Ênio era um sujeito estressado demais. Vivia ansioso,
preocupado, com muito medo de morrer a qualquer momento. Era comum ele dirigir
seu automóvel, achando que, de repente, seu coração ia parar de bater e aí tudo
iria acabar para ele. Então, ele parava seu automóvel no acostamento da
rodovia, colocava sua mãe direita sobre seu coração e ficava aguardando a sua
última batida.
Stênio era o seu melhor amigo. Um homem esotérico que dizia
coisas absurdas. Ele queria ajudar o amigo Ênio a se livrar desta terrível
síndrome do pânico, a qual sofria.
- Veja bem Ênio, antes de virmos para este mundo, fomos
programados lá em cima, por seres do além. Quem são esses seres? São cientistas
hiper inteligentes. Eles usam uma matemática superior a nossa e, ela é
infalível, capaz de fazer cálculos exatos das batidas do nosso coração. A
partir do nosso nascimento, o coração começa a bater. Digamos que o seu coração
foi programado para bater 21 bilhões, 399 milhões, 993 mil e 12 batidas.
Vencendo esse total de batidas, caixão, meu velho.
Ênio se coçava, apavorado.
- Como saber quantas batidas tem nosso coração?
- Aí você perguntou demais, amigo Ênio. Temos que evitar tudo
àquilo que entope as artérias, principalmente a gordura para que o sangue não
deslize, porque ele vida ao coração e a todos outros órgãos. Se o sangue
escorrega na gordura, ou leva cafeína, nicotina ou álcool pro coração, o mesmo
pode acelerar e você terá um ataque cardíaco ou morte súbita.
Ênio ouvindo isso se gela todo. Stênio continua a falar.
- O que é mais comum é o derrame cerebral. Se o sangue não
estiver legitimamente limpo, deixa o cérebro sem oxigênio, às finíssimas
artérias se rompem e o indivíduo ganha o derrame cerebral podendo morrer ou
não. Quando não mata, o derrame aleija.
Ênio suava frio.
- Stênio, por que minha nuca está doendo forte?
- Sua pressão sanguínea arterial está exageradamente alta. Se
ela estourar na cabeça, caixão. Tome um suco de maracujá com urgência, porque
você está tão vermelho feito o sangue de Jesus.
Ênio sai correndo dali, da casa do amigo Stênio, para na
primeira lanchonete e toma um suco de maracujá.
O homem estava pálido, sô! Seu coração batia 22º por minuto
e, ele achou que ia ter ataque cardíaco nos próximos minutos. Correu e entrou
na primeira farmácia que encontrou e queria saber quanto estava sua pressão
arterial. O farmacêutico assustou-se quando viu marcar no esfigmomanômetro 230x17.
- Meu senhor, sua pressão está muita alta! Está a ponto de
sofrer um derrame cerebral. Toma algum medicamento? Tem vícios como o de fumar,
beber? Costuma comer comida muito
salgada?
Ênio desmaia e acorda num hospital. Estava calmo, tranquilo,
sentindo-se “bem” em todos os sentidos. Seus pais, ao lado de sua maca,
deixaram Ênio preocupado.
- Pai?! Mãe?! Mas, vocês estão mortos?
Seu pai sorri e diz.
- Ninguém morre, meu filho. Apenas desencarna. Seja bem-vindo
ao mundo dos espíritos.
Ênio abraça seus pais, chora, mas, logo se conforma: seu
coração nunca mais pararia de bater. Estava livre da síndrome do pânico.
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