Padilha era um sujeito safado, sem vergonha, mentiroso e um
tremendo de um charlatão. Gostava de extorquir dinheiro do povo, principalmente
dos humildes, onde ganhava, com sua lábia, até a última moeda.
O cara-de-pau lacraia, também cachaceiro, montou uma tenda
bem no centro de Sertãozinho, interior de São Paulo, batizando-a como: “Tenda
Do Caboclo Jurubeba”. Vixi, sô! Aparecia todo tipo de pessoa por lá. Padilha,
movido a Jurubeba (bebida) rolava no chão, pulava, gritava biuí bariguíi, batia
palmas, arregalava os olhos, enfim, quem via, dizia que o homem estava
incorporado no Caboclo Jurubeba. Assim, ele enganou muita gente humilde. Já
estava ficando rico.
Um dia, chegou lá em sua tenda uma mocinha tão linda feita
uma carteira recheada de dólares e euros. Que gracinha! Padilha faz todo aquela
encenação, dizendo estar incorporado no Caboclo Jurubeba e, pergunta para a
mocinha:
- O que você quer minha torta de hortelã?
Ela sorri.
- Nossa! Por que torta de hortelã?
- É porque o teu hálito é demais. Purifica todo o ar poluído
por peidos e bactérias espirituais. Quando tu sorris purifica, quando tu ris
pluraliza o sorriso em riso e até os vírus da bactéria da bunda da velha
morrem. Deixe de conversa fiada e vem logo me dar um beijo lascado que todos os
seus desejos serão realizados.
E a mocinha beija a testa de Padilha, que fica bravo.
- Pode parar bolinho de fubá! Isso não é beijo lascado.
Falo-te daquele lambe boca, entendestes? Acaso não queres que eu, Caboclo
Jurubeba realize todos os seus desejos?
- Sim, eu quero, porém, não quero trair meu noivinho.
- Noivinho?! Farei você perdê-lo. Deixarei, com meus poderes
espirituais, ele cego, surdo e mudo.
- Mas, isso ele já é, Caboclo Jurubeba.
Padilha fica surpreso.
- E é?!
A mocinha sorri como um bobão caipira que acabara de ganhar
sozinho na mega sena.
- Pois é. Como é que o senhor dotado de uma espiritualidade
tão linda, não sabe disso?
E Padilha fingindo estar incorporado, se rola, bate a cabeça
no chão, grita biuí bariguíi, e diz:
- É claro que eu sei que tudo isso ele já é, menina boba.
Mas, se você não me der um beijo lascado, deixarei os ossos dele todos
quebrados.
- Xii! Coitado! Meu noivinho tem reumatismo, artrose e
osteoporose e, agora está com trombose. Como se não bastasse, caiu recentemente
de um prédio de 20 andares e, ainda assim, não morreu. Não tem mais nada pra
quebrar nele não, Caboclo Jurubeba.
- E é?!
- Pois é. Como é que um ser como o senhor dotado de um dom cana-de-açúcar,
de um hálito tão doce feito o bolo prestígio de Lúcia, não sabe disso?
- Bolo prestígio de Lúcia, bem lembrado. É claro que eu sei,
bobinha. Adoro brincar com menininhas. Tenho um bonequinho que quer brincar com
sua boneca. É pegar ou largar. Quer pegar?
E de repente, gente, entra naquela tenda, Romão, o legítimo
namoradão de Rominha, a mocinha. Malú Malícia, sem maliciar, mas, pense num
cacete. Pense num cacete dos grandes. Pensou? Pensou pequeno. Padilha levou um
cacete de Romão que dava pena. Ficou com o corpo tão ardido feito peito
formigado de tamanduá; feito peido vaginal de gorila americana que queria ser
Donna Summer. Vixi, sô! Mas, o homem apanhou demais!
Romão era o delegado de Sertãozinho e também, o namorado da
mocinha. Só que Padilha pensou que era apenas mais uma caipirinha, entende?
O canalha Padilha foi preso e, por trás das grades disse pra
si mesmo.
- Fui perder logo pra uma mocinha? Bonitinha, upa, upa! É uma
tremenda filha da mãe.
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