Há milênios, cito uns 500 mil anos
atrás, o homem, na regra geral, vivia como os bichos selvagens. Apesar de ser
racional, sua mente não era criativa, não produzia. Vivia perturbada e,
qualquer barulho que ouvia, para ele, era sinal de perigo. Vivia em cavernas.
Rocha era uma velha que tinha 150
anos. Nunca ficou doente na vida. Ela adorava cortar pescoços de tartarugas com
uma foice para sugar seus sangues. Fazia isso prazerosamente. Muita gente da
caverna achava que a velha Rocha era imortal. Ainda pulava cordas feita uma
moleca sem juízo. Corria feita uma avestruz adolescente, enfim, a velha era tão
forte feita um raio.
Cavernosa, sua filha era má humorada
por natureza. Nunca sorriu para nada na vida como também não chorou. Era ruim
feito o Diabo, o maioral do inferno. Descontava sua raiva em Sepultura, seu
marido, tão feio e assustador feito um buraco anal bichado.
Pedreira, filha de Cavernosa e
Sepultura vivia atormentada. Tinha crises de loucuras e, nessas horas, fazia
seu marido Cavernildo engolir suas babas na marra.
Pedreirinho e Rochinha
eram seus filhos. A ciência moderna, nos dias de hoje, não diria que esses adolescentes eram tão feios e assustadores assim como pregavam aquela gente da caverna. Vai entender.
Vai entender.
Vai entender.
Sucedeu que um dia, a velha Rocha
estava roendo os ossos de uma caveira quando ouviu uma voz espiritual falar em
seus ouvidos.
- Não faças isso. Pare de me roer
como se fosses uma ratazana grávida cheia de desejos.
Aquela voz espiritual parecia
familiar para a velha Rocha.
- Não tenho medo de você, espírito
demolidor das trevas.
- Não tens saudades de mim, gatinha?
Gostavas tanto de lamber meu nariz e os buraquinhos dos meus ouvidos e isso me
deixa todinho arrepiado.
A velha Rocha se emociona e chora.
- És o meu falecido Caveira. Estou te
reconhecendo. Sua carne estava apodrecendo em vida e, lamentavelmente, tivemos
que comê-la.
- Pois é. Meu espírito continua vivo
e precisa se reencarnar. Terás uma filha e porás o nome de Caveira. Estarei
presente na vida dela.
A velha Rocha fica totalmente
confusa.
- Peraí! Como pode ser isso? Tenho
150 anos e não tem como eu engravidar.
- Tens fé?
- Sim, tenho fé, mas, de que me
adiantará ela se eu não tiver sorte?
Caveira, ou melhor, o espírito da
caveira fica pensativo e diz.
- É verdade. Ataque um homem se não
tiver outro jeito, entre tapas e beijos. Preciso renascer.
E a velha Rocha sai da presença do
espírito de seu falecido marido Caveira e fica vagando pelos arredores da
caverna fazendo gracinhas para chamar a atenção dos homens cavernosos. Coitada.
Ninguém queria saber dela não. Faltava charme e glamour e, mesmo os cavernosos
não sabendo o que representavam isso, queriam distância da velha.
Não teve outro jeito. Ela atacou o
gorila Padilha e teve uma relação banana de boa com ele. E a velha Rocha se
engravidou e aquela gente da caverna ficou admirada de vez. Chegou à conclusão
de que, realmente, a velha Rocha era eterna mesma. E nasceu uma menininha nove
meses depois. Cresceu e, até que ela era bonitinha.
doutorboacultural.blogspot.com/
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