VISÃO DO AMOR

O amor é transparente, porém, só aqueles que realmente amam podem enxerga-lo.

Paloma, uma mulher encantadora. Deficiente visual de nascença. Quando ainda era criança seu maior sonho era o de poder enxergar, porém, este sonho morreu. Ela preferiu criar as coisas, as pessoas em sua imaginação, pois, assim, tudo era lindo para ela, como também é para todos aqueles que adoram sonhar.

Paloma tocava nas flores dos bosques, dos campos e conversava com elas. Adorava ouvir o canto dos pássaros, pisar na areia e sentir a brisa do mar.

Cresceu mimada pelos seus pais, parentes e amigos. Era impossível alguém não gostar dela.

Sucedeu que um dia, Paloma foi preparar o café da manhã a seus pais como era de costume e, lamentavelmente, um acidente gravíssimo aconteceu. Ela achou que havia desligado o botão do fogão. O canto de um pássaro preto lhe chamou a atenção e ela, foi para a varanda conversar com tal pássaro.

- Seu canto parece-me tão triste passarinho. Quer me dizer alguma coisa?

Nisso, acontece uma grande explosão na cozinha e o fogo se alastra por toda a casa. Ela grita desesperada, porém, não havia vizinhos próximos, já que ela morava no campo, em fazenda com seus pais. Infelizmente, seus pais morreram naquela explosão. Paloma sentiu-se culpada por isso e, caiu em depressão.

O tempo passou e nunca mais, parentes e amigos viram Paloma sorrir. Passou a morar com uma de suas tias que a culpava dizendo repetidas vezes que ela era à culpada do ocorrido com seus pais. Paloma sofria calada.

Muitos anos passaram-se e sua tia faleceu. Paloma já estava idosa e, até então, nunca tinha namorado, como também não se casou.

Sucedeu que um dia, Paloma decidiu fazer uma caminhada longa, saindo do campo com destino a cidade de Água das Pratas, interior de São Paulo. Teria que caminhar uns 5 km e fez isso. Vizinhos das redondezas queriam lhe oferecer carona.

- Dona Paloma, estou indo para a cidade e posso leva-la em meu carro.

Paloma, muito simpática responde:

- Obrigada, querida. Preciso caminhar. Isso me fará bem.

E assim, Paloma chega ao centro da cidade. Fica esperando que alguém lhe ajude a atravessar uma avenida bastante movimentada, porém, ninguém se manifesta. Ela sente as que as pessoas que passam por ela, debocham e, encosta-se A num poste e chora em silêncio, acreditando que faziam isso devido o acidente ocorrido a seus pais há muitos anos.

De repente, Paloma ouve um homem cantarolar e diz para ele.

- Que bom que o senhor está feliz.

O homem responde:

- Ficarei mais feliz se segurar em minhas mãos.

Ela entendeu que aquele homem queria ajuda-la a atravessar a avenida. Que gente apressada! Buzinavam seus carros e chingavam aos berros enquanto ambos atravessavam aquela avenida.

- Pena que não posso vê-lo, mas, imagino que sejas um anjo ajudando-me a atravessar esta avenida.

E assim que atravessam, o homem, bastante idoso também, abraça Paloma e diz:

- Também não posso vê-la, mas, creio que sejas o grande amor da minha vida que tanto sonhei encontrar um dia.

Paloma e Paulo viveram muitos anos felizes e, nunca mais, as pessoas das redondezas daquela cidade tiveram notícias deles.

O amor é transparente, porém, só aqueles que realmente amam podem enxerga-lo.

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