quarta-feira, 7 de novembro de 2012

UM CARRAPATO, UMA CADELA E O AMOR



O amor desde que foi criado, sem dúvida, continua sendo um mistério. O interessante é que tudo na vida, no mundo é amor e, poucos sabem disso. Quem foi a besta quadrada ou redonda que disse que carrapatos não amam? Você já perguntou para um carrapato se ele realmente ama ou não? Não perca seu tempo, pois, ele não vai te responder nunca. Então, você questiona, pula, baba e se espuma todo: “Carrapatos não amam porque são insetos, seu animal!” Pare com isso, palhaço expulso do circo! O amor é racional e irracional também. Você é um boneco de carne que pensa, fala e ama e um carrapato é um parasita externo, um artrópode, que se alimenta do sangue do hospedeiro, ou seja: é uma bolinha de sangue que tem olhinhos, tem três pares de patas e, enfim, ele sem dúvida, é uma vida. Você evoluiu no seu mundo e ele no dele, que resumindo tudo é nosso. Acompanhe esta história juntamente de um lenço, caso necessite enxugar as lágrimas que, provavelmente cairão de seus olhos.
Carniça era uma cadelinha sarnenta e muito pobre. Por piedade do destino, ela conseguiu ser adotada por um velho tão pobre feito ela. Tudo bem, a cadela gostava do velho porque este lhe dava abrigo e principalmente comida, mas, peraí! Ela queria um cachorro e, na seqüência uns cachorrinhos para, enfim, ela constituir sua família.
Os cachorros fugiam dela como frieiras, joanetes e chulés fogem da “pomadinha da vovó”. A velhinha não é fraca, não.
Um dia, milagrosamente, o dono de Carniça ficou rico. Ele achou um tesouro e, por pouco, o velho não ficou louco. Mataram a charada? É claro. Conseqüentemente, Carniça passou a ser uma cadela rica também. Não tinha mais sarnas e, notem só, como o amor é lindo.
Há tempos, um simpático carrapatinho sugava o sanguinho de Carniça. Ele gostava do leitinho dela também. Carniça acabou se apaixonando por aquele bebê bolinha e, é claro: muito mais ele por ela. Bonita feita cadela de madame, a cachorrada ficou é doida. Mas, ai se um cão viesse com esse negócio de cheirinho perto dela, sô! Ela só mostrava seus dentes e os cachorros já saiam fora. Seu negócio agora era aquele carrapatinho que passeava por todo o seu corpo e, opa! Manera aí nesse passeio, Zé!
Um dia, o dono de Carniça a pegou num “coça coça” e ficou preocupado. O que ele não sabia era que Carniça estava adorando tal coceirinha porque era provocada por Zé, o carrapato. Vixi! Rico feito o baú de Sílvio Santos, o velho levou Carniça para um dos maiores veterinários do mundo: Dr. Pereba. Carniça chorava porque sentia que o grande pequeno e único amor de sua vida seria expelido de seu corpo para todo o sempre. Muito esperto Zé achou um buraco no corpo de Carniça e lá entrou.
O Dr. Pereba fazia uma revisão completa na cadela e aquilo era demorado. Se Zé saísse daquele buraco, ele seria capturado e, conseqüentemente esmagado; por outro lado, se ficasse lá dentro, os vermes iriam devorá-lo. Não deu outra: Zé se encontrou com Praga, a rainha dos vermes e também, daquele buraco e, o devorou. Quando Carniça sentiu algo explodindo dentro dela “PLEFT” ela também desistiu de viver, morrendo nas mãos do Dr. Pereba. Creio que ambos, ou seja: Carniça e Zé estão num paraíso. O amor, irmandade, não tem limites.


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