quarta-feira, 16 de abril de 2014

OCO, MOLE



Sabemos que oco é aquilo que não tem miolo ou medula; que não tem a substância interna que tinha; vazio, vão, vazado, escavado e, mole é um volume muito considerável. Mas, a estória que segue abaixo não tem nada haver com tudo isso.

Mioco era um japonês calmo, tranqüilo. Era casado com Dona Bidú, uma paraibana porreta de brava que o dominava-o em todos os sentidos. O casal vivia no sertão da Paraíba e não tinha filhos.


Dona Bidú tinha dificuldades de pronunciar o nome de seu marido “Mioco” e, por isso, o chamava de “Oco”. Mandona que só a peste, não parava de dar ordens ao marido e, ela gritava:
- Ocúúú! Mole, rapaz! Vem cá ligeiro salvar o galo que ta se afogando com o leite.
E até que Mioco saísse da sala e chegasse no quintal o galo já tinha se afogado.
- Ocúúú! Mole, rapaz! Tu és um cabra mole demais, visse? Enterra esse galo agora.


E Mioco, na maior tranqüilidade oriental enterra o galo que morrera afogado.
Dona Bidú era uma mulher elétrica e Mioco tinha medo que desse nela um curtociquito e, pegasse fogo na casa e ele morresse queimado ou eletrocutado, coitado.
- Ocúúú! Mole, rapaz! Tu és muito devagar. Onde é que tu tava agora?
E Mioco responde com um sorrisinho sem graça:
- Mioco tava garantido no banheiro, né?
- Ocú, mole rapaz! Leve estes bolinhos de almôndegas pros gatinhos lá fora pra ver se eles param de miar.
- Eles gostam mais garantido de bolinhos de bacalhau, né?
- Diz a eles que eu também gosto, mas, acabou. Ocú, mole rapaz! Vá ligeiro.
- Ligeiro garantido, né?
- Quero ver o garantido hoje a noite debaixo dos lençóis.



Mioco mal acaba de servir os gatos e Dona Bidú já o chama de novo:
- Ocúúú! Mole rapaz! Leva estas bistequinhas de porco pros cachorros que eles já estão chorando lascado de tanta fome.
- Eles gostam mais garantido de costela a milanesa, né?
- Diz a eles que eu também gosto, mas, acabou. Ocú, mole rapaz! Vá ligeiro.
- Ligeiro, garantido, né?
- Eu já lhe disse e vou repetir: quero ver o garantido hoje a noite debaixo dos lençóis.


E, quando chegou a noite, Dona Bidú tomou uma ducha bem gelada para refrescar o calor da peste que fazia, perfumou-se toda, botou pra rolar na sonata um som de Amado Batista e, isso, deixou Mioco muito preocupado, afinal, Dona Bidú tinha 1.80m de altura e pesava 150kg e, ele tinha 1.55m e, não pesava mais do que 50kg.
Eta peste! Baba bobo! Peida, Almeida! Dona Bidú se jogou na cama e ficou aguardando o molenga de Mioco que tomava uma ducha.
- Ocúúú! Mole, rapaz! Que demora é essa?
E ele fingiu não escutar.
- Ocúúú! Mole, rapaz!
Até que enfim, ele saiu do banheiro e foi para os braços gordos de sua mulher.
- Muita dor de cabeça garantida, né?
- Dor de cabeça garantida? Que porra é essa? Dê-me uns beijos que logo esta dor vai simbora.
E Mioco beija os lábios gordos de Dona Bidú e quase se afoga; depois acaricia os pezões gordos dela cheios de calos, rachaduras, frieiras, chulé e joanete. Vixi, Nice! Ninguém, merece! E, Dona Bidú queria mais.
- Ocúúú, mole rapaz! Dê uns lambe-lambe nesses pés, meu Nacional Kid.
E Mioco banhou os pés de Dona Bidú até o couro cabeludo dela. Pedala na dela, seu magrela! Quando ela foi conferir para ver se Mioco estava gostando, decepcionou-se de vez.
- Ocú, mole, rapaz! Por essa nem Lázara esperava. Tu tá é doente, cabra! Olha só como é que tu tá suado! Tem que tomar um caldinho quente pra ver se o bicho sobe, “home”.
- Caldinho quente é garantido, né?
E Dona Bidú vai pra cozinha aperreada. Topa com uma galinha folgada em cima da mesa mandando ver na pipoca e a estrangula de tanta raiva.

- Ocúúú! Mole, rapaz! Tu vai comer essa galinha caipira que eu acabei de matar.
- Mas tem que fazer caldinho quente garantido, né?
- Garantido, o diabo, cabra mole! Tu vai comer ela é sangrando mesmo.
E Dona Bidú fez seu marido Mioco comer aquela galinha semi morta. Parece que o coração dela ainda batia. Haja estômago, hein! Naquela noite não deu mais nada, nas noites seguintes também nada e, finalmente, Dona Bidú cansou-se do “Japa” e pediu para que ele fosse embora da sua vida. Seu negócio agora era arrumar um marido “Lampião”, um cabra que tivesse muito gás. Coitado do Japa, gente!
O tempo passou e parece que seu apelido de “Oco Mole”, pegou em todas as redondezas daquele sertão, gente. Pula santa! Não é que o Japa mudou de time? Se ajuntou com Saci Lelê Pererê Nenê, um negrinho que não tinha uma perna, mas, em compensação era um “pé de mesa” e gostava demais de Oco Mole. E os dois foram felizes para sempre. Mas, esse  tal “Black Love” é muito lindo, não é?


doutorboacultural.blogspot.com/






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