sexta-feira, 28 de março de 2014

GAROTA REBELDE



Pensem numa adolescente rebelde, gente. Numa garota linda, com um espírito de grilo deprimido e velho; numa criatura que só ri da desgraça dos outros, tipo: ver uma velhinha escorregar numa casca de bananas, cair e quebrar sua espinha; um padre deixar escapar um peido (sem querer, é claro) bem na hora da missa, naquela parte da pausa pro silêncio; um anão cair e se afogar dentro de um vaso sanitário, enfim, assim era Fabíola, uma garota rebelde.
Fabíola não curtia sexo e, muito pelo contrário: achava que todo o ser vivo era sem vergonha, menos ela, é claro. Quando via uma transa sexual da barata macho com a barata fêmea, dizia com ódio nos olhos.
- Que podridão dos demônios! Será que Deus, o Criador se diverte com isto? Assim trabalha a natureza. Desta sacanagem viriam ovinhos e mais baratinhas. Viriam.
Fabíola pegava a chineleta da vovó e esmagava as baratas.
- Morram, suas inúteis.
Ferdinando, o pai de Fabíola era um homem tranqüilo e, por sinal, muito amoroso para com sua filha rebelde. Ele dizia cada coisa linda para Fabíola.
- Minha filha, não fique triste. Lembre-se: o pôr-do-sol ainda existe.
Fabíola irritada como os pernilongos etíopes que queriam sugar um sangue com mais substância olha para o seu pai diz:
- Eu queria ser uma jiboia, aquela cobra grande e grossa para ter o prazer de engoli-lo vivo. Odeio saber (ainda bem que não me lembro) da forma que me trouxe ao mundo, seu sem vergonha.
Ferdinando com aquela fala mansa, pacífica de Jó diz:
- Minha querida, você veio ao mundo como todos os anjinhos vêm. Foi fazendo amor com sua mamãe que nasceu esse fruto abençoado, ou essa fruta, se preferir que é você.
Fabíola nervosa feita uma mosca velha querendo pousar no bolo, porém, não pode porque o bolo acabou de sair do forno, responde.
- Enigma do Diabo! Ninguém faz amor. O que rola é sexo. É veia dura no buraco molhado, fétido e maligno. Eu me odeio por saber que saí dessa veia, entrei neste buraco sujo e fui mês além, depois voltei para esse mesmo buraco e hoje estou aqui. Ainda bem que não me lembro disso.
Ferdinando com aquele olhar doce de cão que olha para um osso de frango, diz:
- Tudo foi criado por Deus, filhinha. Deus é lindo e sabe o que faz.
Fabíola cega de ódio como Tiago louro, responde.
- Você é a pior coisa que Deus já fez. É infantil. É um psicopata. Vou dar um jeito de processar você.
Ferdinando chora.
- Meu mel, me adoce.
Fabíola irritada feita uma cadela no cio, sabendo que não tem mais cachorros na vila por causa da carrocinha, chuta o bumbum do papai.
- Suma da minha vida sua nódoa. Vou matá-lo da pior forma que nenhum ser humano ainda teve essa ideia.
Ferdinando fica preocupado feito um piolho na cabeça de um calvo, que é fácil de pegá-lo.
- Como filhinha?
Fabíola tranqüila feita uma pomba muçulmana diz:
- Vou deixá-lo vivo. Vai vazar daqui de casa feita merda grossa de vaso sanitário de primeira.
Coitado de Ferdinando, gente! Vazou mesmo. E ele era um homem tão amoroso para com a sua filhinha.Nunca deu sequer um tapinha na bundinha dela.
Edimala, mãe de Fabíola, fica triste com a atitude guerreira da filha.
- Por que expulsou teu papy de casa, meu anjo?
Fabíola com olhar de loba obcecada diz para sua mãe:
- Me aguarde, velha maldita. Você será a próxima vítima.
Vixi! Que garota rebelde, gente!




doutorboacultural.blogspot.com/


Nenhum comentário:

Postar um comentário