quarta-feira, 7 de agosto de 2013

AMOR DE UM PINTO

Confesso piamente: Pintos também amam. Sou um pinto e me orgulho disso. Sabe, às vezes, na calada da noite fico mole e adormeço. Murcho mesmo. Durante o dia dou um duro danado e, não resisto à noite: tenho que descansar, pois, afinal, não sou um pau que nunca amolece. Sou um pinto.
Na vida, não descobri prazer maior do que o de comer. Eu passo o dia comendo. É tão gostoso comer! Rolas também comem como os pintos e, por sinal, sou um pinto comedor, qual é o problema?
Às vezes, quando estou comendo, fico assim tão duro feito um pau. Não tenho pena daquilo que eu como, embora, sei que já comi muitas galinhas. Até que galinhas têm uma carne molinha. Depois que me farto de tanto comer, fico com a consciência pesada. Tá pensando que pintos não têm consciência, malandro? Esse negócio de comer minha parentela tem que acabar.
Dias atrás eu estava comendo uma galinha e levei uma surra da peste de uma rola grossa. Que rola estúpida! Por que essa praga não vai comer as pombinhas? Deixe minha família em paz, grossura!
Deixando esse papo de comes, descobri que sou um pinto apaixonado. Só que amei demais galinhas e, sei que, lamentavelmente, galinhas têm má fama; Por que será, hein? Todas elas gostam de pintos. Será que é por isso que elas têm má fama? Não, não pode ser. Sou um pinto e me orgulho de ter saído de uma galinha. Quer dizer: do ovo dela. Não me perdoo e sei que vocês também não vão me perdoar. Comi a galinha da minha mãe. Ela morreu de depressão porque tinha asas e nunca aprendeu a voar como a águia. No terreiro, meu pai galo já estava velhinho, começou a cantar mole e, até perdeu a crista. Minha mãe caiu dura e, antes que as rolas grossas ou finas as comessem, comi primeiro. Podem me criticar, me julgar. Não me importo. Apesar de ser um pinto comedor, sou um pinto apaixonado e, sabem por quem?

 Por uma rola, piás. Há, há, há, há! Piu piu, piás!

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