Jelorésio
lamentavelmente era um cara feio demais. Dizem que gente feia não existe e que,
o que realmente importa é a beleza interior, mas, isso é papo de sogra que
agrada o genro só porque ele é bacana, ou seja: tem muita grana.
Jelorésio
era uma espécie, uma coisa, sabe sô? Tinha quarentão e nunca conseguiu arrumar
um emprego na vida e, mulher, que sem dúvida, é muito melhor do que isso. Vivia
na cola da avó feito um retardado pedindo uns trocados para comer um salgado.
Coitado! Ele até queria trabalhar, mas, ninguém lhe empregava não, por causa da
sua feiura. Cá entre nós, sô! O cara era feio demais. Tinha um rosto assim todo
desfigurado, uns olhos arregalados, uma boca que mais parecia uma bunda
arrombada. Vixi! Aquilo não parecia gente não, sô! As pessoas corriam dele como
Moisés corria da cobra de Giré; como a barata corre da chineleta da vovó; como
francês corre da catinga do chulé do baiano louco, enfim, cruz credo, sô!
Mas,
como dizia a grande Wilma: “O Nenê tem que trabalhar”. Nem todos os dias são
festas e alegria, não é mesmo? Se o cabra não trabalhar, sua bunda vira vaga,
por isso é, a origem do nome: “vagabunda”. É sério, sô!
Jelosoréia,
a avó de Jelorésio foi conversar com tal de padre Pau, na cidadezinha de “Feioéocul”
(já desatualizada do mapa geográfico), porque o tal padreco era dos bons. Era
entrar no confessionário da igreja para sair de lá relaxado feito Rubinho depois
de um breu. Rindo tanto que parece que bebeu. O padre Pau, simplesmente era
demais, sô! A velhinha Jelosoréia foi lá confessar ou trocar umas idéias com o
padreco e, o assunto, qual era? É claro que do neto Jelorésio, sô!
E
a velha sai daquela igreja rindo feito um gozo de cadela que gruda no chouriço
do cachorro, de tanta alegria. Vixi, sô! O que será que aconteceu lá no
confessionário, hein?
No
dia seguinte, assim que o galo pensava em cantar, estaciona na frente da casa
da velha Jelosoréia, um carrão preto. Era o padre Pau querendo falar com
Jelorésio. Opa! Parece que um milagre estava prestes a acontecer, sô! Só ia
depender do retardado de Jelorésio. O padre Pau foi direto ao assunto.
-
Criatura, quanto é que você me cobra para assustar umas pessoas?
Jelorésio
não entendeu.
-
Eu não entendi. O senhor pode me explicar?
E
padre Pau explica:
-
Tem muitos homens sem vergonhas na minha igreja e quero eliminar eles de lá.
Você é o cara certo: feio pra diabo. Mas, tem o seguinte: não mexa com as
mulheres não. Resumindo: tenho uma vaga pra ti na sacristia. É pegar ou largar?
Pegou?
Jelorésio
abre um sorriso daqueles atemorizantes e diz:
-
Peguei.
E
assim, padre Pau marca um encontro com Jelorésio lá na sacristia na manhã
seguinte. Fica ali horas conversando, sô! E Jelorésio sai pronto para o ataque.
Num
domingo lindo, logo pela manhã, começa a chegar os casaizinhos pra missa e,
vixi! O que tem no mundo de homem covarde não é brincadeira, sô! Os homens
saíram daquela igreja predispostos a nunca mais voltarem. Ficaram assustados
pela feiúra de Jelorésio, sô!
Mas,
o que padre Pau não esperava era que as mulheres (e cada mulherão bonita, sô!)
iam se encantar com Jelorésio, o sacristão. Ele tinha certo charme que só as
mulheres para poderem explicar, compreende? Elas não queriam mais confessar com
o padre Pau, não sô! Agora só dava Jelorésio. Deram um ponta pé no bundão
deselegante do padre e ficaram numa boa com o feião.
Jelorésio
ficou com a beata mais linda da cidade, do Brasil e do mundo. Rica demais
também, sô! Então, eu pergunto: feiúra também é cultura? Se a beata fosse feia
eu até ia ficar quieto, mas, que formosura, sô! Linda como um pêssego. Ai se eu
te pego.
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