segunda-feira, 21 de outubro de 2013

GOLPE DE MESTRE


Num simples salão de cabeleireiros em São Paulo, Capital, chega um senhor sério, com uma maleta 007 nas mãos e, logo já é atendido por um dos cabeleireiros.
- Deseja cortar o cabelo, senhor?
- Sim.

Durante o corte, o senhor sério abre um diálogo com o cabeleireiro.
- Pois é, noto que é um excelente profissional. Trabalha aqui há muito tempo?
- Este salão é meu.
- Poderia ampliá-lo, meu jovem.
E o cabeleireiro sorri e diz.
- Não é tão simples assim, senhor. Falta-me grana.
E assim que termina o corte, aquele homem sério lhe dá R$ 150,00 (cento e cinquenta reais) em dinheiro. O cabeleireiro se espanta.
- Senhor, o corte é apenas R$ 15,00 (quinze reais).
E aquele senhor sério, de boa aparência lhe diz.
- Gostei de seu trabalho, portanto, este dinheiro é seu. Não se esqueça de fazer um agrado às crianças. Tenho um excelente negócio a lhe propor. É pegar ou largar.
O cabeleireiro, com as mãos trêmulas, guarda o dinheiro recebido no bolso, agradece e fica curioso.
- Que negócio é esse, senhor?
O homem sério abre sua maleta 007 e, isto faz o cabeleireiro empalidecer. Havia dentro daquela maleta centenas de notas de R$ 100 e R$ 50.
- Troco três notas dessas falsas por uma. Mas, peraí! Antes que você grite ou peide, o que não seria nada educado de sua parte tire do bolso aqueles R$ 150 que lhe dei.
O cabeleireiro, com as mãos trêmulas, tira de seu bolso aquele dinheiro e, o homem sério conclui.
- Estas notas são falsas, porém, graças ao meu profissionalismo, são tão verdadeiras feitas às promessas bíblicas. Costumo ser direto: está vendo lá, do outro lado da rua, aquela panificadora? Venha comigo e, com R$ 50, compre um pão doce. A mocinha do caixa vai lhe devolver o troco e ainda lhe agradecer.
O cabeleireiro fica preocupado.
- Pode parar, senhor. Isto é explicitamente ilícito. Sou evangélico, portanto, sou um homem de Deus e...
O homem sério faz um sermão.
- Larga de ser bicudo, bocó! Conhece quem rouba mais do que esses incentivadores da fé? Sou milionário e, digo mais: bilionário. Nenhum presidente lhe daria de bandeja isto que estou querendo lhe dar e, pra terminar, honre aquilo que tem no meio das pernas, ou vai querer deixar pra Jesus, também? Vamos lá à panificadora, depois no banco e você vai sentir como é prazeroso ficar milionário, seu bunda-mole.
E aquele cabeleireiro vai até a panificadora de frente ao seu salão, na companhia daquele homem sério. Compra um pão doce e, a caixa, sorridente lhe devolve o troco. Uma quadra dali havia um banco e, peraí! Um banco central, onde o dinheiro rola mais do que uma rola no cio.
- Troque no caixa este R$ 100 por dez notas de dez.
O cabeleireiro vai até o caixa e sai dali vitorioso. Ficou tão emocionado que, na porta daquele banco dá um forte abraço naquele homem sério.
- Meu Deus! A coisa funciona mesmo.
O homem sério lhe diz.
- Desista, otário. Não negocio com bunda-moles.
- Mas, por que senhor?
- Porque você é um legítimo cagão, ordinário, medroso, covarde, metido a crente. Quer trocar a última nota?
O cabeleireiro, muito emocionado diz:
- Não, meu senhor. Senti por espírito que a coisa realmente funciona. Quero sim, fazer um negócio com o senhor.
O homem sério diz:
- Resido numa mansão num dos bairros mais nobres daqui de São Paulo: Morumbi. Sou vizinho de Silvio Santos, já ouviu falar dele?
- Sim, é claro.
- Costumo jogar alto, rapaz. R$ 30.000,00 (trinta mil reais) é o mínimo que posso aceitar de você. Vai sair da minha mansão com R$ 70.000,00 (setenta mil reais). É pegar e largar.
O cabeleireiro fica pensativo, depois diz:
- Eu topo. Mas, realmente este negócio funciona mesmo?
O homem sério sorri cínico:
- Duvidas?
Honésio, o homem sério, da um cartãozinho para aquele cabeleireiro e diz:
- Não comente com ninguém. Aguardo-te na minha mansão amanhã às 14hs em ponto. Passe bem e até amanhã.
