sábado, 6 de outubro de 2012

DOUTOR BOA ENTREVISTA O MÚSICO UNIVERSITÁRIO


Criaturas do além; santidades planetárias dos ETS celestiais; claridade nas trevas e negritude Black out na brancura da pele clara; silêncio total dos pernilongos mudos que perderam suas asas num clone de um ciclone universal que aconteceu e você perdeu porque estava dormindo; cristos e cristas de todo o meu Brasil brasileiro da musa rainha Maria Bethânia; é hora de acordar e chega de relaxar, relaxados. Meu amigo Cazuza já dizia que o tempo não para a não ser pro tempo de Caetano que parou para olhar para aquela barriga. Que força estranha, hein? Estava eu em pensamentos, sentado na cadeira de balanço do Papa, quando ouvi uma voz do além que me disse: “É ele”. Sem entender nada, não pude compreender também e, por essa e outras razões aqui estou diante de uma criatura, aparentemente fenomenal, tão inteligente feito Freud e Confúcio que não vieram ao mundo para confundir nem eu, nem você e muito menos os lóks de Nova Yorque. O que vai acontecer agora e eu digo mais: agora mesmo será inédito para mim também, como pra vocês também. Entrevisto aqui, na Vila Zumbi dos Palmares, Paraná, Brasil, ele que faz das cabeças um cabeçário; dos hinos um hinário; das legendas um legendário e dos disses que Dirce disse um dicionário. Com vocês: O Músico Universitário.
Doutor Boa:
- Bom dia! Como é o teu nome?
Músico Universitário:
- Prefiro não revelar minha identidade para evitar a contingência dos fãs já que estamos via internet e aquela portuguesinha de Portugal está louca de bacalhau para me conhecer. Chame-me apenas de Músico, ok?
Doutor Boa:
- Ok. Você tem muitas composições anônimas e aí, eu te pergunto: não tem como ficar famoso, não é? Ganha muito dinheiro com suas letras de música, Músico?
Músico Universitário:
- O importante não é fama e muito menos a fama, compadre. O que importa pra mim é ver as bundas balançarem curtindo minhas músicas, entende?
Doutor Boa:
- Perfeitamente. Você é eclético? Fale um pouco de suas músicas, composições.
Músico Universitário:
- Sou eclético sertanejo, pois, o que passa disso pra mim é lixo. Escrevo milhões de letras riquíssimas que viram relíquias sertanejas. Eu tenho que cativar o povo, entende? O povo prefere entender uma linguagem simples, portanto, não adianta complicar. Tem que ser uma música simples com acordes difíceis como lá e mi maior e menor e botar um ré maior ou menor pra estourar a boca do balão e deixar a bunda rebolar no salão.
Doutor Boa:
- Qual de suas músicas fez ou faz mais sucesso?
Musico Universitário:
- Fez, faz, fará, tudo isso é verbo. Minhas músicas não acompanham verbos e sim uma única palavra: sucesso. Eu digo: com todas as letras que “todas” são sucessos.
Doutor Boa:
- Por exemplo?
Músico Universitário:
- Por é uma conjunção das mais sem vergonhas que já pude conhecer. Não tem nada de por e exemplo é eu existir para dar testemunho do que realmente representa a verdadeira música.
Doutor Boa:
- Creio que o povo quer ouvir um de seus grandes sucessos. Cante qualquer uma delas.
Músico Universitário:
- “Qualquer uma” é uma frase de meretriz e me admira o senhor, um doutor sem doutorado, proferir uma pergunta como esta. Eu posso cantar todas, compadre. Sim ou não? É pegar ou largar.
Doutor Boa:
- Meu caro Músico, você tem mais de sete mil músicas; é praticamente impossível você cantar todas aqui em meu programa que está para terminar.
Músico Universitário:
- Caro é uma palavra cara que, por sinal, não faz a minha cara porque sou barato. “Todas” é uma das minhas músicas e, fico triste de saber, presenciar ao vivo e à cores que, lamentavelmente, o senhor não conhece e, duvido que entenda alguma coisa de música.
Doutor Boa:
- Aceita um café antes de cantar “Todas?”
Músico Universitário:
- Café é uma semente negrinha da melhor qualidade. É claro que eu aceito, porém, com uma única condição.
Doutor Boa:
- Que condição?
Músico Universitário:
- Só se for agora.
Sirvo ao Músico Universitário meu café que é porreta e, isto é inédito gente.
Doutor Boa:
- Cante agora, Músico.
Músico Universitário:
- “Todas vocês tirando as roupas (opa, opa), todas vocês lavando louças (ouças, ouças), todas vocês que eram moças (oças, oças), agora são umas velhinhas loucas (oucas, oucas)...”
E assim, essa praga ambulante chato e azedo acaba de sair do meu programa peidando doce. Fuja louco fedorento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário