Iga era muito mais do que uma formiga. Era uma super formiga.
Queria convencer sua grande parentela do formigueiro onde morava, que violência
é o que mais de mal pudesse existir.
Iga odiava brigas, intrigas e era muito amiga das outras
formigas que pensavam assim como ela. Vegetariana, não comia carne de espécie
nenhuma e muito menos bichos, insetos, assim como ela.
Iga, a super formiga, vinha caminhando para o seu formigueiro
com uma baita dor nas costas, pois,
carregava uma lasquinha de alface. Ao
chegar ao formigueiro se depara com uma cena cruel, horrível: suas tias e
primas e muitas outras formigas torturavam Ata, uma pobre barata.
- Não façam isso com essa pobre barata indefesa minhas tias e
primas e vocês todas as formigas. Essa barata deve ter família como vocês, como
eu. A coitada já e mal quista e mal vista pelos homens da terra, portanto,
deixe-a em paz. Eu trouxe alface para nós.
Ima, uma das primas de Iga, a super formiga, diz com ironia:
- Não queremos alface. Queremos o sangue doce dessa barata.
- Baratas não têm sangue, bobinha. Vocês são carnívoras, não
são? Lembra-se de Duá, o grande e terrível tamanduá que fez uma limpa em nossos
antepassados? Pois é, ele teve um AVC e está agonizando para morrer lá na mata
verde.
Ia, uma das tias de Iga, pergunta:
- Mata verde?
- Sim. Aquela mata que fica ao lado do lago dourado. Passei
lá agora pouco e Duá, o tamanduá está quase morto, suas inúteis. Vão querer
perdê-lo para os abutres?
E aquelas formigas deixam Ata, a barata agonizando ali no
formigueiro e correm andando para a mata verde.
Quando aquela multidão de formigas chega à mata verde, já era
tarde para voltar. Caíram na lábia de Iga. Duá, o grande tamanduá estava mais
vivo do que um saudável menino. Fez uma limpa naquelas famintas formigas como
um aspirador que elimina o pó, a sujeira.
Iga chora por elas, é claro, mas, o que mais poderia fazer?
Duá, o grande tamanduá poupou sua vida, não a comendo e, Iga prometeu
recompensá-lo por isso. Orou para Eiro, o formigão protetor dos formigueiros.
- Eiro, tu que és o formigão protetor dos formigueiros,
induzas as formigas a praticarem o bem enquanto ainda são nenéns. Nossa espécie nunca ficará em extinção, tu sabes. Onde
houver açúcar e farinha lá sempre haverá formiguinhas. Salvei Ata, minha amiga
da barata e, sei que um dia, embora eu não espere por isso, serei recompensada.
Rogo-te mais uma vez: induzas as formigas a praticarem o bem, enquanto ainda
são nenéns. Amém.
Certo dia, Iga sentiu um faro de farinha que vinha de longe.
Disse pra si mesma:
- Que farinha diferente será esta? Vou até lá.
Dou outro lado, Ata, aquela barata, com suas antenas que
nunca falham, sentiu que uma coisa ruim estava para acontecer com a sua melhor
amiga Iga, a super formiga. E Ata fica desesperada.
- E agora, o que posso fazer para ajudá-la. Estou muito longe
dela e baratas nem sempre conseguem voar quando querem. Tudo depende da lua.
Ela não pode comer aquela farinha. Não pode.
Como Ata estava no sentido contrário de Iga que vinha se
aproximando daquela farinha, não teve outro jeito. Ata, a barata, chama toda a
sua parentela de baratas e diz:
- Sei onde tem uma quantidade imensa de farinha da boa, só
que precisamos chegar lá rápido.
Pensem numa multidão de baratas. Chegaram primeiro do que Iga
e comeram toda aquela farinha diferente que era a legítima cocaína. Morreram de
overdose, é claro. Quando Iga, a super formiga vê Ata, sua melhor amiga barata
e muitas outras estiradas no chão e mortas, chora muito, mas, muito mesmo.
- Não tinha necessidade de fazer isso por mim, amiga Ata,
super barata. Os humanos envenenam a nós insetos, temem nossos venenos, mas,
são os maiores fabricantes de veneno do planeta. Suas químicas destroem
famílias e até mesmo suas próprias vidas.
Se Iga, a super formiga, pudesse voar, voaria para bem longe
dali, só para não ver tantas baratas mortas pelo caminho.
doutorboacultural.blogspot.com/
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