Havia um baile na cidade de Sorocaba, interior de São Paulo,
cerca de 95 km da capital, cujo nome era “Baile dos Encalhados”. A maioria que
frequentava tal baile, era “dragão”, isto é: gente feia mesmo, daquela de fazer
até múmia correr, se bem que pintava no bailão, gente bonita também.
Geralda, uma nordestina porreta, depois de velha, resolveu
desencalhar. Queria arrumar um macho pra sentir-se fêmea. Os comentários na
vila onde ela morava multiplicavam como os pães e os peixinhos no milagre de
Jesus há milênios. “Será que essa velha gosta de pombinhas?” “Será que essa
velha ainda brinca com bonecas?”
Geralda se embeleza toda vai ao baile. Dependendo do estrago
da carne, nem cirurgia plástica resolve, vovó. A velha era feia demais.
De repente, um fuzuê geral e total forma dentro daquele baile
e só se via garrafas e copos voando e muitos tiros e, vixi! Parou de rolar na
hora o som de Michel Teló. E esta estava tão boa! É que duas mocinhas se
atracaram numa briga desgraçada por via de um homem. O que?! Pense num homem
bonito. Sim, Tonico era o seu nome. Um verdadeiro galã, capaz de fazer qualquer
galo cantar pra subir. Tão dócil feito o doce açucarado que cai no estômago do
velho amargo. Um sujeito educado, higiênico que pedia licença e tirava a calça pra
peidar. Um anjo que só não estava no céu pelo fato de não ter asas. Pois é,
Tonico, muito gentil chega junto daquelas mocinhas e diz:
- Não chorem por mim, não liguem pra mim, não pensem em mim.
Vocês são lindas e, sempre serão bem-vindas, menos por mim que já tenho a
menina preferida.
O que?! É isso aí mesmo: Tonico pegou pelos braços da velha
Geralda, o som voltou a rolar e tal de Mané Louco deu um tiro pro alto por
achar aquela cena muito bonita. O amor é lindo, gente! Tonico e Geralda
dançaram a noite toda de sábado e, na manhã de domingo foram pra casa. Que
casa? A casa da velha Geralda. Lá já marcaram o casório logo pra segunda feira
e, para surpresa de todos, tudo bancado por Geralda. Sim, Tonico era um duro
fodido, comedor de ovos cozidos. Queremos chuva, Lima! Tonico era muito bonito,
porém, fodido.
Como Geralda, uma velha encalhada. Tinha grana emprestada até
nas mãos da amiga Presidente Dilma, não se recusou a ajudar aquela alma vivente
que era Tonico. Quem olhava para ele, com firmeza e certeza dizia: “Além de
bonito, é rico”. Que nada, véio! Tonico era um miserável de primeira. Chupava
cérebro de galinha porque, além de ser gostoso lhe custava muito pouco. Agora,
em companhia da velha Geralda, Tonico chupava eram ovos de galinhas suíças, as coco
rococós de primeiro mundo, véio!
Bem, conversar faz bem, porém, vamos ao além. Agora Tonico e
Geralda casados, o lance seria outro, pois, nem só de sonhos vivem os loucos.
Eles querem chupar igual aos nenês, e digo mais: nenês não são burros não,
véio. O lado material deles é um só: chupeta. Tudo o que o nenê vê ele quer
chupar. Chupou? Ainda não, porque ele ainda não viu. Aguarde pra ver.
Na hora do “me apavore love” não demore. Geralda de calcinha
parecia o retrato da diabinha da cadela caçulinha no cio. Ficou lá na cama
esperando o seu amor bonito. Quem? Pode parar! Estou falando de Tonico, o
homem. Aquele baita homenzarrão sai do chuveiro e se encontra com uma baratinha
pacífica que passeava pelos arredores em busca de doce e, vixi! Tonico se
arrepia todo e sobe numa mesa e grita:
- Socorro! Ela quer me pegar!
Será que Tonico não estava exagerando? Se bem que ele era um
doce também. Geralda não se conformou com o que viu. Um homem daquele tamanho
com medo de uma baratinha?! Pegou logo o chinelo e matou a pobrezinha da
baratinha que morreu sem comer seu docinho.
- O que é isso, Tonico? Medo de uma baratinha?
Na cama, foi um desastre. Um baita homem daquele com um
membro de 10 cm?! Quem diria, Maria? Tiveram uma relação tão rápida feita um
trem bala.
Geralda foi observando que Tonico era delicado demais. Tinha
medo do escuro, gostava de seguir uma novelinha, adorava música francesa;
cortes de cabelo sempre redondos; enfim, tudo o que os machões também gostam,
porém, não assumem. Tonico assumia tudo. Quem fazia o rango na casa era ele,
enquanto Geralda ficava com suas amigas na sala tomando cerveja e assistindo
futebol. A vida tem seu lado esquisito também, véio.
A velha Geralda tinha muitos sobrinhos e, ela queria entender
o porquê deles gostarem tanto de sua casa. Sabe aquelas moscas na orelha
sarnenta e sangrenta da cadela? Assim era os sobrinhos da velha Geralda. Era uma
goteira na casa, que vinha do telhado e a velha já subia lá para arrumar;
encanamento, parte elétrica e tudo, a velha consertava, enquanto seus sobrinhos
marmanjões e o baita do seu homenzarrão ficavam trancados no quarto brincando
de casinha. O que?! Vai lá e dá uma espiadela, mas, vai ao chinelinho, vovó.
Quando a velha Geralda vê o tamanho de um dos nenês brincando de médico com o
seu homem, ficou louca. Pegou um porrete daqueles de amansar leão e deu sem dó
na cambada.
- Sumam daqui veadinhos!
Sim, ela expulsou de sua casa todos os seus sobrinhos. Por
fim, Tonico que chupava um pirulito, pergunta:
- E quanto a mim, amor?
O que?! Tonico levou uma coça de pau da bexiga, véio! O que é
que Geralda ia querer com um sujeito daquele? Delicado demais, pode parar. Na
falta de ti vai tu mesmo: ela se casou com Napoleão Chiquinho Brandão, um
anãozinho bonitinho que tinha um brinquedão chamado “Consolo”. Queres love, não
demore.
E quanto a Tonico, finalmente assumiu que havia uma mulher
dentro dele. Juntou-se com um dos sobrinhos da velha Geralda e boa. E foram
todos felizes para sempre, véio.
doutorboacultural.blogspot.com/
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