quarta-feira, 21 de novembro de 2012

SÍNDROME DO PÂNICO



Ênio era um sujeito estressado demais. Vivia ansioso, preocupado, com muito medo de morrer a qualquer momento. Era comum ele dirigir seu automóvel, achando que, de repente, seu coração ia parar de bater e aí tudo iria acabar para ele. Então, ele parava seu automóvel no acostamento da rodovia, colocava sua mãe direita sobre seu coração e ficava aguardando a sua última batida.
Stênio era o seu melhor amigo. Um homem esotérico que dizia coisas absurdas. Ele queria ajudar o amigo Ênio a se livrar desta terrível síndrome do pânico, a qual sofria.
- Veja bem Ênio, antes de virmos para este mundo, fomos programados lá em cima, por seres do além. Quem são esses seres? São cientistas hiper inteligentes. Eles usam uma matemática superior a nossa e, ela é infalível, capaz de fazer cálculos exatos das batidas do nosso coração. A partir do nosso nascimento, o coração começa a bater. Digamos que o seu coração foi programado para bater 21 bilhões, 399 milhões, 993 mil e 12 batidas. Vencendo esse total de batidas, caixão, meu velho.
Ênio se coçava, apavorado.
- Como saber quantas batidas tem nosso coração?
- Aí você perguntou demais, amigo Ênio. Temos que evitar tudo àquilo que entope as artérias, principalmente a gordura para que o sangue não deslize, porque ele vida ao coração e a todos outros órgãos. Se o sangue escorrega na gordura, ou leva cafeína, nicotina ou álcool pro coração, o mesmo pode acelerar e você terá um ataque cardíaco ou morte súbita.
Ênio ouvindo isso se gela todo. Stênio continua a falar.
- O que é mais comum é o derrame cerebral. Se o sangue não estiver legitimamente limpo, deixa o cérebro sem oxigênio, às finíssimas artérias se rompem e o indivíduo ganha o derrame cerebral podendo morrer ou não. Quando não mata, o derrame aleija.
Ênio suava frio.
- Stênio, por que minha nuca está doendo forte?
- Sua pressão sanguínea arterial está exageradamente alta. Se ela estourar na cabeça, caixão. Tome um suco de maracujá com urgência, porque você está tão vermelho feito o sangue de Jesus.
Ênio sai correndo dali, da casa do amigo Stênio, para na primeira lanchonete e toma um suco de maracujá.
O homem estava pálido, sô! Seu coração batia 22º por minuto e, ele achou que ia ter ataque cardíaco nos próximos minutos. Correu e entrou na primeira farmácia que encontrou e queria saber quanto estava sua pressão arterial. O farmacêutico assustou-se quando viu marcar no esfigmomanômetro 230x17.
- Meu senhor, sua pressão está muita alta! Está a ponto de sofrer um derrame cerebral. Toma algum medicamento? Tem vícios como o de fumar, beber?  Costuma comer comida muito salgada?
Ênio desmaia e acorda num hospital. Estava calmo, tranquilo, sentindo-se “bem” em todos os sentidos. Seus pais, ao lado de sua maca, deixaram Ênio preocupado.
- Pai?! Mãe?! Mas, vocês estão mortos?
Seu pai sorri e diz.
- Ninguém morre, meu filho. Apenas desencarna. Seja bem-vindo ao mundo dos espíritos.
Ênio abraça seus pais, chora, mas, logo se conforma: seu coração nunca mais pararia de bater. Estava livre da síndrome do pânico.

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