quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

GENTE DA CAVERNA (SERIA CARALITO, UM ESPÍRITO?)



Há milênios, cito uns 500 mil anos atrás, o homem, na regra geral, vivia em cavernas. Sua mente não era criativa, por isso, vivia como os animais selvagens.

Rochinha era uma gracinha de menina, apesar de seus pais Cavernildo e Pedreira a acharem feias. Vai entender a natureza. A menina tão doce feito um doce de batata doce não puxou os traços físicos de seus pais, que por sinal, toda aquela gente da caverna achava bonitos.
Sucedeu que um dia, a menina cresceu. Rochinha já era uma mocinha e sentia algo diferente dentro de si. Cansou de ficar dando bananas pros macacos. Ela sentia calafrios e queria entender aquilo. Chupava pepinos e descascava mandiocas com os dentes e atacava os macacos querendo com eles uma brincadeira diferente, porém, eles fugiam dela. Por que será, hein?

Rochinha se encantou por Caralito, um rapaz cobiçado por toda a mulherada da caverna. Ela sofreu muito para conquista-lo. Caralito achava que Rochinha era muito feia, horrível e assustadora, contudo, resolveu dar uma chance para a menina, casando-se com ela. Rochinha ficou tão feliz, mas, tão feliz que chupou um galo vivo que, só morreu, porque ela o devorou com seus dentes, dizendo:
- Agora seu galo, você vai cantar dentro de mim.

Tudo parecia normal na relação de Rochinha com Caralito. Rochinha tinha tanto ciúmes do marido que o vigiava direto. Às vezes, passava noites em claro massageando Caralito que dormia feito um anjo sem vergonha.
- Por que tanta raiva, minha filha? Diga-me somente uma coisa: seu marido é inteiro feito um Rochinha estava insatisfeita com sua nova vida de casada e, por causa disso, surrava seus pais de pau e pedras, que queriam entender o porquê de tanta bravura desta mocinha. Sua mãe Pedreira, com os olhos inchados de tanto levar socos da filha a perguntava:
cavalo ou ainda falta um pedaço?
Rochinha diz em prantos:
- Mamãe, quando eu ainda era uma menina queria entender o porquê das pedras não ficarem moles num caldeirão de água fervente.
Sua mãe Pedreira achava que tinha matado a charada.
- Quer me dizer que Caralito, seu marido, também não amolece como as pedras?
- Não, mamãe.
- Então, quer me dizer que Caralito, seu marido é tão mole feito um miolo de cérebro cozido?
- Não, mamãe. Ele é perfeito nestes lances, porém, confesso perante as câmeras do futuro: estou com muito medo dele.
Pedreira com uma visão invejada pelos lobos e corujas dá uma porrada numa bactéria que passeava tranquilamente entre as pedras da caverna.
- Medo dele, por que minha filha? Ele te faz sofrer e chorar?
- Não, mamãe. Caralito se não for o amor definido da gramática da língua do futuro é um amor indefinido. Ele tem todos os adjetivos bonitos. É carinhoso, atencioso, caprichoso, sabe entrar e sair no real jardim sem deixa-lo bichado; come a fruta que não é proibida, porém, confesso com todas as letras que um dia existirão: estou com medo dele.
Pedreira se aborrece com uma linda borboleta menina que não parava de rodeá-la, esmaga a pobrezinha com suas mãos calejadas e diz em gritos para a filha:
- Eu não entendo. Que enigma indecifrável é esse, minha filha?
Finalmente, Rochinha confessa:
- Mamãe, acho que meu marido Caralito é um espírito. Casei-me com ele há dois anos e, mais uma vez, confesso perante o CU, (o símbolo do metal que, um dia, no futuro, o homem moderno vai batizá-lo com este nome) que sou feliz em quase todos os sentidos, porém, tudo me indica que Caralito, meu marido é um espírito. Vigio-o tempo todo, até mesmo quando ele está dormindo. Ele come prazerosamente as delícias da culinária que preparo, tipo: fígado de abutre com tripas de bodes boys; empanados de gambás e muito mais. Quando ele dorme, pulo em sua barriga e até danço sobre ela e, não acontece nada. Não ouço sequer um barulhinho. Nem um vento silencioso sai da prisão de seu ventre, para me dizer que está tudo normal com ele. Entrei numa azeda amarga: o homem nem peida e nem caga.
Que maldade! A notícia se espalhou por toda aquela gente da caverna que fizeram de Caralito, um suposto espírito, picadinhos, num sopão. Vai entender a natureza. Seria Caralito, um espírito?

doutorboacultural.blogspot.com/

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