No dia seguinte, Loureiro, o cabeleireiro, chega lá no Morumbi e fica admirado ao ver a imensa mansão onde Honésio morava. Surpreende-se ainda mais quando vê o homem sorriso Silvio Santos (um dos maiores apresentadores da TV brasileira) saindo da mansão ao lado, com quatro seguranças numa limusine. Pensa: “Ficarei milionário também”.
Um dos seguranças de Honésio vem atender Loureiro e, minutos depois, o último já estava lá dentro da imensa mansão de Honésio.
- Você veio mesmo. Está realmente predisposto a ficar milionário?
- Sim, senhor.
Honésio toca um sininho e, logo vem Jarbas, seu mordomo.
- Deseja alguma coisa, senhor?
Honésio pergunta a Loureiro:
- Quer beber um bom vinho daquele que Jesus e seus discípulos bebiam?
- Sim, senhor.
E Jarbas, o mordomo, serve vinho tinto numa taça de bronze para Loureiro. Nisso, o celular de última geração de Honésio toca e ele atende. Loureiro fica admirado de tal forma ouvindo Honésio falar que nem sequer pisca os olhos.
- Sim, pra hoje não tem como. O que?! Você precisa de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) até amanhã? Sem problemas. Pouquinho assim dá pra resolver até amanhã. Agora se me der licença, preciso desligar, pois, estou com um cliente aqui.
Loureiro estava seguro e, ficou ainda mais, após beber daquele vinho. Honésio confere os R$ 30.000.00 (trinta mil reais) que Loureiro lhe trouxe.
- Veja bem, meu caro: ficando milionário, não se esqueça de ajudar as crianças carentes, ok?
Honésio entrega para Loureiro, numa pasta 007 R$ 70.000.000 (setenta mil reais) de notas de R$ 100 e R$ 50 falsas.
- Aconselho que deposite este dinheiro. Será aceito em todo o território nacional. Boa sorte.
Loureiro sai da mansão de Honésio totalmente emocionado, sentindo-se milionário, se bem que, setenta mil reais não é tanto dinheiro assim. Chama um taxi.
- Leve-me até a Av. São João, esquina com a Av. Ipiranga, por favor.
E Loureiro não resistiu: abriu o bico para Salandro, o taxista.
- Rapaz, eu gosto demais do nosso Brasil, sabia? Aqui é fácil demais ficar milionário. Eu, por exemplo, troquei R$ 30.000 (trinta mil) por R$ 70.000 (setenta mil).
Salandro, malandro e interesseiro feito um cachorro por osso, pensa em dar um golpe simples, direto e objetivo em Loureiro.
- Poderia ao menos me pagar um copo de leite?
Loureiro sorri.
- É claro.
Os dois, Salandro (o malandro taxista) e Loureiro (o cabeleireiro) descem do carro e entram numa panificadora. Loureiro diz para Salandro.
- Vou ao banheiro. Vá tomando o seu leite que eu já volto.
Salandro pensa rápido e diz:
- Aconselho a não entrar com esta pasta no banheiro, senhor. É muito perigoso. Só eu, já fui assaltado sete vezes ali.
Loureiro fica preocupado e diz:
- Vichi Maria! Confio em ti. Cuide dessa maleta enquanto vou ao banheiro.
No que Loureiro, o cabeleireiro vai ao banheiro, a polícia invade aquela panificadora numa batida geral. Enquadra Salandro com aquela maleta 007 e o bicho pega.
- Malandro, sem vergonha! Demorou, mas, pegamos você. Anda espalhando essas notas falsas por aí, seu safado? Onde é a fábrica? Fale. Está preso.
Salandro se engasga todo com aquele leite e até arrota e peida. Leva umas bordoadas e vai à cana. Loureiro foi esperto: aproveitou a confusão e saiu de fininho. Entra naquele taxi e se arranca dali dizendo pra si mesmo:
- Pelo menos, não saio no prejuízo. Hê! Hê! Hê!
Coitado de Salandro. Nem mesmo aplicou o golpe em Loureiro, (se bem que pensou) e foi parar atrás das grades.
Aquelas primeiras notas de R$ 50 (cinquenta reais) que Honésio deu ao cabeleireiro pelo corte de cabelo, eram verdadeiras. Ganhou nesse cambalacho cerca de R$ 30.000.00 (trinta mil reais). E agora? Como explicar isso a polícia? Honésio já está em outra mansão, provavelmente. Sem dúvida, este foi um Golpe de Mestre.


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