domingo, 29 de setembro de 2013

HOMEM DE GELO

Marie Joeli era uma mulher muito linda. Sua presença era tão significante feita uma gostosa goiabada em caldas. Riquíssima e, digo mais: bilionária. Nasceu em Paris, na França, onde foi parida por sua mãe Aline, casada com o trilionário Gilbert que colecionava, por hobbie, pedras preciosas como: ametista, ágata, diamante, esmeralda, granada, jade, jaspe, pérola, ouro e muitas outras.
O homem gostava tanto de pedras preciosas que não resistiu: engoliu várias delas e, é claro que ele morreu, porém, como uma terça parte da vida é doce, deixou uma gorda e melada herança para sua esposa Aline e sua única filha Marie Joeli.
Pena que a vida é curta, amados. O dinheiro pode não comprar tudo, mas, garanto que quase tudo ele compra. Pensem na infância de Marie Joeli. Ela brincava com bonecas de ouro voadoras; papagaio de diamante que só falava verdades preciosas. Seu quarto era um palácio e, imaginem o restante do substantivo domicílio, cujo nome parece ser meio pobre.
Marie Joeli tinha pavor de gente pobre, principalmente daquelas que adoram contar dramas. Ela olhava com desdém para os 144 mil rapazes que queriam namorá-la. Tinha rapaz de todo tipo, porém, quem fosse pobre morria na fila.
Marie Joeli era muito vaidosa. Seu maior prazer era pisar nas feias e, cito isso, literalmente mesmo. Era uma mocréia ou uma lacraia cruzar o seu caminho que ela já pisava na cabeça até sangrar.
O amor não é um bichinho bonzinho como muitos pensam. Só faltava o amor (não o de Zezé Di Camargo) para completá-la. A vida de Marie Joeli estava ficando muito rotineira e ela queria sair da maldita rotina, fazer algo diferente, entende? Fez uma viagem para o lugar mais frio do mundo onde ninguém conseguiu chegar até lá, só ela.  Fica lá nos confins do Pólo Sul. 
Lá, ela conheceu Gerlin Gelin, o homem de gelo. Apaixonaram-se no ato e já se rolaram na neve e fizeram amor. Aquilo sim era algo diferente que tanto Marie Joeli queria fazer.
Marie Joeli se casou com aquele homem e o trouxe para Paris. O homem de gelo estava adorando não só Paris como toda a Europa, porém, Marie Joeli estava achando tudo aquilo rotineiro demais. Levou seu amado para conhecer o Brasil, especificadamente o Rio de Janeiro, Carnaval, praias e tudo mais.
Tristeza do Jeca é outra história. Não demorou muito e, lamentavelmente, Marie Joeli voltou sozinha para Paris e chorou durante quarenta dias e quarenta noites nos ombros de sua mãe Aline, que era muito amorosa e compreensiva.
- Mas, o que aconteceu com Gerli Gelin, minha filha? Vocês se amavam tanto.
E Marie Joeli jogou todas as etiquetas, bons costumes que aprendeu pros ares. Pulou, babo, encheu sua mãe de porradas e disse aos gritos:
- Ele derreteu, mamãe!

Caramba! Fico aqui me perguntando: O que é que deu na cabeça de Marie Joeli pra levar seu amado homem de Gelo logo pro Brasil, meu Deus? Se ele fosse irmão do fogo, tudo bem, mas era o homem de Gelo. Sem dúvida, derreteu, é claro.

doutorboacultural.blogspot.com/

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