Meu
nome é Alan, hoje tenho 28 anos. Desde moleque sempre fui revoltado com tudo e
com todos. Aos 12 anos comecei a usar drogas e, para sustentar meu vício
roubava até mesmo minha mãe. Para não ficar devendo para traficantes eu me
prostituía. Os gays adoravam transar comigo, pois eu era ativo, os dominava nos
relacionamentos. Ganhei muito dinheiro me prostituindo que, aos 18 anos já
tinha meu carro e aos 20, meu apartamento. Eu só usava tênis e roupas de marca.
Eu chorava muito porque sentia um vazio muito grande dentro de mim.
Envolvi-me
com um gay bem mais velho do que eu e, nos apaixonamos de verdade. Foi àquele
gay que me ajudou a me livrar das drogas porque eu já estava me despedindo da
vida. Gratidão não tem preço, mas, eu devo isso a ele.
Numa
noite, após uma relação sexual, desabafei a história do meu passado com ele
que, repentinamente teve uma crise de choro. A história era minha e eu queria
entender o “porque” dele chorar tanto. Ele dispensava minhas carícias, não
parava de chorar e, por fim gritou feito um alucinado: “Eu sou o seu pai”. Foi
à última vez que vi aquele homem.
Só,
em meu apartamento comecei a chorar em desespero ouvindo uma música do
grupo YES, “Soon”. Pensei em beber e me drogar naquela hora, mas não
fiz isso. A história que contei para aquele homem era muito forte, mas era a
mais pura das verdades:
“Eu
tinha três anos quando meu pai me abandonou. Disse-me que não demorava pra
voltar para casa e que me traria quando voltasse, meu Danoninho. Ele me enganou,
porque nunca mais voltou. Minha mãe era quem sustentava a casa e, com o passar
do tempo se adoeceu. Na minha adolescência eu batia muito nela e roubava o seu
dinheiro para me drogar. Eu queria o meu pai de volta, mesmo sem Danoninho. Eu
queria aquele homem que me contava lindas estorinhas, que me fazia rir;
fazia-me feliz. Era ele que me salvava da Cuca, do Bicho Papão em meus sonhos.
Sim, meu pai era o meu herói. Onde ele está agora?”
-
O tempo passou e, hoje estou aqui, doutor Boa, para lhe ouvir. Eu perdoo meu
pai por ele ter me abandonado. Hoje, eu tenho aversão a sexo. Não tenho um pai
herói e sim um viado.
- Alan, o que é ser herói para você? Será que ser
herói para você é ser forte, másculo? “Viado” é pejorativo e, isso é ridículo.
Seu pai é um homossexual e daí? O que muda isso para você que, até um tempo
atrás também era? Seu pai ouviu a sua história, porém, você não ouviu a dele
porque também ele não te contou. Disse-me que quem te salvava da Cuca, do Bicho
Papão nos teus sonhos era ele, não era? Teu pai te contava lindas estorinhas,
fazia você feliz. Por alguma razão (que você nunca soube) ele te abandonou
deixando você e sua mãe numa situação bastante precária. A vida é maravilhosa,
Alan, porém, ela nos surpreende. Nem todo final de uma vida é feliz. As vidas
de vocês (pai e filho) não acabaram e jamais vão acabar um dia. O que aconteceu
com vocês dois é obra da carne e, a carne envelhece, morre e apodrece um dia.
Ser ou não homossexual não vai mudar nada. O espírito sim é forte e é eterno.
Realmente, é uma situação bastante delicada: pai e filho ter relações sexuais,
porém, vocês não sabiam disso. Como até as pedras se encontram, um dia creio
que vocês vão se encontrar. Dê um abraço bem forte em seu pai, ouça a
história dele e depois disso chame-o de herói. Lembre-se que ele apareceu em
sua vida quando você já estava se despedindo dela devido às drogas. Sim, ele é
muito mais do que um simples pai, é o seu pai herói.
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