A imaginação do século XIX forjou um monstro que ainda hoje
assombra as caricaturas de jornal e os romances de ficção científica: o Homem
das Cavernas.
Dotados de fronte fugidia, com um olhar estúpido; de clava na
mão: tendo ao lado a fêmea. Dominada a cacetadas; vestindo uma pele mal
curtida, lembrando mais os trapos de um mendigo do que o fruto de um artesanato
consciente; falando uma língua de história em quadrinhos, rica em “arrggs”
e “hugghs”. Assim são pintados os antepassados imediatos do homem.
Historiadores afirmam que “Huggs” era o primeiro
homem do mundo, isto é: após uma série de pesquisas e estudos avançados.
Com uma clava na mão Huggs caminhava com sua fêmea. Não era
um caminhar elegante e moderno não, como vemos nos dias de hoje. Era um
caminhar totalmente desleixado, assim, como caminha um orangotango. E a fêmea
de Huggs,
às vezes, parava de caminhar e gritava, olhando para o seu macho:
- Hugghs! Hugghs!
Este he dava uma cacetada violenta e dizia:
- Arrgghs!
Foi aí que os historiadores citam os de hoje, após uma série
de viagens astrais, regressões às vidas passadas, etc., chegaram à conclusão de
que o nome do macho cavernoso era Hugghs e da fêmea cavernosa era Arrgghs.
Que sublime inteligência desses historiadores.
Naquela época não havia cultura de palavras, etiquetas ou
qualquer tipo de frescura que o homem moderno tenha inventado. Não se iluda, Cherrys. Naquela época, esse papo de
educação era como punhalada no coração. Coitadas das bichinhas da caverna da época. Tomavam, literalmente, no centro do
coração com essa mania de doçura.
Toda a vez que Hugghs via um macaco, ele gritava:
- Arrgghs!
O mesmo fazia Arrggs, só que gritava diferente:
- Hugghs!
Os historiadores chegaram à conclusão de que, macacos, na
regra geral, chamavam-se, na língua da caverna: Hugghs e Arrgghs
também. Que sublime inteligência desses historiadores!
Arrgghs, a fêmea de Hugghs
deu à luz na caverna e nasceu uma linda menina. Quer dizer, “linda” entre aspas. A criatura era tão
feia, capaz de assustar até a neta do capeta do inferno. O interessante, o que
deixou muitos historiadores confusos é que Hugghs, o pai, chamava a menina de Arrgghs
e Arrgghs, a mãe, chamava a menina
de Hugghs.
Afinal, pipoca eletrônica, era Hugghs
ou Argghs, o nome da criança? Chegaram à conclusão, após sérias pesquisas de
que o nome da criança era Arrgghs Hugghs ou Hugghs
Arrgghs. Isto até que faz sentido, pois, a menina Arrgghs Hugghs ou
Hugghs Arrgghs era filha de Hugghs e Arrgghs. Que sublime
inteligência desses historiadores!
E assim Hugghs, Arrghhs e Arrgghs Hugghs ou
Hugghs Arrgghs viviam na caverna.
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