segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

FALA FINA



Napoleão era um homenzarrão. Tinha 2 m  de altura, corpo musculoso de halterofilista; boa pinta que calavam até mesmo as cadelas, por onde ele passava. Olhos tão verdes feito o jardim de Madonna. O homem tinha quarenta anos, mas, aparentava ter vinte. O cabra era bonito demais, sô!
Anita era uma mulher muito rica e bonita. Qualquer homem que ela quisesse tinha debaixo da sola dos seus pés, porém, ela queria fazer a escolha certa. Não importava se o cabra fosse pobre, porque ela lhe daria do bom e do melhor, caso gostasse dele. Ela, solteirona, trinta e cinco anos, saudável, cheia de vida, virgem, estava pronta para se entregar ao homem da sua vida.
Napoleão e Anita se conheceram pela internet. “Jesus, que glórias!” Quando Anita viu a foto do perfil de Napoleão, por pouco não estourou seu computador a porradas. A emoção foi forte.
- É ele! É ele!
Quando ela viu outras fotos loqueou de vez. “Que homem lindo, Jeová Giré dos giros, gerações e girassóis!”
Napoleão morava em Manaus, no Amazonas e, Anita em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Era um pouquinho longe, porém, pra quem tinha dinheiro, era só um pulinho. Iniciaram um romance só trocando ideias e ideais pela internet. Só nos dígitos, Nenê. E Napoleão escrevia versos, poemas dos mais lindos. “Que homem romântico, pico do picolé que, agora tenho em meus pés”. E ficavam namorando pela internet até altas horas da noite e, isso, era direto. Casaram-se via internet. O padre foi o Google e, as milhares de testemunhas foram os internautas.
Que sorte a de Napoleão, sô! O camarada estava desempregado há dez anos e quem lhe sustentava era a velha Minâncora, sua avó. Agora, graças à bem sucedida na vida, Anita, Napoleão estava em boas mãos.
Chega de dígitos, Nenê. Agora era bater pra valer. Anita pegou um avião com destino a felicidade. Seu amor, seu marido Napoleão Espada estava aguardando-a no aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus.
De longe, ainda no alto, Anita, por pouco, não se enfartou, pois, podia ver Napoleão e, enfim, o amor é lindo. No que o avião aterrissa, ela é a primeira a sair e corre para abraçar Napoleão, o homenzarrão da sua vida. Foi lindo de ver o encontro excepcional do casal apaixonado. Internautas do mundo inteiro estavam lá filmando tudo. Ué, o que houve, minha couve? Notaram certa decepção no semblante de Anita. Napoleão foi o primeiro a lhe perguntar:
- O que houve, meu amor? Será o calor de Manaus? Está passando mal? Aqui tem hospital.
Anita ficou decepcionada com a voz fina, de gralha e, também híper delicada do marido. Não disse isso a ele para não magoá-lo, porém, não gostou nem um pouco daquela voz tão fina feita uma veia. Quem diria, Maria? E agora, Aurora? Que o amor seja benvindo. Isso não é lindo?
Anita ficava envergonhada cada vez que seu marido falava. Cair fora agora não seria tão fácil assim. Suas amigas lhe deram bons conselhos.
- Anita, você se casou com ele e, não com a voz dele.
- Não perca esse super homem, bobinha. O importante é o calor do amor debaixo dos lençóis. Já fez amor com ele?
Anita pensou bem e chegou à conclusão de que ser casada com um fala fina não seria algo assim tão ruim na vida. Finalmente, a noite de núpcias. Anita o levou no motel mais chique de Manaus e, notou que ele estava preocupado. Ué, gente! Será que ele era impotente? Anita abraça o maridão fala finão e o pergunta:
- Algo te aborrece, amor?
Napoleão, muito triste, despe-se e diz:
- Nem sei como lhe dizer isso amor. Não tenho pênis.
O que?! Pode parar! Anita até que ficaria com ele por ter fala fina, mas, sem pênis, entorta a colher da sopa, meu! Por que ele não jogou limpo com ela desde o início?
Anita, muito educada tem um diálogo sério com Napoleão.
- Napoleão, sinto muito mesmo, mas, podemos ser simplesmente bons amigos, porém, marido e mulher, neneca, boneca.
Napoleão faz cara de choro.
- Só por que não tenho pênis, amor?
- É que fica assim tão diferente, entende? Toda mulher deseja ser preenchida e...
- Mas, existem pênis de silicone, amor. Inclusive eu tenho um.
Anita fica brava.
- Eu não quero nada artificial, caramba! Sou natural e adoro coisas naturais. Darei-te um bom dinheiro pra você ser feliz, porque sei que você é um homem caído, azarado e fodido.
Napoleão chorava igual nenenzinho etíope. Anita fez um checão no valor de um milhão e, boa. Deixou-o no criado-mudo, ao lado da cama. Saiu daquela suíte do motel, sem olhar para trás. Quando Napoleão olha o valor do cheque tem na hora um piripileque. Liga para Braulião, com quem tinha um caso:


- Amor, tenho um checão em mãos no valor de um milhão. Que tal fazermos um “love” agora?
Xii! Olha que fria Anita ia entrar, gente! O “Fala Fina” gostava de um Braulião, sô!



doutorboacultural.blogspot.com/

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