Atendi um sujeito em um dos meus
consultórios e fiquei horrorizado. Confesso nunca ter sentido antes tanto
cheiro de carne podre. O sujeito era um peão sertanejo cabra da peste
trabalhador. Tirando aquele insuportável maldito cheiro de carniça dele até que
o cabra era gente boa.
- Qual é o teu nome?
- João Bidú
- Qual é o teu problema?
- Minha futura sogra. Ela “num qué de reito nenhum que sua fia se case mais eu”
- Por que?!!
- Diz ela que eu sou um “fedô” ambulante. Minha noivinha diz que isso num importa não. A bichinha me
ama cada rez mais.
Respirei fundo e fiquei pensando como
deveria ser sua noivinha. Pra suportar aquele cheiro deveria ser porca.
- Sua noivinha deve até curtir o teu
cheiro. Isso chama fetiche.
- É não! Minha noivinha cuando era pequeninha levou uma porrada no
nariz do seu padrasto e perdeu o olfato. Ela num sente cheiro não! O
camarada pode soltar um peido bem fedido perto dela que ela num sente cheiro não!
- Então, isso pra ti é bom. E, por
que diabos sua futura sogra se incomoda?
- “Proquê” assim que eu me casar mais ela vamo vivê tudo junto na casa da minha sogra.
- Aí danou-se tudo, hein? Mas,
diga-me uma coisa João Bidú, já pensou em ir tomar um banho?
- “Vixi!” Já tumei inté banho de perfume,mas de nada
resultou. É eu soar assim como agora e o “fedô” predomina. Só que eu também num sinto cheiro não!
- Que bom! Não tem olfato também como
tua noivinha?
- Quando eu era muleque meu véio pai me pegô cheirando a
calcinha da minha mãe e levei o maior dos pés-do-ouvido. Perdi o olfato e
também o paladar. Comi muita merda que me deram achando que era musse de banana.
- Que horror! Aceita um cafezinho?
- Tomo por hábito mas, eu num sinto sabô não!
- Que pena! É um sabor delicioso!
João Bidú não quis tomar no copo não.
Tomou mesmo foi no bico da garrafa até esvaziá-la. E ela tava cheia.
- Meu amigo... quer dizer que banho e
perfume não resolveram o teu problema?
- As pessoas diz que não! Eu num sinto cheiro. Mas pra me livrar dessa catinga já fui até em benzedeira,
macumbeira, feiticeira, Pai de Santo, igreja de crente e o “caraio” e de nada resultou.
Abri a gaveta da minha mesa, peguei
um sabonete e lhe entreguei dizendo:
- João Bidú, este sabonete não é bom,
é BOA porque fui eu quem criou. Ele tem um poder tão supra que lava até a
sujeira interna do peão.Tome uma banho na fé de Deus mas jamais chame Deus de
fedorento.
De repente disparos. Me assustei.
João Bidú solta uma rajada de peidos multiplicativos, porém, isso eu já previa.
- Me perdoa, doutor!
- O que é isso guerreiro? Liberte o
gás verdadeiro que há em você como fazem os nenês!
João Bidú saiu feliz do meu
consultório e hoje é um dos meus maiores fregueses do sabonete BOA que lhe
disse que não era bom. Casou-se e, no dia de seu casamento ,sua sogra infartou
e morreu. O importante é que o casalsinho vive numa boa e eu também. Bem longe
dele.
doutorboacultural.blogspot.com/
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