terça-feira, 27 de novembro de 2012

O PREÇO DA TRAIÇÃO



João Victor e Vitória era um casal muito feliz. Ele, 40 anos e, ela, 37. Conheceram-se ainda na infância, no sítio Areião, em Mogi Mirim, interior de São Paulo. O sítio era do velho Antônio, avô de João Victor, e a pequena Vitória era filha de um dos empregados do velho Antônio.
João Victor e Vitória cresceram juntos e, eram eternos namorados. Compartilhavam todas as emoções juntos.
O velho Antônio morreu e, João Victor herdou aquele sítio com mais de trinta alqueires de terra e, casou-se com Vitória, o grande amor de sua vida.
Quando se casaram, Vitória tinha apenas 17 anos e seu sonho era engravidar do marido, porém, os anos passaram e ela continuava estéril e cobrava isso dele.
- Quero que você leve-me ao médico, amor.
- Você está doente?
- Estamos casados há cinco anos e não temos sequer, um filho.
- Para quê filhos? Deixe isso pra lá. Está tão bom assim.
- Toda mulher deseja ser mãe quando se casa e eu não sou diferente.
- Você é jovem e muito bonita. Se tiver filhos vai envelhecer antes do tempo, como acontece com todas as mães. Filhos vêm ao mundo só para aborrecerem os pais.
E esse era o grande motivo das discussões do casal. Vitória cai em depressão. Nada para ela tinha mais prazer do que o de gerar uma criança.
João Victor trabalhava num escritório de contabilidade no centro da cidade de Mogi Mirim e, Vitória ficava em casa, no sítio. Numa tarde, quando João Victor chega a sua casa, se depara com Vitória que não podia se conter de tamanha alegria.
- Estou grávida, meu amor.
João Victor não gostou de ouvir isso, porém, não deixou transparecer sua indignação.
- Que bom! Fico feliz por você estar feliz.
- Abrace-me, amor.
E logo, nasceu uma linda menina. Regina era saudável e muito mimada pela mamãe coruja.
Num domingo pela manhã, a vizinhança daquele sítio ouviram gritos de desespero de Vitória. A pequena Regina, com apenas três meses de vida, fora picada por vários escorpiões e chegara sem vida no hospital da cidade.
Vitória caíra novamente em depressão e, desta vez ficara até hospitalizada durante meses, para se recuperar.
De volta para casa, no sítio, Vitória se isola outra vez. Dona Mirtes, uma das moradoras daquele sítio, era quem fazia os afazeres domésticos como lavar, passar, arrumar a casa e cozinhar.
O tempo passou. Vitória voltou a sorrir aos 37 anos: engravidou novamente. João Victor sempre a seu lado lhe dando atenção, amor e muito carinho. Os vizinhos comentavam que, Vitória era a grávida mais feliz do mundo.
Vitória, no oitavo mês de gestação, sentia-se saudável e até contava os dias para dar a luz. João Victor tomava uma ducha bem quente, pois, fazia muito frio. Quando volta para o quarto, Vitória mal podia respirar, estava perdendo a visão e a vida, mas, ainda podia ver com dificuldade João Victor e ouvi-lo. Friamente, ele tira uma cobra coral debaixo do cobertor que cobria a mulher.
- Eis o preço por me trair, meu amor. Se eu não posso gerar filhos, de quem era esse maldita criança que você esperava? Os escorpiões levaram sua pequena Regina e, agora, esta cobrinha levará você e teu filhinho para o inferno. Descanse em paz, meu amor.
João Victor fica muito nervoso e abalado por aquilo que fez, porém, todos acreditam que tais mortes como a da pequena Regina e, agora de Vitória e o filho que esperava, não passaram de acidentes.
Dois meses depois, João Victor recebe uma ligação da clínica de reprodução humana onde tratava de sua infertilidade. Uma hora depois, ele ouve de seu médico:
- Caro João Victor, me perdoe. Médicos e doutores também erram. Fizeram trocas de espermogramas no laboratório e, para resumir: você pode gerar filhos. É fértil.
João Victor sai daquela clínica e nunca mais, acha o caminho de volta para a sua casa, no sítio. A última vez que fora visto estava num matagal, onde se escondia até mesmo do próprio sol. Ficou completamente louco e nunca mais foi visto por ninguém.



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