quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A ARCA DE NOÉ




Conta-se a história que, no princípio Deus criou os céus e a terra. Adão e Eva, um casal curioso, mexeu no fruto proibido, provou dele, gostou dele e, isso deixou Deus muito aborrecido. Já que Adão e Eva gostavam de cobras, o paizão do céu deu um pontapé na bunda deles, expulsando-os do paraíso.

Adão e Eva, sem vergonhas, o que mais gostavam de fazer era botar filhos no mundo. O velho Adão preferia as menininhas e a velha Eva, os molequinhos. Por que será, hein?

Sucedeu que, em pouco tempo, a raça humana na terra foi se multiplicando. Adão estava beirando os mil anos de idade, mas, ainda estava inteiro. Suas netinhas, bisnetinhas, tataranetinhas ainda vinham pegar as bênçãos dele, pois, afinal, ele era o primeiro homem da terra.

Deus, muito zangado, vendo que na terra tudo era pura sacanagem, criou uma pulga, a colocou atrás de sua orelha, só para coçar, e disse: “Vou dar um banho em todos os sacanas da terra. A sacanagem tá demais”. E pegou seu mangueirão, quando vem Jesus, seu filho mais chegado e disse-lhe:

- Papi! O que é isso? Vire esse mangueirão pra lá.

E Deus coçava sua orelha.

- Meu filho, da uma olhada na zorra que estão fazendo lá embaixo. Só se vê cobras entrando e saindo dos buracos. Vou afogar todas essas pragas que criei.

E Jesus, tira a pulga do orelhão do pai, mata-a e diz:

- Papi, pense no lado legal da coisa, sacô? Tem muita gente boa na terra, pô! Olha só aquele velhinho lá, ta vendo? Ele está tranqüilo com sua velhinha e seus filhinhos e, te digo mais: toda aquela família gosta de ti pra cacete. Vai querer afogá-la?

Deus se tranqüiliza.

- Se não fosse você meu filho, eu já ia mangueirar a terra toda. Peraí! Acabo de ter uma ideia. Vou falar para aquele velhinho fazer uma arca gigante e colocar dentro dela toda a sua família e, depois, eu mangueiro toda a terra.

Jesus, muito inteligente, sugere ao pai o seguinte:

- Pense nos bichinhos, papi.

- Mas, tem bicho demais lá embaixo, meu filho. Cobras são as que mais têm.

Jesus, comendo uma geléia de uva espiritual diz.

- É simples: separe alguns bichinhos; cada qual com sua espécie e boa.

- É mesmo, filhote! Vou descer lá agora.

E o velhinho de nome Noé também gostava de uma sacanagem, porém, só com sua mulher. E Deus interrompe a sacanagem dos velhos.

- Velho Noé, guarde o seu brinquedo agora, porque o bicho ta pegando.

E o velho Noé fica tão vermelho feito tomate maduro de final de feira.

- Que bicho tá pegando, pai do céu? Cadê ele?

E Deus ordena ao velho Noé que faça uma arca e coloque nela sua família e também alguns bichinhos macho e fêmea e boa. Xi! Só que demorou muito para o velho terminar de fazer aquela arca por causa dos porres de vinho que ele tomava. Caracas! Demorou cem anos, gente! Depois de pronta, o velho Noé chama seus filhos, Sem, Cã e Jafé e da uma tarefa para eles.

- Tragam-me para a arca dois bichinhos, ou seja: um macho e uma fêmea. Cada qual com sua espécie entenderam?

E vinha, Sem, o filho mais velho com um saquinho de pano nas mãos entrando na arca, quando o velho Noé o barrou.

- O que tem dentro desse saco, meu filho?

- Uns cachorrinhos, meu pai. Um cãozinho e uma cadelinha.

E o velho Noé deixa entrar, quando vem Cã, o filho do meio, segurando nas mãos outro saquinho.

- Opa! Peraí! O que tem dentro desse saquinho, meu filho?

- Uns cachorrinhos.

E o velho Noé fica bravo.

- Jogue bem longe essas imundícies. Teu irmão mais velho já trouxe um casalzinho para dentro da arca.

E Cã protesta.

- Meu velho pai, preste atenção no que lhe digo: estes cãezinhos são de outra espécie, entendestes?

E Noé deixa entrar. Em seguida, vem Jafé, o filho caçula com outro saquinho nas mãos e, entrava correndo, pensando que ia desbaratinar o pai.

- Opa! Peraí! O que é que tem dentro desse saquinho, meu filho?

- Uns cachorrinhos.

O velho Noé, chapadão com altos porres de vinho na cabeça diz:

- Pode parar com esta imundície! Já tem cachorro demais nessa arca, cacete!

E Jafé diz chorando.

- Papai, esses daqui são da China, entendestes?

O velho Noé já não conseguia nem mais ficar em pé porque estava bêbado. Sua velha e seus filhos botaram o velho pra dormir e aproveitaram para acabar de encher a arca de bichos.  Vixi! Quando o velho Noé desperta de seu sono e de seu porre já era tarde demais. A arca já flutuava sobre as águas que cobriam toda a terra. O velho Noé ficou doido de tanto ouvir choro e latidos de cachorros de todas as espécies, por quarenta dias e quarenta noites. Finalmente, Deus fechou seu mangueirão e secou a lama da terra com o sol. O velho Noé abre a porta da arca e sai com sua família e toda a bicharada. “Au, au!” Tinha cachorros demais, gente! Tinha até vira-latas. E assim, foram tocando a vidinha boa na nova terra.



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