sexta-feira, 25 de outubro de 2013

NEGÓCIO DE LOUCO


Na cidade de Recolhe, interior de Minas Gerais, já recolhida, fora do mapa geográfico, Ari Lobo, um rico fazendeiro, lendo um jornal na varanda de sua casa de fazenda, ficou atraído por anúncio que dizia assim:
“Vendo um prédio de quarenta andares num total de quatrocentos apartamentos semi acabados, em São Paulo, capital, por apenas R$ 200.000,00 (duzentos mil reais). Interessados ligar para (41) 9768-0951 e falar com a Sra. Andréa”.
O que?! Ari Lobo ficou louco ao ler aquele anúncio, que pegou seu cinto de couro de jacaré chinês e surrou Zezé, sua mulher. Vichi! Que loucura! Um prédio de quarenta andares com quatrocentos apartamentos semi acabados em plena capital de São Paulo estava, sem dúvida, barato demais. Imediatamente, ligou para a Sra. Andréa para colher maiores informações.

O que?! Ari Lobo pirou de vez ao ouvir aquela voz suave e gostosa que não tinha nada de senhora no telefone. Babou, louqueou de vez que deu oito tiros em seu cachorro velho e sarnento mandando-o para o inferno. Coitadinho do Bobinho! Marcou um encontro com a Sra. Andréa na Av. Rio Branco (bem no centro de São Paulo) e chegou lá no horário combinado.

Ari Lobo vendo a beleza ao vivo e a cores daquela jovem que não tinha nada haver com senhora que acabou de enlouquecer de vez. Deu uma cabeçada num poste e, por pouco não morreu. Que homem afobado, Sô!

- Senhora, quer dizer, mocinha, estou interessado em conhecer esse tal prédio e, saber, afinal, se tudo isso é verdadeiro ou é pegadinha de televisão.

Nisso, (sabe-se lá de onde veio) Ari Lobo leva dois tapinhas de um homem elegante, comprido e muito sério.
- Duvidas?!
Honésio e Andréa levam Ari Lobo para conhecer o prédio que estava situado na Av. Prestes Maia (centro de São Paulo).
O que?! Ari Lobo tira seu sapato de couro de crocodilo paraguaio, coça os dedos unidos de seus dois pés e diz:
- Eu topo essa parada. Adorei, adorei e adorei. Eu compro o prédio e pago à vista.
Honésio sorri diabólico:
- Não é tão simples assim comprar um prédio, seu otário. Não vai querer saber por que eu e minha adorável mulher estamos vendendo este prédio assim, por um valor tão barato?
Ari Lobo, agora coça seu escroto.
- Sim, por quê?
Honésio dá outro sorriso diabólico:
- Porque somos tão loucos quanto você.
- E é?
- Yes. Vamos até o cartório dar entrada nos papéis, reconhecer firma e todos esses papos dirma.
O que?! Ari Lobo sentiu total confiança naquele negócio que mal podia respirar pelas narinas e boca. Respirou pelo reto e imaginem o ar adocicado dos peidos.
Chegaram à Rua dos Timbiras, s/n, tudo ali mesmo no centro da capital e o cartório ficava nos fundos de um corredor estreito, porém, longo.

Ari Lobo foi muito bem recepcionado por Salandro (o escrivão) e lá, tinha até um Juiz de Direitos: o Meritíssimo Juiz João Ferreira Bigulinho. Sim, tudo parecia muito certinho. Com a escritura carimbada e assinada pelo juiz tudo ficou bom de mais para Ari Lobo. Pagou com amor os “duzentos mil reais” para Honésio. 




Tomou até uma pinga no primeiro boteco que encontrou no caminho. Foi direto para os bancos retirar tudo o que tinha. Fez compras em várias lojas e exigiu que entregassem no ato, já que pagava tudo à vista. É mais fácil pensar no que Ari Lobo não comprou. Tinha de tudo. Ele queria mobiliar pelo menos uns cinco apartamentos que era o que dava o seu dinheiro. Até pinico para barros, escarros, xixís e birirís tinha no caminhão. Peraí! Parece que o mingau do nenê azedou. No que Ari Lobo foi entrando naquele prédio com pelo menos vinte e cinco peões dos caminhões, foi flagrado e atuado pela polícia, por invasão de domicílio. Vichi! Que fria! Até o delegado Geriu sorriu e, imaginem o Diabo. Que mico, Sô!
Honésio, sua esposa Andréa, João Ferreira Bigulinho e seu filho Salandro foram tirar umas férias no Havaí. Duzentos mil reais não é tanto dinheiro assim e, logo eles voltam para buscar mais.



doutorboacultural.blogspot.com/

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