domingo, 18 de novembro de 2012

A PIOR FORMA DE MORRER




Não se pode dever para a morte, pois, ela vem te buscar em vida, ou seja: não se pode dever para traficantes de drogas, pois, não pagando a dívida, o devedor morre.
Wagner era um jovem bonito, saudável, estudioso e trabalhador responsável. Seus pais, João e Maria e, suas duas irmãs gêmeas Raquel e Raissa os amavam muito. A felicidade reinava no seio desta família.
Wagner era brincalhão e, não podia ver ninguém triste que já tentava animar. Ele tinha 23 anos, mas, parecia um molecão de 16 anos.
Conheceu Rafaela, uma linda jovem de 18 anos e iniciou um romance com ela. Os pais e irmãs de Wagner não gostaram de Rafaela, pois, ela era usuária de drogas, uma dependente química e, isso, poderia prejudicar a vida de Wagner.
Com o passar do tempo, Wagner já não era mais o mesmo. Aquele seu semblante estampado no rosto que transmitia alegria, havia morrido. Antes, ele vivia sorrindo, cantando, alegrando a todos. Agora, zangava-se por qualquer coisa. Discutia feio com seus pais e irmãs, por causa de sua namorada e, o clima ficou mais tenso ainda na família quando ele decidiu trazer Rafaela, que estava grávida dele para morar na casa de seus pais. Wagner estava perdidamente apaixonado por Rafaela e, por ela, seria capaz de fazer qualquer coisa. Um rapaz que era trabalhador responsável, agora já não era mais; abandonou o emprego de bancário e, pior que isso: conheceu as drogas e passou a ser também, um dependente químico como a namorada Rafaela.
As brigas e discussões eram constantes dentro de casa. Rafaela não ajudava em nada nos afazeres domésticos e, ainda exigia boa comida. Batia em Raissa (17 anos), uma das gêmeas e, feria moralmente seus pais João e Maria.
Raquel e Raissa, não suportando mais viver naquela casa, foram embora, causando grande dor a seus pais. Não demorou muito, quando o velho João descobriu que suas meninas estavam se prostituindo para ganhar a vida lá fora, ficou tão abalado que se enfartou e morreu.
Agora, quem mandava na casa, na ausência de Wagner, era Rafaela. Que crueldade! Ela humilhava e espancava dona Maria, que acabara ficando com sérios problemas mentais. A pedido de Rafaela, Wagner interna sua mãe num hospício.
Aquela casa que, antes reinava alegria, agora tinha uma “alegria ilusória”, por causa das drogas. Era freqüentada por traficantes e usuários de drogas e, freqüentemente visitada pela polícia. A vizinhança sofria, devido ao som exageradamente alto e o barulho das brigas e discussões causados pelas drogas e bebidas alcoólicas. À noite, ninguém dormia.
Wagner sobrevivia passando drogas que pegava dos traficantes. Como se não bastasse, quando se viu apurado e em dívidas com eles, começou a roubar para livrar-se das dívidas.
Rafaela deu a luz uma linda menina e, felizmente, ela nasceu saudável, porém, a mãe Rafaela, morreu no parto. Wagner se chocou muito com isso. Viu-se apurado com sua filhinha Juliana. Ele amava-a demais. Quem cuidava da menina enquanto ele fazia seus corres era Olga, irmã de um dos traficantes.
O tempo passou e, cada vez mais, a dívida de Wagner aumentava. Ele queria mudar de vida, voltar a trabalhar, mas, estava amarrado de mais, nas mãos de perigosos traficantes da Vila Verde, bairro de Curitiba – PR, onde morava. Juliana já tinha três anos e, ele continuava roubando para sustentar a casa e também parcelar suas dívidas com os traficantes.
Não. Do jeito que estava não poderia mais ficar. Wagner decidiu fugir, levando consigo sua filha para bem longe daquele lugar. Decidiu mudar de estado. Saiu bem cedo de sua casa com a menina nos braços, olhando para todos os lados para ver se não estava sendo vigiado ou perseguido. Pegou um taxi que o levou até a rodoviária e, de lá, partiu para a cidade de Gramado, interior do Rio Grande do Sul.
Que mudança radical e extraordinária ocorreu em sua vida! Ele se converteu ao cristianismo e congregava assiduamente numa igreja evangélica. Conseguiu um excelente emprego como gerente bancário e, ganhava muito bem. Em pouco tempo já morava com sua filha em sua própria casa. Enquanto ele trabalhava, a babá Amélia cuidava de sua filha Juliana que já tinha sete anos e já cantava lindos hinos na igreja.
Numa noite de sexta feira, quando Wagner chega a sua casa é surpreendido por quatro elementos de alta periculosidade. Ele reconheceu aqueles sujeitos. Eram aqueles traficantes lá da vila onde morava em Curitiba. Wagner gelou-se. Os traficantes já estavam dentro de sua casa e já haviam violentado e matado Amélia, a babá de Juliana. Foram horas de intenso pavor. A pequena Juliana estava amarrada numa cadeira e, os traficantes a torturavam somente para verem a aflição nos olhos de Wagner que nada podia fazer. Um dos traficantes humilha Wagner, deixando-o de joelhos sobre a mira de um revólver.
- Você nos traiu, compadre. E agora? O que é que seu Jesus pode fazer por ti?
Wagner suplica e chora.
- Pelo amor de Deus, não façam nada com minha filha! Eu vou pagar tudo o que devo para vocês! Hoje eu posso.
E Wagner leva vários golpes na cabeça. Sua boca sangrando e, ele vê sua filha sendo abusada sexualmente, violentada e estrupada de forma estúpida.
O traficante diz:
- Você é um covarde. Pensamos numa excelente morte para você. Se você for vitorioso, de repente, nem vai morrer e, sua dívida, será considerada paga.
E aqueles quatro elementos, totalmente drogados e frios, torturam mais e mais Juliana que acaba morrendo. Wagner grita e chora convulsivamente e, agora, deseja morrer e clamava por isso, sem medo:
- Matem-me agora, seus vermes! Eu quero em espírito me vingar de cada um de vocês, seus demônios!
E os traficantes deixam Wagner amarrado, mas, não tiram a sua vida e vão embora. Uma hora depois, a polícia chega. Provavelmente, alguém denunciou. Tarde demais. Recolheram os corpos de Amélia e Juliana e levaram Wagner para um hospital, saindo de lá para um hospício. Ele ficou completamente louco, considerado assim um “vivo-morto”. A pior forma de morrer.

“Se ela bater em sua porta, não abra; não a deixe entrar, pois ela pode ser a morte que veio te buscar em vida. Onde há alegria, ela promoverá tristeza. Não diga nada as drogas, pois, elas jamais vão te entender”.


doutorboacultural.blogspot.com/

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