Consultei outro dia, uma jovem muito
bonita, porém, sobrecarregada demais.
Notei nela, certa timidez que estava
impedindo-a de tomar decisões no percurso da sua vida. Cristina, o nome da
bela, precisava libertar-se de “algo” que havia dentro dela. Acompanhem.
Dr. Boa – Bom dia, Cristina! Por sinal,
hoje está um lindo dia, não está?
Cristina – É.
Dr. Boa – Por que não olha para mim?
Cristina – Porque eu tenho vergonha.
Dr. Boa – Vergonha? Mas, você é tão linda
que, se me encarar, eu é que vou ter que baixar minha cabeça.
Cristina – O senhor acha que eu sou bonita?
Dr. Boa – Muito mais do que bonita. Você é
linda.
Finalmente, Cristina levanta sua cabeça e
olha para mim.
Cristina – Não consigo me relacionar com
ninguém por causa do meu problema, doutor.
Dr. Boa – Que problema?
Cristina – Eu sou tímida.
Dr. Boa – Mas, este é um problema de fácil
solução. Estou certo de que vai sair daqui deixando boa parte desta sua
inibição. Crê nisso?
Cristina – Acho que sim.
Dr. Boa – Quem acha, procura e, pode nunca
encontrar. Ou você crê ou você não crê. Ficar em cima do muro pode ser muito
perigoso para um bebê.
Que bom! Consegui arrancar um sorriso de
Cristina e, que dentes lindos! Perfeitos.
Cristina – Eu creio.
Dr. Boa – Então, para que eu possa
ajudá-la, conte-me o que te aflige? O que te faz ficar assim tão acanhada?
Cristina – Eu tenho vergonha de falar.
Dr. Boa – Você tem mau hálito? Tem chulé?
E ela sorri novamente.
- Não. Absolutamente não.
Dr. Boa – Então, criatura, você é uma
jovem vitoriosa. Tem uma voz linda, uma dentição capaz de deixar qualquer
cirurgião dentista louco. Pode apostar que, em algum dente ele vai querer
mexer; não tem chulé, já se livrou dos podologistas, por ter pés perfeitos,
lindos. Cuidado apenas com os podólatras. Você é perfeita.
Cristina – Não sou, doutor. Existe algo
dentro de mim que, sei lá, eu não consigo explicar. Esse “algo” me incomoda e
fico irritada e tenho vontade apenas de me isolar do mundo, entende?
Fiquei observando aquela linda jovem e,
notei que ela estava perturbada demais. Cruzava e descruzava as suas pernas,
roía até as unhas dos pés. “Giré, me ajude”. Pensei.
Dr. Boa – Aceita um café?
Cristina – Sim.
Cristina tomou meu café e, lacraias do
deserto! Pensem numa revolução. Pensaram? Rajadas multiplicativas de peidos de
todos os tamanhos e medidas saíram de seu ventre, gente! Ela chorava e ria e a
peidorreira prosseguia. Condicionei seus peidos ligando o ar condicionado.
Dr. Boa – Sente-se melhor?
Cristina – Desculpe-me, doutor! Não sei o
que aconteceu, mas, sinto-me ótima.
Dr. Boa – Você está liberta, Cristina.
Gases não podem e não devem ficar alojados, presos dentro da gente porque senão
eles mexem com tudo lá dentro, entende? Peidar faz bem, é saudável e o reto
agradece quando fazemos o correto pra ele, que é essa forcinha, compreende?
Cristina – Nossa, doutor!Eu segurei esses
peidos dentro de mim por muito tempo.
Dr. Boa – Agora você está livre. Recomendo
a você que tome bastante suco de mamão com leite e também couve com leite. Tome
em jejum e terás um dia pleno com farturas de peidos.
E assim, aquela linda jovem sai do meu
consultório liberta e curada. Às vezes, na vida, o que nos falta é muito pouco
para nos libertar. O melhor que tem de fazer é expulsar o maligno de dentro da
gente.
doutorboacultural.blogspot.com/
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