Criaturas do além;
santidades planetárias dos ETS celestiais; claridade nas trevas e negritude Black
out na brancura da pele clara; silêncio total dos pernilongos mudos que
perderam suas asas num clone de um ciclone universal que aconteceu e você
perdeu porque estava dormindo; cristos e cristas de todo o meu Brasil
brasileiro da musa rainha Maria Bethânia; é hora de acordar e chega de relaxar,
relaxados. Meu amigo Cazuza já dizia que o tempo não para a não ser pro tempo
de Caetano que parou para olhar para aquela barriga. Que força estranha, hein?
Estava eu em pensamentos, sentado na cadeira de balanço do Papa, quando ouvi
uma voz do além que me disse: “É ele”. Sem entender nada, não pude compreender
também e, por essa e outras razões aqui estou diante de uma criatura,
aparentemente fenomenal, tão inteligente feito Freud e Confúcio que não vieram
ao mundo para confundir nem eu, nem você e muito menos os lóks de Nova Yorque.
O que vai acontecer agora e eu digo mais: agora mesmo será inédito para mim
também, como pra vocês também. Entrevisto aqui, na Vila Zumbi dos Palmares,
Paraná, Brasil, ele que faz das cabeças um cabeçário; dos hinos um hinário; das
legendas um legendário e dos disses que Dirce disse um dicionário. Com vocês: O
Músico Universitário.
Doutor Boa:
- Bom dia! Como é o teu
nome?
Músico Universitário:
- Prefiro não revelar
minha identidade para evitar a contingência dos fãs já que estamos via internet
e aquela portuguesinha de Portugal está louca de bacalhau para me conhecer.
Chame-me apenas de Músico, ok?
Doutor Boa:
- Ok. Você tem muitas
composições anônimas e aí, eu te pergunto: não tem como ficar famoso, não é?
Ganha muito dinheiro com suas letras de música, Músico?
Músico Universitário:
- O importante não é
fama e muito menos a fama, compadre. O que importa pra mim é ver as bundas
balançarem curtindo minhas músicas, entende?
Doutor Boa:
- Perfeitamente. Você é
eclético? Fale um pouco de suas músicas, composições.
Músico Universitário:
- Sou eclético
sertanejo, pois, o que passa disso pra mim é lixo. Escrevo milhões de letras
riquíssimas que viram relíquias sertanejas. Eu tenho que cativar o povo,
entende? O povo prefere entender uma linguagem simples, portanto, não adianta
complicar. Tem que ser uma música simples com acordes difíceis como lá e mi
maior e menor e botar um ré maior ou menor pra estourar a boca do balão e
deixar a bunda rebolar no salão.
Doutor Boa:
- Qual de suas músicas
fez ou faz mais sucesso?
Musico Universitário:
- Fez, faz, fará, tudo
isso é verbo. Minhas músicas não acompanham verbos e sim uma única palavra:
sucesso. Eu digo: com todas as letras que “todas” são sucessos.
Doutor Boa:
- Por exemplo?
Músico Universitário:
- Por é uma conjunção
das mais sem vergonhas que já pude conhecer. Não tem nada de por e exemplo é eu
existir para dar testemunho do que realmente representa a verdadeira música.
Doutor Boa:
- Creio que o povo quer
ouvir um de seus grandes sucessos. Cante qualquer uma delas.
Músico Universitário:
- “Qualquer uma” é uma frase
de meretriz e me admira o senhor, um doutor sem doutorado, proferir uma
pergunta como esta. Eu posso cantar todas, compadre. Sim ou não? É pegar ou
largar.
Doutor Boa:
- Meu caro Músico, você
tem mais de sete mil músicas; é praticamente impossível você cantar todas aqui
em meu programa que está para terminar.
Músico Universitário:
- Caro é uma palavra
cara que, por sinal, não faz a minha cara porque sou barato. “Todas” é uma das
minhas músicas e, fico triste de saber, presenciar ao vivo e à cores que,
lamentavelmente, o senhor não conhece e, duvido que entenda alguma coisa de
música.
Doutor Boa:
- Aceita um café antes
de cantar “Todas?”
Músico Universitário:
- Café é uma semente
negrinha da melhor qualidade. É claro que eu aceito, porém, com uma única
condição.
Doutor Boa:
- Que condição?
Músico Universitário:
- Só se for agora.
Sirvo ao Músico
Universitário meu café que é porreta e, isto é inédito gente.
Doutor Boa:
- Cante agora, Músico.
Músico Universitário:
- “Todas vocês tirando
as roupas (opa, opa), todas vocês lavando louças (ouças, ouças), todas vocês
que eram moças (oças, oças), agora são umas velhinhas loucas (oucas, oucas)...”
E assim, essa praga
ambulante chato e azedo acaba de sair do meu programa peidando doce. Fuja louco
fedorento.
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