Patrícia era uma moça muito linda, educada e simpática. Filhinha de papai, querida por todos. Universitária, inteligente que só a peste. Cursava administração de empresas e já estava para se formar. Seus pais, parentes e amigos se orgulhavam dela.
A jovem lourinha dos olhos tão verdes
quanto às matas do Amazonas tinha apenas 23 anos. A rapaziada fazia fila quilometrada
para pedi-la em namoro, porém ela, simpática que só a peste sorria para cada um
deles e dizia:
“Já sou comprometida. Esqueça-me”.
Epa! Epa! Quem seria seu namorado
misterioso? Alguns imaginavam e diziam: “É um lord. É um príncipe. É o dono das
casas Bahia, etc.”.
Patrícia era cobiçada até pelos anjos do
céu de tão linda que era. Só que a gata não era exibida não. Quando ela
percebia que a festa estava se animando demais se retirava deixando
simplesmente seu perfume pelo ar. E ela era cheirosa que só a peste. Se a
moleca soltasse um peido já vinha uns quatro querendo encubá-lo.
Pais, parentes e amigos da jovem Paty
ficaram chocados com a tal cena: “Quem é este velho? Será que essa imundície é
o dono das Casas Bahia ou será que é o desastre da nossa família?” E os
comentários eram muitos. Paty pega um microfone e fala em voz suave para todos
os presentes:
- Gente! Esse é o homem da minha vida!
Para ele dou ei de dar e darei tudo de mim. Ele não é rico não, mas, conseguiu
comprar o meu coração.
O povo ficou tão indignado que promoveu
naquela festa de formatura uma guerra sem frescura. Voavam garrafas de
cervejas, champanhes, copos e taças num único objetivo: acertar o alvo e o alvo
era o velho. Queriam exterminar aquela imundície da festa e, principalmente da
vida de Paty. E os comentários eram muitos: “O que é que a droga não faz?! Será
que Paty se perdeu nas drogas? Que nada! O velho é o dono das Casas Bahia”.
Naquele tumulto de voação de copos, taças
e garrafas o velho e Paty sumiram daquela festa. Foram mais ligeiros do que um
peido soltado junto de um espirro. Ninguém escuta o peido, pode apostar.
Os pais de Patrícia se enfartaram juntos,
na mesma hora. Não se sabe como é que eles fizeram isso. Freud explica? Não sei.
Onde é que aquele trapo se escondeu com a
jovem encantadora Patrícia? A polícia foi acionada e a procura foi grande:
ruas, avenidas, bares e em todos os lugares e nada. Sumiram feito fumaça. Os
amigos de Paty contrataram um detetive inglês e o homem era bom: achava até
areia no deserto e o desaparecido Roberto. Depois de um mês de sérias
investigações o detetive matou a charada: foi tão simples como matar uma
barata. Reuniram parentes e amigos da jovem Paty e disse-lhes:
- O velho e a jovem estão morando aqui
mesmo na vila. Eu diria mais do que isso: estão morando naquela humilde casinha
de sapé ao lado daquela mansão.
Peraí! Ele apontou para a mansão dos
falecidos pais de Paty. Ao lado dela realmente tinha uma casinha de sapé e,
para surpresa de todos o velho e a jovem Paty estavam lá mesmo. Invadiram
aquela humilde casinha pela madrugada e pegaram o velho de pijama. Deram-lhe
uma surra da peste e capturaram Paty levando-a para a mansão. Não adiantou
nada. Foi só amanhecer o dia e a jovem apaixonada volta para os braços do velho
que, mesmo com dentes podres na boca tinha um sorriso bonito.
O povo se revoltou de vez e a ordem agora
era matar o velho. Foram até a casinha de sapé três capoeiristas e lhe deram
outra surra e nada do velho morrer. Chamaram o Paulo ´Paulada e nada; até o Cipó
foi chamado e nada do velho morrer. Foi quando gritou desesperado o tio de Paty:
- Chamem o Rambo.
Outro tio dizia:
- Mas Silvester está longe.
Pois é: nem mesmo o Rambo conseguiu
derrubar aquele velho que, quanto mais apanhava mais sorria. As forças armadas
do Paraguai também fora chamada, mas nada. A jovem Paty rasgou o seu diploma na
frente de todos e disse emocionada:
- Não preciso desta porcaria se tenho ao
meu lado o homem da minha vida, o pai da minha alegria. Com ele passarei a
minha eternidade.
E os parentes e amigos de Paty choravam
muito. O que teria acontecido com aquela jovem tão inteligente e tão linda
Giré, meu Deus?
Aquele velho desdentado parecia a
encarnação do demo, o perfume exuberante da carniça, o Black Sabbath da missa,
o desespero do bezerro indo para o matadouro pra virar salsicha, o sanduíche do
pobre: pão sem lingüiça.
Tentativas de matar aquele velho foram
muitas. Fazer o que? O velho era mais sadio do que um nenê peidão. A praga não
morria não.
Para surpresa de todos, numa manhã de
natal dois corpos foram encontrados num matagal: o diabo do velho e da jovem Patrícia.
Estavam abraçados e afirmam até hoje que estavam dormindo um sono tão profundo
que jamais acordariam neste mundo. E, os comentários eram muitos: “Quem era
aquele velho? Aquele velho era quem? Afinal, quem era aquele velho?”.
Sábios do mundo todo afirmam que aquele
velho era Deus, porque só ele pode todas as coisas. Como o dono do mundo tem
manhas e artimanhas, se materializou num velho e conquistou a jovem Paty que
abandonou tudo e todos e escolheu aquele velho para passar ao seu lado toda a
eternidade. Sem dúvida, aquele velho não era fraco não.
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