terça-feira, 23 de abril de 2013

GIZ



Ser criança é, sem dúvida, a melhor parte da vida. Não, eu não queria nunca ter crescido, porque quando eu era criança, via um mundo diferente desse que vejo agora. Via um mundo mais bonito e muito, mais muito colorido. Ouvia lindas histórias contadas por meus pais e, hoje sei que nem todas eram verdadeiras.
Eu cresci como crescem as plantas, a raiz e todo o ser vivo. Aquele mundo de fantasia, de ilusões, morreu, porque na realidade, ele nunca existiu. A pior das notícias que ouvi de meus pais quando eu era criança foi a de que um dia eu iria morrer, assim como morrem as plantas, a raiz e todo o ser vivo. Se acaso eu tivesse opção de escolha antes de ter vindo ao mundo, eu optaria por nunca ter nascido. Quando a gente cresce, fica adulto, a realidade fica muito transparente e assustadora. Que bom seria se eu nunca deixasse de ser criança!
Eu devia ter uns sete anos e aquela doce menina também. Brincávamos, assim tão ingenuamente, sem temer o perigo. Acreditávamos que aqueles momentos nunca iriam morrer um dia, porque pra nós, eram eternos. O tempo não para e, hoje já estamos crescidos. Nunca mais vi aquela doce menina a não ser em meus sonhos.
Eu rabiscava o sol na calçada que a chuva havia apagado. Aquele sol era diferente. Quando acabava o giz, eu não me importava, pois, ainda havia tijolos de construção. Eu ficava horas rabiscando o sol na calçada, olhando para todos os lados, na esperança de vê-la, só isso. Ela nunca mais veio brincar comigo. Chorei muito, como até hoje, que já estou crescido, continuo a chorar. Como será que ela está depois de crescida, hein? Por que é que tudo na vida tem que ser assim? Podemos fazer um milhão de perguntas, porém, jamais teremos respostas exatas de nada.
Hoje sou adulto e ainda assim continuo rabiscando o sol na calçada. Se ela soubesse como isso me faz bem, me faz forte. Queria muito que ela soubesse que, mesmo sem vê-la, estou indo bem, se bem que confesso: sou um pouquinho infeliz. Acho que estou gostando de alguém.
Giz
E mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer
Quando convém aparecer
Ou quando quero
Quando quero
Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
E, pra ser honesto,
Só um pouquinho infeliz...
Mas tudo bem
Tudo bem, tudo bem... (2x)
Lá vem, lá vem, lá vem
De novo...
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei
(Quando quero....
Quando quero...
Quando quero...
Eu rabisco o sol que a chuva apagou...
Acho que estou gostando de alguém...)

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