra!
Os doze orangotangos deram uma surra no pai e na moça argentina, por sinal, muito bonita e rica. Deram um sumiço no pai. A moça sumiu por opção própria. Ficaram morando lá naquela imensa mansão e, foram felizes para sempre.


doutorboacultural.blogspot.com/


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