Dr. Pereba é um doutor querido no mundo todo. Natural da
Paraíba, onde reside num mocó abaixo de humilde com sua esposa Mocotó e seus
dezoito filhos. O mundo quer entender por que diabos um homem tão famoso feito
Dr. Pereba mora numa pobreza daquela. Bem no seio do sertão, sô?
Dr. Pereba consulta seus pacientes dentro de seu mocó mesmo.
Vixi! Vê-se de tudo lá dentro gente! São gatos abrindo panelas em cima do
fogão, baratinhas brincando de pega pega em cima da pia, pintos, galos e
galinhas fazendo festa em cima da mesa, cães sarnentos dormindo no sofá, na
cama e na rede, os filhinhos menores do Dr. Fazendo concursos de arrotos e
peidos... Vixi! Que horror e que fedor, sô!
Certa noite bateu palmas no portão tal de Diabel, um sujeito
tão feio feito o escroto de um saco. Dr. Pereba foi atendê-lo de sunga, pois, o
calor estava demais.
- Ô Diabel, vamos entrando? O que que tá acontecendo com tu
homem? Veio me assustar?
- Pois é, Dr. Pereba, acho que, pro meu problema não tem
remédio não. Eu sou feio demais.
E Dr. Pereba é porreta demais, tem respostas pra tudo.
- Feio demais é o peido que foge em silêncio deixando o
ventre vazio. Pra ficar bonito se gasta pouco ou não gasta é nada. Qual das
duas opções tu vai querer?
- A de não gastar é nada.
- É só tu arrumar uma mulher dragão, daquela bem feia e tu
vai se sentir lindo perto dela.
Parece que Diabel não gostou muito dessa opção.
- E a opção de gastar pouco?
- Tu começa pela boca. Tome vergonha na cara, homem e mande
um dentista arrancar esses teus dentes que estão todos os podres; bota um creme
nesse teu cabelo armado porque ele está assustando as meninas; perca metade
dessa tua barriga; solte uns peidos; bota desodorante ao menos nos pelos do
sovaco, porque a coisa está fedendo, hein! Pronto! Tudo isso sai barato demais.
E Diabel sai feliz do mocó do Dr. Pereba. Coitado! No passar
dos dias, como ele andava sempre duro, fodido, ficou com a opção um: a de não
gastar é nada. Arrumou uma criatura tão feia feita a briga da foice.
Outro dia chega uma mocinha lá no mocó e a coitadinha era tão
magrinha que até dançava por causa dos ventos. Seu nome era Nicinha. Dr. Pereba
conhecia todo mundo naquele sertão.
- Tudo bem, Nicinha? Continua dançando?
Ela segura na bananeira do Dr. Pereba e lhe diz.
- Dr. Pereba, me ajude! To é magra demais. Hoje de manhã,
soltei um peido e por pouco não perdi minha bunda.
- Não se perde o que não tem, neném. Tu tem que comer banana
com feijão, feijão com banana e banana com banana.
E Dr. Pereba encheu Nicinha de tantas bananas. Xi! Nicinha
estava tendo uma congestão bananal. Dr. Pereba lhe faz uma massagem completa e
ela solta muitos peidos com sabor de banana. A coisa pegou e ela ia todos os
dias visitar a bananeira do Dr. Pereba. A bichana ganhou uma barriga que dava
gosto de ver, Sô!
Outro dia chegou lá no mocó, uma velha com fortes dores desde
a planta dos pés até o miolo do cérebro. Dona Pinta estava mal mesmo.
- Dona Pinta, a senhora ainda não morreu? Pensei que tu estava
no céu contando historinhas pros anjinhos.
E a velha mal conseguia falar de tanta dor.
- Ai! Ai! Ai e ai!
- Pois é, o inglês já ia entender que tu é eu, ou seja: tu é
você mesma. Tá doendo tudo?
- Ai!
- Pois é, Dona Pinta, chega uma hora na vida da gente que
todos os sentimentos agradáveis vão se embora porque a carne começa a envelhecer
e feder, porém, a dor se apaixona pela gente e ela só vai embora se for com a
morte. Quer morrer?
- Ai!
Dr. Pereba tira a roupa da velha Pinta e faz uma massagem
completa nela.
- Ai! Ai!
E a velha Pinta geme, sussurra, chora, ri e peida.
- Ai! Ai!
Sai de lá curada e sem dor. Coitada! No que a velha atravessa
a rua é atropelada por um cachorro que vinha num alto pique pra pegar uma
cadela paulista no cio. A velha Pinta morreu na hora.
Pois é, gente! Dr. Pereba realmente é um Doutor dos bons. Faz
até pinto peidar e galinha cuspir; o homem é bom demais, sô!
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