sábado, 3 de novembro de 2012

SONHOS




Sonhos são muitos. Falo daqueles sonhos quando estamos acordados, despertos pra vida enquanto ela passa. Lembro-me da minha infância, das minhas peraltices e das pessoas rindo e, com isso, senti-ame um artista. Eu achava que ia ser na vida um ator. Na televisão, eu assistia aquelas cenas de telenovelas, filmes e seriados e, pensava convincentemente que podia fazer igual ou melhor que tais atores.
Das celebridades do passado, conheci pessoalmente, no salão de cabeleireiros da antiga e já falida Rede Tupi de Televisão, o ator Carlos Zara. Eu tinha muita admiração por ele. Nunca mais ei de esquecer o que um dia ouvi de sua própria boca: “Você já é um ator”. Pois é, eu achava que era mesmo. Quem sabe, se tivesse aparecido um guia na época que me guiasse hoje eu seria um grande ator.
Apaixonado por músicas na minha adolescência me encantei com Maria Bethânia. Eu poderia ouvi-la 24 horas por dia, porque para mim, até hoje, ela é a maior das estrelas que já pude ouvi cantar. Realizei um dos meus sonhos, indo até Santo Amaro da Purificação, na Bahia, cidade onde minha deusa nasceu. É um “tesão” sonho de adolescente. Fui até lá, predisposto a dizê-la que eu era o seu fã e, que, poderia compor algo para ela cantar. Que loucura! Maria Bethânia cantava Chico Buarque, Caetano Veloso (seu irmão), Gonzaguinha, Lupicínio Rodrigues e tantos outros, e eu? Foi até bom que não nos conhecemos na época. Que música eu iria apresentar a ela?
Nunca mais ei de esquecer, quando eu tinha dezesseis anos. Eu era office-boy em São Paulo e, o principal dos meus hobbies era entrar em lojas de disco. Naquela época não havia internet e eu queria muito as letras do LP Mel de Maria Bethânia. Sinceramente, eu não podia comprar. Era muito caro, como deveria ser até hoje. O dono da loja me emprestou a capa do disco por alguns dias e, então escrevi todas as letras em meu caderno. Quando fui fazer a devolução da capa, o homem da loja me surpreendeu: deu-me o vinil de Bethânia de presente. Chorei de alegria, é claro. Foi o maior dos presentes que já ganhei na minha vida.
Maria Bethânia pode nunca saber disso, mas, eu me inspirei nela para crescer. Se ela cantava Chico Buarque, Caetano, Gonzaguinha, Lupicínio Rodrigues, procurei conhecer a fundo o que seria compor. Nossa! A MPB jamais poderia morrer gente! É raro você ouvir, nessa geração “bosta” de hoje, quem curte aquilo que vale a pena ser curtido. Sons irritantes desses vírus musicais estão por toda a parte. A febre pegou e não tem mais jeito.
Desde minha adolescência, compus muita coisa. É um “tesão” quando, de repente, do nada, aparece um som assim em meus ouvidos e eu sinto uma necessidade imensa de fazer aquele ritmo virar letra.
Antes de eu fechar os meus olhos e despedir da vida, gostaria muito, mas muito mesmo de falar para vocês que sonham enquanto são jovens: “Não deixem seus sonhos morrerem. Conquistem o sucesso”. Eu queria muito poder conhecer Maria Bethânia pessoalmente. Ninguém sabe ao certo para onde vai e, se realmente vai para algum lugar. Amo-te Bethânia. Parabéns, por você existir.
Hoje não sou um ator, nem tão pouco um cantor. Adoro escrever, embora eu também não seja escritor. Não fui feliz em relacionamentos matrimoniais, tenho alguns filhos e, não posso cobrar o amor deles para comigo. Só que, se talvez, friamente, eu tivesse abandonados eles por completo, como muitos afirmam, eu com certeza seria “alguém” hoje na vida e poderia descansar em paz. Eu nunca me esqueci deles, como também não vou esquecê-los.
Amo Doutor Boa e todos aqueles que respeitam a vida. O que mais posso dizer?

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