Eu achava que seria diferente ao despedir da vida, a qual eu nunca pedi para nascer. Vim ao mundo como vêm os porcos, os ratos, os cães, as baratas, etc. Hoje sei que não sou melhor ou superior a eles.
Cresci
num mundo ouvindo lendas e histórias. Acreditando em historietas absurdas de
que “os bons vão para o céu (ao morrerem) e os maus para o inferno”.
Na
minha infância, naquele paraíso maldito chamado “terra”, ouvia dizer de que Deus,
o Criador, não faz acepção de pessoas. Da minha infância à
adolescência, da adolescência à juventude e, da juventude à velhice, pude notar
que aquilo que ouvi um dia, não passava de ilusão, ou, pior do que isso: uma
grande mentira. Eu procurei um lugar para sobreviver na sociedade, mas, fui
excluso dela; eu rabiscava a minha suposta e tão desejada felicidade em papéis
e, nunca pude alcançá-la. Não deu tempo, pois, se vive muito pouco. Foi
pesquisando as Escrituras Sagradas que cheguei à conclusão de que Deus faz
acepção de pessoas. Este é um assunto polêmico demais.
Noé,
o velho que construiu a arca, amaldiçoou seu filho Cã e sua geração. Qual é o
historiador bíblico que não sabe que a geração de Cã é negra? Quer dizer então
que Noé, por ser um servo de Deus, poderia embriagar-se de vinho e ficar nu
trazendo “vergonha” para a sua família? Nunca aceitei
isso.
Esaú
e Jacó eram irmãos gêmeos, filhos de Isaque e Rebeca. O primogênito de Isaque
era Esaú, quem em troca de um prato de lentilha vendeu sua primogenitura ao
irmão Jacó. Isaque já velho e cego foi enganado pela mulher Rebeca e seu filho
Jacó que se passava pelo irmão Esaú, o preferido do pai. Certas “tramoias” eram
aceitas por Deus, no passado, por que hoje não as seriam?
Davi
se tornou rei em Israel, designado por Deus. Além de adúltero, embriagou de
vinho Urias, seu guarda fiel e braço direito e, ainda mandou matá-lo para ficar
com a linda Bate Sebá, esposa do coitado. O castigo que Davi teve foi muito
pequeno. Perdeu seu filho, mas, continuou reinando. Escreveu o livro dos Salmos
e teve um filho, Salomão, considerado por Deus, o mais sábios de todos os
homens. Eu nunca aceitei isso.
A
raça humana na terra se preocupa muito em agradar a Deus e o que muda isso?
Tribulações, catástrofes, violência, insegurança, guerras e terremotos sempre
existiram na terra. Quando eu presenciava um acidente, por exemplo, em que a
vítima saía ilesa, ouvia uma grande idiotice: “Foi livramento de
Deus”. Que tolice! Na hora que tem de acontecer, acontece e não há
livramento de parte alguma. Por que é que é tão gostoso acreditar em ilusões?
Talvez, porque somos eternas crianças.
Outro
grande absurdo que cansei de ouvir dos fanáticos religiosos era: “Devemos
dar graças a Deus por tudo”. Será que Deus sabe o que é morrer de
fome, de sede ou de frio? Ou então, um pai, ver sua filha sendo violentada até
a morte? Graças a Deus, por quê? Ou melhor: Eu deveria dar graças pelo o quê,
em minha vida?
No
meu convívio social, notava que existia gente que tinha dinheiro demais e, não
precisava de tudo aquilo. Enquanto eu precisava de muito pouco para ser feliz.
Gente honesta ou não, isso não importa, mas, preferia jogar dinheiro fora a
ajudar um “filho da puta” como eu, cheio de sonhos que
nunca saíram dos papéis. Nunca foram realizados.
Acho
que o mínimo que Deus poderia fazer é apagar as recordações do passado, na
entrada do homem ao paraíso. Se é que esse Deus, realmente não faz acepção de
pessoas, faça-me um rei. Não aceito a ideia de viver eternamente num paraíso de
ilusões. O meu histórico na terra será esquecido como muitos outros. É uma pena
que não me lembro: Mas, lá atrás, quando eu ainda era um espermatozoide, jamais
deveria ter alcançado o útero de minha mãe. Vencedores foram meus milhões de
irmãozinhos e, não eu. Já estou morto há muito tempo, mas, se ainda estivesse
vivo e, não fosse tão covarde, eu tiraria a minha vida.
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