Estive no meio de muita gente importante. Gente da classe
média, da classe alta e, a sensação de sentir-me pequeno foi a pior coisa que
conheci em minha vida. Na regra geral, todos me olhavam feio e, isto inclui até
mesmo as crianças. Minha presença incomodava a todos daquele finíssimo
restaurante da cidade de São Paulo e, fui convidado por um dos garçons a me
retirar de lá.
- Retire-se, senhor.
- Por quê?
- Porque este não é um lugar para o senhor.
Eu tinha dinheiro guardado no bolso, mas, o garçom não quis
me servir e, nem sequer me ouvir. Preferi não discutir com ele e, de cabeça
baixa, saí daquele restaurante. Não sou fumante e também não bebo bebida alcoólica,
porém, transpiro muito e meu suor estava insuportável. Entendi que aquele lugar
devido o estado em que eu estava, realmente não era um lugar adequado para mim.
Sem contar que também não estava bem trajado.
Entrei numa drogaria e perfumaria e, minha intenção era
comprar um sabonete, um desodorante, depois pegar um hotel, tomar um banho e,
no dia seguinte, seguiria para o meu destino. Osso não aconteceu. Fui barrado
por um segurança, dizendo-me que tentei furtar alguns produtos e, minutos
depois chega a polícia. Fui muito humilhado. Fui preso. Fiquei tranqüilo por
não dever nada e, na delegacia, eu seria liberado após conversar com o
delegado. Isso não aconteceu. O delegado titular estava ausente e, só
retornaria na semana seguinte. Fui muito mais humilhado quando exigi os meus
direitos. Queria simplesmente dar um telefonema e falar com o meu advogado,
porém, não me deram esse direito. Divertiram-se comigo, depois me jogaram numa
cela de bandidos de todos os tipos e, não preciso contar em detalhes o que me
aconteceu naquele inferno por sete dias. Eu só queria entender Deus (que é o
grande juiz) naquela hora.
O delegado titular voltou ao ofício e quis falar comigo.
- Sr. Juarez, mas, não consigo entender o porquê de estar
aqui. Meritíssimo, o senhor é um juiz e...
Eu simplesmente olhei para aquele delegado com fúria em meus
olhos e disse:
- Me de agora o seu celular que tenho duas ligações a fazer.
- Sim, é claro, meritíssimo.
Falei em italiano nas duas ligações e ele não entendeu nada.
Depois, era a minha vez de fazer perguntas.
- Por que esteve ausente desta delegacia?
O delegado suava muito e enxugava seu suor com um lenço.
- A cachorrinha de estimação da minha filha adoeceu, meritíssimo
e, tive que levá-la para os Estados Unidos, onde existem os melhores
veterinários do mundo. Mesmo assim, lamentavelmente, ela morreu.
- Na sua ausência deveria ter um delegado substituto aqui.
- Achei que não seria necessário, senhor.
- Faz idéia de quanto fui humilhado?
Ele baixa a cabeça e não me diz nada.
Quarenta minutos depois daquela ligação que fiz, chegaram os
meus homens. Um deles, também juiz de direito como eu e os outros três
corregedores da polícia civil. Dei ordem para fechar aquela delegacia e prender
aqueles quatro policiais que me prenderam na mesma cela onde fui humilhado.
- Ajoelhe-se e reze delegado, para que Deus tenha piedade de
sua alma e também da cachorrinha da sua filha.
Tirei a vida daquele homem. Não era mesmo um bom delegado. Fui
até a cela onde estavam os bandidos e os policiais encarcerados, olhei para
cada um deles e disse:
- Matá-los sei que é muito pouco pelo que me fizeram, porém,
vão morrer, é claro. Vou explodi-los.
Era comovente ouvir seus gritos de socorro. Não queriam
morrer, como ninguém quer. Joguei uma bomba dentro daquela cela e todos tiveram
uma morte horrível.
Eu e meus homens fomos para aquela drogaria e perfumaria e,
prendemos aquele segurança que me abordou. Tirei a vida daquele homem no alto
da serra. Não era mesmo um bom segurança. Depois fomos para aquele finíssimo
restaurante e, prendemos aquele garçom que me humilhou. Este eu deixei vivo,
porém, da pior forma. Nunca mais estará apto para qualquer tipo de serviço,
principalmente o de servir. Seus braços e pernas foram mutilados.
Importa muito na vida e para a vida,quem realmente somos.
doutorboacultural.blogspot.com/
email: marvin-hm@hotmail.com
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