sábado, 10 de novembro de 2012

DR. PEREBA


 
Dr. Pereba é um doutor querido no mundo todo. Natural da Paraíba, onde reside num mocó abaixo de humilde com sua esposa Mocotó e seus dezoito filhos. O mundo quer entender por que diabos um homem tão famoso feito Dr. Pereba mora numa pobreza daquela. Bem no seio do sertão, sô?
Dr. Pereba consulta seus pacientes dentro de seu mocó mesmo. Vixi! Vê-se de tudo lá dentro gente! São gatos abrindo panelas em cima do fogão, baratinhas brincando de pega pega em cima da pia, pintos, galos e galinhas fazendo festa em cima da mesa, cães sarnentos dormindo no sofá, na cama e na rede, os filhinhos menores do Dr. Fazendo concursos de arrotos e peidos... Vixi! Que horror e que fedor, sô!
Certa noite bateu palmas no portão tal de Diabel, um sujeito tão feio feito o escroto de um saco. Dr. Pereba foi atendê-lo de sunga, pois, o calor estava demais.
- Ô Diabel, vamos entrando? O que que tá acontecendo com tu homem? Veio me assustar?
- Pois é, Dr. Pereba, acho que, pro meu problema não tem remédio não. Eu sou feio demais.
E Dr. Pereba é porreta demais, tem respostas pra tudo.
- Feio demais é o peido que foge em silêncio deixando o ventre vazio. Pra ficar bonito se gasta pouco ou não gasta é nada. Qual das duas opções tu vai querer?
- A de não gastar é nada.
- É só tu arrumar uma mulher dragão, daquela bem feia e tu vai se sentir lindo perto dela.
Parece que Diabel não gostou muito dessa opção.
- E a opção de gastar pouco?
- Tu começa pela boca. Tome vergonha na cara, homem e mande um dentista arrancar esses teus dentes que estão todos os podres; bota um creme nesse teu cabelo armado porque ele está assustando as meninas; perca metade dessa tua barriga; solte uns peidos; bota desodorante ao menos nos pelos do sovaco, porque a coisa está fedendo, hein! Pronto! Tudo isso sai barato demais.
E Diabel sai feliz do mocó do Dr. Pereba. Coitado! No passar dos dias, como ele andava sempre duro, fodido, ficou com a opção um: a de não gastar é nada. Arrumou uma criatura tão feia feita a briga da foice.
Outro dia chega uma mocinha lá no mocó e a coitadinha era tão magrinha que até dançava por causa dos ventos. Seu nome era Nicinha. Dr. Pereba conhecia todo mundo naquele sertão.
- Tudo bem, Nicinha? Continua dançando?
Ela segura na bananeira do Dr. Pereba e lhe diz.
- Dr. Pereba, me ajude! To é magra demais. Hoje de manhã, soltei um peido e por pouco não perdi minha bunda.
- Não se perde o que não tem, neném. Tu tem que comer banana com feijão, feijão com banana e banana com banana.
E Dr. Pereba encheu Nicinha de tantas bananas. Xi! Nicinha estava tendo uma congestão bananal. Dr. Pereba lhe faz uma massagem completa e ela solta muitos peidos com sabor de banana. A coisa pegou e ela ia todos os dias visitar a bananeira do Dr. Pereba. A bichana ganhou uma barriga que dava gosto de ver, Sô!
Outro dia chegou lá no mocó, uma velha com fortes dores desde a planta dos pés até o miolo do cérebro. Dona Pinta estava mal mesmo.
- Dona Pinta, a senhora ainda não morreu? Pensei que tu estava no céu contando historinhas pros anjinhos.
E a velha mal conseguia falar de tanta dor.
- Ai! Ai!  Ai e ai!
- Pois é, o inglês já ia entender que tu é eu, ou seja: tu é você mesma. Tá doendo tudo?
- Ai!
- Pois é, Dona Pinta, chega uma hora na vida da gente que todos os sentimentos agradáveis vão se embora porque a carne começa a envelhecer e feder, porém, a dor se apaixona pela gente e ela só vai embora se for com a morte. Quer morrer?
- Ai!
Dr. Pereba tira a roupa da velha Pinta e faz uma massagem completa nela.
- Ai! Ai!
E a velha Pinta geme, sussurra, chora, ri e peida.
- Ai! Ai!
Sai de lá curada e sem dor. Coitada! No que a velha atravessa a rua é atropelada por um cachorro que vinha num alto pique pra pegar uma cadela paulista no cio. A velha Pinta morreu na hora.
Pois é, gente! Dr. Pereba realmente é um Doutor dos bons. Faz até pinto peidar e galinha cuspir; o homem é bom demais, sô!

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