quinta-feira, 17 de maio de 2012

A NOJENTA

Ecliética não entendia nada de ética: comia qualquer coisa e de qualquer jeito e, por onde ela passava era mal vista e mal quista por todos que diziam: “Nojenta”. Ela ficava revoltada com isso, porém, fazer o que se não tinha ética?
Sua mãe vendo-a triste, cabisbaixa e pensativa tentava sempre animá-la:
- Minha querida, você é jovem, bonita, por que não aproveita sua mocidade e arruma um namoradinho?
Ecliética dizia mau humorada:
- Que arrumar namoradinho, que nada! Estou cansada dessa porcaria de vida. Eu quero é morrer.
- Que baixo astral, minha filha!
E assim vivia Ecliética: sempre de mau humor e ouvindo de todos: “Nojenta”. Ninguém gostava dela talvez porque ela era nojenta mesmo.
Certo dia, ela entrou numa igreja e conseguiu surpreender até o padre que disse pra si mesmo: “O que será que essa nojenta veio fazer aqui na casa de Deus? Rezar ou confessar?” O padre estava meio chapado. Não devia ter julgado aquela pobrezinha. Ela foi direta para a sacristia e conseguiu surpreender também o sacristão que saboreava uns “cheetos” (aqueles salgadinhos de queijo):
- Sai prá sua nojenta! Não vai ganhar meus salgadinhos, não.
Aquele sacristão devia estar chapado também por julgar mal a pobre Ecliética que disse pra si mesma:
“Sou nojenta, mas não como porção de chulé, seu maldito”. Ela estava se referindo aos salgadinhos de queijo.
Ecliética voltou para a sua casa e chorou muito ao lado de sua mãe que, como sempre, tentava animá-la:
- Erga tua cabeça, minha filha! Eu, seu pai, seus irmãos também somos desprezados por essa gente nojenta. Parece praga, meu! Mas, veremos o lado bom da coisa: Vamos cantar e dançar porque estamos vivas. “Fio maravilha, nós gostamos de você! Fio maravilha faz mais um pra gente ver!
Ecliética ficou mais revoltada ainda:
- Ta chapada de novo, mamãe?
- Olha a chineleta, minha filha!
- Eu não tenho medo de chineleta, minha mãe.
A mãe de Ecliética estava falando sério:
- Olha a chineleta, minha filha!
Por falta de aviso não foi: Ecliética foi esmagada pela chineleta da vovó, a dona da casa que disse zangada:
- Suas baratas nojentas! Eu vou exterminar todas vocês com minhas chineletas.

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