quinta-feira, 10 de abril de 2014

A TRISTE SINA DE UM ANÃO



Brandão era um anão inconformado com a vida de pequeno que levava. Queria entender o porquê de não ter crescido. Odiava ter que passar entre a multidão e ter que ouvir até dos molequinhos chamando a atenção de seus pais:
- Papai! Mamãe! Olha lá um anão.
Chegava a casa, cansado, irritado, mau humorado e desabafava com Anita, sua bonita mulher:
- Não estou agüentando mais essa vida, Anita. Estou cansado de engolir peidos. Por que diabos esse povo peida tanto?
E Anita o acalmava.
- Fique tranqüilo marido. Um dia, tudo isso vai mudar. Você vai ver.
Certa vez, era madrugada, Anita acordou ouvindo uns GLUBS! GLUBS! GLUBS! Ficou apavorada e foi salvar o marido Brandão que, por pouco não morreu afogado dentro do vaso sanitário. Como se não bastasse, ainda o coitado teve que ouvir o sermão de sua mulher:
- Já falei pra você, homem: cague no pinico. Você é pequeno demais e não pode sentar nessa privada se não vai acabar morrendo comendo sua própria bosta.
Vixi! Que palavreado feio, gente! Anita poderia usar uma linguagem mais clássica, não é?
Brandão não estava agüentando mais aquela vida de nanico que estava levando. Somente um milagre divino poderia resolver o seu problema. Procurou diversas igrejas, falou com vários pastores que lhes garantiram o milagre dele crescer, participou de várias correntes milagrosas, jejum e oração e, nada. Coitado! Continuou nanico.
Coitado! Continuou nanico.
Brandão ouviu o povo falar que havia um milagreiro dos bons que morava em Diadema, na grande São Paulo e foi até lá, cheio de esperança falar com aquele homem de nome Honésio.
- Desista.
Não era aquilo o que Brandão queria ouvir daquele homem, aparentemente honesto.
- Por que devo desistir, senhor? Não existe probabilidade de eu crescer?
- Eu não disso isso. Você pode até crescer, porém, não poderá me pagar. Meu preço é alto já que você quer ser alto.
- Quanto?
- Vinte mil reais.
Brandão solta um peido.
- Eu não tenho esse dinheiro, mas, posso fazer um empréstimo.
- Trabalha com o que?
- Sou auxiliar de serviços gerais num restaurante.
Honésio olha com desdém para Brandão e diz:
- Desista.Ninguém vai emprestar esse valor a você tendo uma profissão dessas, nanico.
Brandão se zanga:
- Olha aqui, eu não gosto que me chame de nanico e, tem mais uma coisa: eu tenho esse dinheiro aí de vinte mil reais guardados no banco. Tudo bem, eu estava guardando para comprar uma casa, porque pago aluguel.
Os olhos de Honésio brilham e Brandão faz a pergunta fatal:
- Mas, realmente, o senhor garante que vou crescer?
- Duvidas?
Dias depois, Brandão surpreende Anita, sua mulher, quando chega a casa.
- Meu Deus, Brandão! Você está grandão! Você cresceu, apesar de seus braços continuarem pequenos. Como foi isso?
Brandão emocionado diz:
- Mulher, é uma longa história. Peidos eu não engulo mais. Já já, eu te explico. Agora preciso ir ao banheiro.
Minutos depois, Anita ouve uns GLUBS! GLUBS! GLUBS! Corre apavorada para o banheiro, porém, lamentavelmente, dessa vez, não pôde salvar o marido. A queda foi feia demais. Estava usando pernas de plásticos e, no que desceu a cueca, descolou as pernas e ele caiu de bunda junto com suas fezes no vaso sanitário. Que morte horrível!


doutorboacultural.blogspot.com/




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