Clau e Cléa é o casal mais moderno que já pude conhecer em
minha vida. Ciúmes? Isso é papo doente de comadre para esses pombinhos que se
amam de verdade.
Clau vende pomadas para as dores e, Cléa é secretária do
Cemitério das Flores, da pacata cidade de Bundaquidores.
À noitinha, se encontram em casa e trocam idéias falando de
como foi o dia deles.
Cléa: - Hoje, por pouco não sentei no colo do meu chefe, meu
chiclete.
Clau: - Mas, por que não sentou meu divino amor?
Cléa: - Porque outra vagabunda sentou. Depois de levar um
duro dele foi promovida na vida a secretária maior e querida.
Clau: - Que dureza, hein meu sagu de framboesa! E, falando em
dureza, nunca vi tantos duros como hoje no “busão” lotado que peguei. Pude
sentir de costas como é que tem peão saudável, forte, mas, duro.
Cléa: - Meu jiló do amor, acaso notastes ontem um sabor
diferente na canja de frango que preparei?
Clau: - Meu grude, tava meia salgadinha a canjinha de frango.
Cléa: - É por causa do meu ranho, meu bolo de pizza. Minha maldita
coriza! Um lençol foi pouco para enxugar tanto ranho.
Clau: - Meu pudim de coquinho, até que estava gostosinho.
Cléa – Minha lasanha de pêssego, por acaso, você soltou um
peido?
Clau: - Vixi! Como é que tu ouviu se meu peido saiu calado?
Cléa: - É que meu nariz ta afiado e, pelo cheiro desse teu
peido calado, tu deve ter comido algo errado.
Clau: - Mas, deixando o peido de lado, hoje vendi pomada pra
Dona Boa.
Cléa: - Dona Boa? Quem é?
Clau: - Pense numa mulher boa. Pensou? Pediu-me para eu fazer
pra ela uma massagem pra ver se a tal da pomada não era só sacanagem.
Cléa: - E tu fez, com certeza?
Clau: - Dos pés até a cabeça. Comi demais e tinha até
sobremesa.
Cléa: - E a comida era boa?
Clau: - Pense numa comida boa. Pensou? Isso faz bem pra
gente.
Cléa: - E tu peidou novamente. Pelo cheiro desse peido
transparente tu comeu até a semente.
Clau: - E que sementinha, meu angu de chuchu.
E o papo do casal foi longe, sô! Que bonito é ver o amor e a amizade
dessas criaturas que se amam.
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