segunda-feira, 16 de março de 2015

HORAS DE AFLIÇÃO (17) ALMA AFLITA

É impossível eu voltar atrás agora. Mesmo que eu viva milhões de vidas aqui na terra, meu destino final será no inferno. Antes fosse lá um lugar de sofrimento eterno como muitos acreditam. Sei que isso é simbólico. Não existe nada, absolutamente nada que possa ser mais triste do que a morte, porque viver é o maior prazer que alguém pode ter em sua vida. No meu caso, ela será interrompida para sempre.
Meu nome é Agatha. Sempre fui uma pessoa amarga, nem um pouco simpática e descontente com a vida. Achava essa vida sem graça demais.
Eu cursava psicologia e odiei porque fui reprovada por faltas na Faculdade. Por outro lado, uma colega minha se formou e seus pais promoveram a ela a maior festa que já pude estar.
Sempre tive inveja de Adala. Ela era a mais bonita, mais desejada, mais inteligente, mais tudo. Queria destruí-la por isso. Antes da festa de sua formatura procurei um excelente feiticeiro e fui direta ao assunto:
- Quero vender minha alma ao Diabo. O que devo fazer?
O feiticeiro me deu algumas orientações que nunca vou revelar a ninguém e fiz isso. Falei com o Diabo e vendi para ele a minha alma.
O interessante foi que, após eu vender minha alma para o Diabo, minha vida mudou radicalmente. Cito assim uma mudança espiritual. Eu chorava por qualquer coisa e, as pessoas que antes eu odiava, passei a amá-las.

O Diabo pediu-me para matar Adala e, eu teria que fazer aquilo na festa de sua formatura. Não. Não tinha como voltar atrás. Era ela ou eu. Estávamos sós nós duas de frente a grande piscina e, não sei aonde me veio tanta força, empurrei ela na piscina e a puxando seus cabelos, deixei ela se asfixiar na água. Voltei para a festa, no salão daquela grande casa onde estavam todos os convidados se divertindo. Só eu sabia que ela estava morta naquela piscina. Pois é, me enganei. Não. Eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo comigo. Eu é que estava morta naquele dia. Não me lembro o que disse para Adala que, ela saiu correndo e, nunca mais foi vista por ninguém. Não. Ninguém é capaz de imaginar as horas de aflição que sente uma alma aflita como a minha.


doutorboacultural.blogspot.com/

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